Corte de Flores e Vingança ● ACOTAR

Capítulo 7

Tamlin voltou depois de meia hora, estava na minha segunda taça de vinho e Lucien acabou aceitando uma. Ele me perguntou algumas coisas sobre o estado da Corte, acredito que ele ainda se importe já que passou décadas morando aqui. Como eram perguntas simples respondi todas com sinceridade.

Assim que senti o cheiro de Tamlin, de uma forma absurdamente incomum me senti... feliz? Animada? Eu não sabia, apenas iria ignorar esse fato já que tinha muitas coisas pra resolver. Olhei para Lucien e apesar de manter a expressão tranquila eu sabia que ele estava tenso, a amizade dele e Tamlin não estava como antes, ainda existia uma abismo entre eles e talvez nunca fosse como antes.

- Vou dizer só uma vez, eu juro que se você estiver mentindo pra mim sobre espionar ele pra Noturna ou pra sei lá quem, não fique achando que vou machucar você. - ele me encarou atentamente, tensionando o maxilar. - Eu vou fazer questão, de machucar outra pessoa. Talvez a sua mãe mereça ir embora desde mundo um pouco mais cedo não?

Seus olhos piscaram me encarando, o encarei de volta com o olhar firme e logo Tamlin entrou na cozinha com certeza sentindo o clima tenso que se formou.

- Lilith? - perguntou em um tom que sugeria que ele ouviu tudo.

- Só fiz uma pequena ameaça. - falei e dei um pequeno sorriso. - Vou deixa-los a sós.

Eu sabia que eles precisavam conversar a sós, sai da cozinha subi a outra escada a direita e fui pro terceiro andar onde ficava meu quarto. Esperava que a reunião dele não demorasse tanto, porque além de tudo ainda precisava fazer o feitiço de proteção da fronteira com a Outonal, e com as Terras Mortais, e Tamlin teria que leva-la lá para poupar tempo.

Após o banho coloquei uma  faixa vinho escuro ao redor dos seios, uma saia longa da mesma cor que tinha uma fenda de cada lado, da coxa para baixo. O tecido era leve e solto de um jeito que ainda modelava o corpo, eu odiava saia rodada, elas faziam parecer que eu ainda estava no jardim de infância.

Penteie os cabelos, coloquei uma sandália sem salto e fui em direção a um dos baús que tinha embaixo da minha cama. Era grande e um pouco pesado, em uma metade continha meus livros de feitiços, alguns ossos de animais e aves pequenas, e alguns livros de receitas já que eu gostava de cozinhar quando tinha tempo. Na outra metade continha minhas jóias, anéis e colares de diamantes, safiras, esmeraldas, pérolas, rubis, ouro, prata e bronze. Eram heranças de minha mãe pela posição que ela ocupava assim como presentes que ela ganhou durante o pouco tempo que teve de vida. Eram algumas das poucas coisas que eu ainda tinha dela.

Peguei um colocar onde estava pendurado um crânio de um beija-flor. Todas as bruxas tinham um, com o crânio de um animal pequeno ou de aves pequenas que mais gostavam, que no meu caso é o beija-flor. Não matamos os animais, os crânios são coletados de ninhos de predadores, de cavernas, e das florestas. Era proibido ceifar um animal e usar seus ossos desta maneira.

Coloquei o colar em volta do pescoço, e pequei o livro preto, era tão preto que às vezes eu achava que minha mão ia ficar manchada após toca-lo. Cada bruxa tinha seus próprios livros, cada uma começava a escrever os feitiços que aprendia assim que completavam doze anos. Comecei o meu com quinze e agora aos vinte e cinco eu já estava em meu terceiro livro. Algumas bruxas tinham até quatro livros de feitiços que era o máximo que uma bruxa conseguiria ter. Uma ancestral antiga ainda tinha um quinto livro, que era considerado pelas bruxas o livro mais perigoso de todos e o mais cobiçado. Diz a lenda, que continha feitiços que poderiam quebrar qualquer magia, acordos, promessas de sangue e até trazer os mortos a vida. Mas necromancia era perigoso e proibido, o que morre deve permanecer morto.

Fechei o baú, me sentei na cama e folhei até achar o feitiço que eu queria. Tamlin exigiu uma barreira forte, e eu iria colocar uma barreira parecida com que as bruxas usam para proteger a aldeia que vivem, uma que só outra bruxa poderia quebrar.