ME LEVE PARA ONDE EU POSSA RESPIRAR

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— Vamos sair daqui?

O hálito quente dele na orelha dela a fez arrepiar.

Desafio aceito. Gerard sendo surpreendente e Olívia fugindo da realidade ao seu lado. Outra vez.

— Melhor se abaixarem. A essa hora se a polícia pegar vocês, vão te dar multa! — recomendou o taxista.
—Tá bom. — Com a bochechas afogueadas, ela pediu: — Moço você pode colocar música, por favor?

Emaranhados entre o banco traseiro e o chão do táxi, aproveitando que estavam fora do ângulo de visão do condutor, seguiram com os amassos. Mal o carro parou na frente do prédio, saltaram correndo ou teriam um orgasmo no táxi.

O elevador não parecia disposto a contribuir. Demorou o que pareceu um ano para descer e quando chegou ao térreo, as portas, dessas antigas que não se fecham sozinhas, enroscou. "— Droga", Olívia resmungou. Fizeram com o que funcionasse, subindo numa lentidão que parecia que o elevador funcionava com alguém puxando uma corda do outro lado. "Esse elevador só pode estar de brincadeira, que lerdeza!", Gerard sussurrou passando os dedos pelos cachos de Olívia. Pelo espaço minúsculo já voavam a bolsa cinto e chaves; mãos, línguas tudo se movia descontroladamente.

Em um movimento rápido, Gerard a empurrou contra a parede de madeira, algo duro e de ponta achatada bateu nas costas dela. Uma parada brusca os sacudiu. "Aconteceu o que estou pensando?", se alarmou, Olívia.

Suas costas se chocaram contra a alavanca de parada de emergência. Presos no elevador.

— Estamos ferrados por todos os lados... — constatou ela.

Presos no elevador na madrugada, durante a quarentena. Os bombeiros iriam demorar uma eternidade, e quando chegassem, como explicar à polícia o que estavam fazendo fora de casa às quatro horas da manhã quando existia um toque de recolher em andamento? Olívia tentou se lembrar o preço da multa, "Mal tenho dinheiro para pagar comida, vou ter que gastar com multa?!".

Olhou para Gerard procurando algum sinal de desespero, ou de perda de controle. Essa seria a reação de Pierre. Até ela mesma, se não estivesse aflita com o ataque de pânico a lugares fechados, estaria tendo um ataque de nervos. O que viu em Gerard não foi cólera ou desespero. Ele apenas a observava tentando saber se estava bem.

— Como você está se sentindo? — perguntou com a testa franzida.

"— Está tudo bem", certificou o sorriso dela. Embora um formigamento começasse nas extremidades dos dedos, e as vistas pouco a pouco ficavam nubladas. Se conhecia, sabia que poderia chegar a desmaiar devido à falta de ar. Fechou os olhos e inspirou o ar disponível. Sem pressa. Tentou não deixar entrar em sua mente tudo o que normalmente vinha em situações como aquela: que ninguém a ouviria, que ficaria sem o ar, que ninguém perceberia sua ausência, ela desmaiaria e nem ia ver a morte chegar; morreria sozinha. Nesse momento os braços de Gerard a envolveram ternamente. Olívia suspirou, sozinha não estava.

Com delicadeza ele encostou a boca na dela. Era como se tocasse um pêssego com os lábios. Deixou a língua passear por dentro da boca dele. "É possível viver em um beijo?", se perguntou, percebendo que as batidas do seu coração se acalmavam.

Me encanta tus lábios... — murmurou ele.

"E a mim os seus", quis dizer, mas as palavras fugiram quando seus poros foram invadidos pelo calor inebriante de Gerard. Seu centro de comando cerebral estava sedado pela presença magnética dele.

O catalão abandonou o papel de bom moço tímido, em algum lugar entre o táxi e o elevador, e agora parecia dizer: "— Deixa eu te mostrar do que sou capaz", deslizando as mãos de cima a baixo nas curvas dela. Num movimento suave abaixou as alças da blusa de cetim e pôde ver seus seios, suavemente acariciava eles continuando a beijar Olívia com calma, como se saboreasse cada milímetro dela. Levou um dos seios aos lábios e o mordeu delicadamente, Olívia jogou a cabeça para trás concentrada no calor da boca dele. Gerard sorriu, satisfeito.

Gerard a tocava de diferentes maneiras observando sua reação como quando estava de DJ na festa secreta. Apertou as coxas de Olívia, e então se abaixou diante dela fazendo sua calcinha escorregar. Não havia pressa. Ela gemeu, sua vagina estava molhada com a boca quente dele a beijá-la.

Quando voltou a abrir os olhos e se deparou com a própria imagem refletida no espelho do elevador. Cabelos alvoroçados, bochechas vermelhas, os lábios inchados e olhos borrosos. Parecia uma menininha se enlambuzando de chocolate na Páscoa.

Gerard se levantou e se abraçaram. Nesse momento, ela teve a impressão de que se moviam para baixo. "Será que estamos caindo? A corda do elevador arrebentou?", Olívia imaginou a cara dos bombeiros no dia seguinte ao encontrar os dois corpos nus e entrelaçados. Não era o elevador descendo, era Gerard escorregando pela parede de madeira a levando com ele apoiada no peito.

— Olívia, não aguento mais.

Ele se sentou com as costas apoiadas na parede de madeira, mal podendo esticar as pernas. Olívia com algum malabarismo se posicionou em cima dele e lentamente se encaixou em Gerard com movimentos circulares com os quadris. Podia sentir a pele do membro dele se esticando dentro dela. Impulsivamente ela começou a cavalgá-lo, e o movimento lento se tornou frenético; ela apoiou as mãos sobre o peito dele. O coração acelerado de Gerard batia nas pontas dos dedos dela.

O ar entrava e saía de seus pulmões como um tornado. Presa numa caixa pendurada por uma corda, e Olívia nunca havia respirado tão bem. Deslizando o corpo no dele, cada vez mais rápido, Gerard a apertava a prendendo nele. Subiram a montanha russa. O dois cada vez mais conectados, alcançaram o topo. De repente a descida rápida e estrondosa trazendo a sensação de estar indefesa e exposta. A luz do mundo se apagou e só existia dois corpos suados, quatro paredes de madeira marcada pelo cheiro de sexo.

A RESPOSTA DE ALINA ( CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now