NÃO SE PODE TER TUDO?

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— De maneira nenhuma você está sendo inconveniente. Que pergunta mais direta e difícil de responder.

Gerard apertou os lábios e baixou a cabeça pensativo.

— Talvez, não seja a melhor circunstância para essa conversa. O que acha se nos encontramos em um momento que não esteja trabalhando e conversamos com calma? Te parece uma boa ideia?

No fim de semana seguinte, Olívia saía de casa em roupa de ginástica e Gerard a esperava na porta.

— Lembra como subir na minha moto? — Ele piscou um olho.

—Tem coisas que nunca se esquecem.

Sentados no mirador de Sarriá, ficaram observando a cidade. Eram tantas as perguntas à deriva sem respostas.

— A verdade é que lembro muito de você, Olívia. Sempre tenho a dúvida se fiz bem em te deixar partir. Não sei por que, havia uma conexão diferente. Mas me comprometi em não te escrever por isso não te falei nada. Se estou bem e feliz, a resposta é sim, ou eu não continuaria como estou.
— Pois podia ter apenas respondido que está bem. Eu só queria saber que fizemos bem em nos abandonar. E agora o que faço com o resto da informação?

Sorriram desanimados.

— Nunca tive essa conexão com ninguém. Nem o "depois de você" que estou vivendo. Você não sai de dentro de mim —desabafou ela.
— Ah Olívia... Tanta gente passou por minha vida, e de muitas nem lembro o nome. Com você sempre tenho a sensação de que haveria funcionado. Acredite ou não, você foi motivo de dor de cabeça. Quando nos conhecemos, me lembro bem desse dia, ficou muito claro para mim que era você que encaixava comigo. Você é a única pessoa que me faz duvidar das minhas decisões práticas e bem pensadas que gosto tanto. Não sei por que estou te contando isso agora. Eu só queria que você soubesse. — Sacudiu os ombros.
— Ah... por que tudo tem que ser tão difícil para nós?
— Aceitemos: com a gente nunca será fácil. Me dá muita raiva. Sei que menti, mas foi um momento específico. Contigo falo sobre coisas que nunca comparto com ninguém mais.
— Esqueceu que sou boa em fazer você falar coisas que naturalmente não fala...

— Não me esqueci não. Lembro de tudo. Recordo-me de nossos passeios pela montanha, das conversas profundas... — Ele suspirou e cantarolou: — (...) quem dera que tivéssemos nos encontrado antes e que não fosse tão complicado. Que a vida não desse tantas voltas (...). Lembra?

— Tant de Bo. Quem dera — respondeu ela, sorrindo de volta.

Escutaram a canção da cantora catalana, pela primeira vez sob o toldo de um bar, abrigados de um temporal. A saudade que veio a seguir, puxou Olívia de volta para perto do buraco negro. Às vezes, a conexão de duas pessoas é tão intensa que, tal como a região do espaço: com seu gravitacional tão forte que nem a luz é capaz de escapar de dentro dele. A matéria é comprimida até que não haja mais espaço entre os átomos. Os buracos negros não "sugam", porém, o seu campo gravitacional é consegue prender estrelas e planetas longínquos em órbitas espirais. Para isso, basta que esteja próximo ao seu centro.

Alheia à teoria da relatividade, Olívia estava sentada ao lado de Gerard. Um pouco à frente. A respiração dele soprava em sua nuca. Era inevitável imaginar os lábios dele deslizando por seu pescoço. Virou para ele. Não falaram nada. Não podiam, suas bocas seguiram o caminho uma da outra.

— Olívia o que estamos fazendo?
— É só para relembrar... Relembrar se o nosso beijo era bom.

A sensação de "está tudo onde tem que estar", invadiu a montanha de Collserola.

— Sim, era bom! — disseram juntos quando o beijo acabou.

Se abraçaram forte.

— E agora Olívia, o que fazer: O que queremos ou o que devemos?

***

Mia precisava descobrir como estava a relação de Gerard e Alina. Olívia não podia cair em uma cilada. Procurou Alina. Provavelmente terminaram, e ela até já tinha voltado à Alemanha.  

Mais ou menos bem? Que classe de resposta era aquela?!  Mas foi o suficiente para reacender a chama de Olívia

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Mais ou menos bem? Que classe de resposta era aquela?! Mas foi o suficiente para reacender a chama de Olívia.

Alina ficaria esperando pela mensagem de Mia confirmando o encontro. Passaria a quinta-feira, a sexta, o sábado e todas as semanas seguintes e Alina não receberia mais mensagens de Mia. 

A RESPOSTA DE ALINA ( CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now