ADEUS À BELA DO BAILE

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Sem o céu azul e o sol mediterrâneo que lhe é peculiar, Barcelona se tornava apenas mais uma cidade europeia, antiga e cinzenta. Naquele fim de tarde nebuloso, uma igualmente anuviada Olívia entrava pelas portas do Café Turó. O bistrô elegante com cortinas de veludo vermelho na porta, na esquina do parque com o mesmo nome.

Uma imponente e iluminada vitrine de cristal onde estavam expostas as tortas, croissants e bolos caseiros rodeados por uma decoração floral me recebeu. Olívia seguiu pelo corredor decorado com plantas artificiais e verdadeiras, clareado por duas enormes luminárias cujas lâmpadas pareciam bolas de cristal foscas. Além do som do salto das minhas próprias botas no chão de madeira, ouviu o chiado dos sapatos do simpático garçom que caminhava atrás dela.

— Posso ajudá-la, senhora?

Perguntou ajeitando a gravata borboleta que se negava ficar no meio do pescoço.

— O quê? — Olívia olhou para trás visivelmente consternada.
— Me chamo Arnau. A senhora quer uma mesa para quantas pessoas? Irão jantar ou apenas beber algo?
— Por favor, mesa para dois. Somente vamos tomar um drink.
— Temos essas duas mesas aqui no meio...

Diante do olhar de rejeição dela, ele rapidamente emendou:
— ...mas se quiser mais privacidade tem aquela pequena ali do outro lado. O casal que está lá acabou de pedir a conta. Se a senhora não se incomodar em esperar um pouco.

Não se incomodava. A mesa entre cortinas de veludo e dois castiçais era perfeita.

Quando finalmente pôde se afundar na poltrona ao lado da janela, Olívia viu que a tarde nublada tinha dado lugar a uma noite chuvosa; tirou a máscara que inicialmente era branca e agora estava manchada de maquiagem marrom.

A perna cruzada sobre a outra denunciava sua impaciência. Olívia Olhava fixamente para as borbulhas da taça que Arnau acabara de deixar sobre a mesa redonda; a espuma da cava baixava dentro da taça, e algumas gotas do lado de fora escorriam pelo vidro, manchando a madeira. Olívia se identificou com o espumante espanhol: fermentada lentamente no escuro, nas covas a uma temperatura fria. "— Olívia, as coisas não são tão simples assim", disse Gerard, contido. "O que quis dizer com isso?", se perguntava. Também não entendia por que aceitou se encontrar com ele novamente.

O som do saxofone invadiu seus pensamentos, trazendo-a à realidade. Nesse momento Gerard, sereno e seguro caminhava em sua direção. O coração deu um salto. Nunca se acostumava com sua beleza intimidante e o olhar enredador.

Hola, Olívia. Você está linda!

Ele a cumprimentou jovial. Dois beijos no rosto e pendurou ordenadamente a jaqueta respingada na poltrona.

— Por que você fez isso? — perguntou sem rodeios assim que Arnau se afastou anotando o pedido de Gerard, uma água Vichy catalã.

— Olívia, eu não sabia como te contar — desviou os olhos para as próprias mãos que apertava enquanto falava: — O que você pensaria de mim quando eu dissesse que "Tenho namorada e ela está vindo para Barcelona em três dias.eu conheci essa garota antes da pandemia, tivemos uma relação à distância por um tempo até que a pandemia começou e não nos vimos mais. Mas seguimos falando por mensagem, às vezes.

Um balde de água a temperatura glacial caiu sobre a cabeça de Olívia. Gerard não era solteiro.

— Agora ela vem passar uns dias em Barcelona. Vamos ver como será. — Terminou de contar encolhendo os ombros.
— E por que dizer que estava ficando somente comigo?
— Porque é verdade! Eu não dormi com ninguém mais desde que começou a pandemia — disse ele, sem tirar os olhos dos de Olívia.

A RESPOSTA DE ALINA ( CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now