Capítulo 2 - Se Meta Sim Onde Não É Chamado

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Primeiro dia de aula em uma escola nova.

Todo dia de aula já é ruim, o primeiro é pior ainda, mas nada se compara ao primeiro dia  em uma escola nova.

Tivemos que nos mudar depois de uma denúncia ao conselho tutelar sobre minhas faltas durante o ano. Claro que minha mãe não ficou esperando tirarem a guarda dela, e como ela sempre fazia quando estavam perto de descobrirem o que ela fazia comigo, fugimos.

Sim, fugir é algo recorrente na nossa rotina, porque ela não deixa de realizar seus maus tratos doentios em mim com medo que descubram... Ela sempre dá o jeito dela de conseguir o que quer.

Porém ela fica muito irritada quando isso ocorre, porque a pior parte de fugir, é conseguir um outro local onde as coisas que ela usa para me torturar possam ser escondidas. Se tiver um porão ou sótão, melhor ainda. Mas o mais difícil é a mudança, levar todas aquelas ferramentas para o novo local.

Claro que ela descontou suas frustrações em mim. Das piores formas, mas sem me marcar onde não pode ser escondido, pois preciso faltar menos aulas.

O outro problema com a escola é o Bullying.

Como eu não me alimento direito, estou desnutrido e abaixo do peso, isso significa que sou uma piada ambulante para os valentões e não importa para que escola eu vou, sempre sou o alvo principal.

Eu não tenho mesmo um minuto de paz nessa minha vida merda... Eu sou odiado por todos, todos tem nojo da minha aparência, julgam que tenho alguma doença contagiosa por ser assim.

Por isso chego mais cedo que todos da turma e me sento no fundo. Não quero ser notado e chegando bem mais cedo que o horário, espero ter pelo menos 1h até começar a aturar as pessoas que entrarão pela porta.

Tiro meu bloco de desenho e um estojo da mochila e começo a desenhar algo. Ainda não sei o que é, estou rabiscando para começar a tomar forma.

Descobri que tinha esse Hobby de desenhar enquanto a minha mãe me deixava trancado alguns dias no porão das nossas outras casas. Eu então pegava o que tivesse e desenhava na parede.

Ela percebeu que eu gostava de desenhar e passou a me deixar um bloco de desenho com lápis.

Porém sempre que ela voltava e olhava os desenhos, ela me enfiava a porrada com gosto e o pior foi que quando parei de desenhar, ela me bateu ainda mais.

Então eu me vi obrigado a raciocinar. Nem sempre ela me falava o que queria, ela dizia que eu precisava entender ela, saber ler seus olhos e entregar o que ela queria.

Ela me deu o bloco e me bateu mais ainda quando eu parei de desenhar. Isso significa que ela quer que eu desenhe algo.

Considerando que ela é egocêntrica...

Fiz o primeiro desenho dela. Eu não tinha técnica nenhuma, mas ficou com traços bem próximo do realista.

Quando ela viu o desenho, vi surpresa em seus olhos e depois um sorriso satisfeito e orgulhoso brotou em seus lábios. Fiquei uma semana sem apanhar, mas os abusos sexuais... Esses continuaram ainda mais intensos.

Mas para minha surpresa, uma linda garota de cabelos cumpridos e loiros entra pela porta me tirando de minhas lembranças sombrias.

Seus cabelos são realmente longos e lisos na raiz e cacheado nas pontas e ela lembra muito aquela princesa da Disney que dorme.

Bela adormecida, isso!

Ela me avista no fundo da sala, até porque sou a única pessoa aqui e suas feições demonstram surpresa. Seus olhos verdes intensos me surpreendem.

Desejo Sombrio Where stories live. Discover now