Capítulo 6 - Corra Ou Morra

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Capítulo com abuso e cena pesada de tortura, se é sensível, pule a partir da parte que a protagonista passa da piscina.

Jina

O garoto magro esquisitão da minha sala!

Reconheço assim que ele para de frente comigo e posso observar seu rosto com atenção, ele é o que compete comigo a atenção dos valentões e se senta no fundo.

Eu não sei muito sobre ele ou sobre qualquer outra pessoa da sala pois sempre procuro me isolar e me afastar de qualquer um, mas é impossível não nota-lo quando ele parece um cadáver ambulante.

Porém ele ser da minha sala - e certamente me reconhecer também -, não serviu para que ele tivesse o menor dó de mim.

Meus braços começam a arder e queimar, quase instantaneamente assim que ele enfia o caco de vidro neles e sinto o líquido quente e pegajoso de espalhar pela minha roupa.

Ele me furou três vezes até que eu me livrasse do choque e o empurrasse.

Meu Deus... O que eu faço?! Como vou explicar isso pra minha mãe?

Depois de empurrar aquele garoto maluco, corro pra minha casa, minha visão começando a ficar turva e não sei se pela quantidade de sangue que estou vendo ou pelo susto e medo.

Sei que ele não vai me seguir porque eu gritei e ele pareceu ter medo que sua mãe ouvisse e correu pra dentro de casa.

Eu não devia ter tentado ajudar, deveria ter ido embora logo, ele estava muito assustado e desnorteado, foi perigoso e imprudente, mas eu achei que se demonstrasse preocupação com ele... Se eu finjisse ser uma boa pessoa, ele baixaria a guarda.

Ah... Quem eu quero enganar? Eu não tentei ajudá-lo, eu estava apenas tentando manipula-lo para que ele  pensasse que eu estava.

Bom, foi a primeira vez que isso não funcionou, o que indica que talvez eu tenha que mudar a abordagem se for com pessoas como ele.

Chego em casa - pela força que nem sabia que tinha - e minha mãe está no sofá.

- Você foi jogar o lixo na puta que... - Ela interrompe a fala quando vê meu estado. - QUE PORRA VOCÊ FEZ, GAROTA?! - Ela grita.

- Eu... Eu... Me cortei, com o lixo. - Minto.

Eu não posso confiar nela para contar o que vi, primeiro que ela ia me bater por me meter onde não sou chamada, segundo que ela ia tentar subornar a mãe do garoto por dinheiro e isso só iria piorar a situação dele e consequentemente a minha, é claro.

Não é que eu esteja pensando nele mesmo após ter sido ferida. Eu já não sou mais a garotinha inocente que se importa com os outros em primeiro lugar, eu estou puramente preocupada comigo mesma.

Vai que aquele maluco doente me persegue e se foi capaz de me enfiar um caco de vidro mesmo eu finjindo ser gentil e amigável, não duvido do que mais seja capaz fazer.

- Vai pro banheiro lavar essa porra e fazer um curativo! Eu não vou levar ninguém pro caralho do hospital agora! - Diz enfurecida.

Eu saio correndo pro banheiro, começo a colocar papel, toalha, qualquer coisa que possa estancar o sangue, mas nada adianta, os cortes foram fundos, vou precisar de pontos.

Estou me sentindo cada vez mais tonta e fraca.

Que merda ter um lixo de mãe em momentos como esse...

Retorno pra sala na minha última tentativa de pedir ajuda, finjindo ser doce e meiga.

- Mãe... - digo, mas não consigo concluir a frase nem o teatro...

Desejo Sombrio Where stories live. Discover now