Natal

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"Ei, ei... acorda." Joel apertou o maxilar da mulher que tinha o rosto nas suas mãos. Ela comprimiu os olhos com força, sentindo a luz clara aborrecer as pupilas. Notando o rosto dele acima do seu, Ana se levantou rápido, parando pela tontura que a alcançou e fez se segurar nos braços de Joel. "Calma, você desmaiou. Fica quieta e bebe um pouco de água."

Ela tomou o líquido, se sentindo melhor da dor. "Você está bem?" Repetiu aflito por vê-la mal. "Sim. Foi só vertigem, nada demais." "Desmaios não são 'nada demais'." A exclamação crescente no rosto de Joel o fez parecer bravo, contudo, estava mesmo com medo de algo ruim estar acontecendo com ela. "Se quiser te levo até o hospital." Sugeriu e logo depois a viu negar a todo custo.

"Joel, eu tô bem é sério. Eu..." Ela se sentiu cansada para falar e acabou apertando a pele dele por reflexo. "Como eu te disse, foi só uma vertigem. Eu tenho isso direto, vem e passa." Mentiu. Não sabia o que estava acontecendo com ela e nem se importava em descobrir, mas agora que Joel tinha ficado ciente que não andava muito bem, Ana iria ter que começar a se cuidar para não acabar sendo levada a força pelo homem, que estava pouco se fudendo se ela queria ou não ir ao médico.

"Agora será que eu posso subir e ir me arrumar com a Sarah? Ou você quer me ajudar com mais alguma coisa?" Questionou relembrando a fala dele há pouco. Joel negou. Já tinha esquecido que iria chamar ela para conversar a sós, mas com o desmaio, a preocupação foi a única coisa que tomou espaço na sua cabeça. "Se você se sentir mal de novo, me fala por favor." Ele pediu, quase implorando. As mãos dela deslizaram para fora do corpo dele, encostando em algumas cicatrizes leves que Joel tinha no braço.

Ana pensou em como elas surgiram e quase se atreveu a perguntar. Não. Ela não podia. "Não vai acontecer de novo." Aquilo não era o suficiente para deixar que ele parasse de pensar nela, então num ato de impulso, Joel agarrou o braço dela e se levantou do sofá. Frente a frente de Ana, entre centímetros de distância, Joel pode vê-la contrair os lábios avermelhados e piscar várias vezes desviando os olhos dele.

As pernas de Ana cruzaram-se, sentindo o calor que a respiração do homem a fazia sentir mesmo naquele frio de inverno. Quis se sair dali. A queimação eminente das bochechas ruborizadas alertavam a vergonha clara perto da presença do pai de Sarah. Não havia certeza na cabeça da babá. Ela queria ou não parar de entrar em contato com as mãos fortes e quentes de Joel?

E quanto a Joel? Ele não deveria estar pressionando Ana daquela forma, inclusive não depois de começar a perceber os sinais que ela dava a ele. Não dava para evitar querer toca-la desde o momento que percebeu ela. Parecia tão errado e ele sabia que era errado. Mas quem, além dele e dela precisava saber de algo? Joel elevou a mão livre dele até o rosto dela, tocando a pele macia com as pontas dos dedos. "Olhe para mim." E Ana assim o fez. 'O que você quer?' A mulher se perguntava mentalmente.

Joel queria muitas coisas naquele momento...

"Tá linda, meu amor." Disse, vendo Sarah mostrar o vestido. Ana havia separado uma peça do guarda roupa para a garota, que escolheu uma meia calça preta e as botas compradas no shopping. "O que você vai usar, Ana?" "Hm... eu trouxe esse vermelho de alças." Respondeu, tirando da gaveta reservada para ela um vestido que ia até os joelhos. "Vai ficar maravilhosa." Sarah elogiou, prevendo.

Pouco tempo depois elas voltavam ao andar inferior, começando a escutar os estômagos roncarem. O relógio marcava as 20:00 e Sebastian batia a porta. "Que bela você tá, meu amor." Ele elogiava a filha e dava os cumprimentos a Sarah. "E onde é que Joel está?"

"Sebastian. Quanto tempo amigo." Surgiu abraçando o outro. "E como vão as coisas?" Perguntou para Sebastian começando uma conversa que excluía totalmente as duas mulheres do lugar.

We Are Family - Joel MillerWhere stories live. Discover now