Quando não souber o que fazer, ame. Ou sucumba aos conflitos da indecisão.

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"Quando percebi, tudo tinha mudado. Já não éramos mais os mesmos, havíamos crescido. E o mundo também estava diferente, mas tudo bem. É, tudo bem. Porque nós ainda tínhamos uns aos outros."

Quinta-feira,
20 de setembro de 2001.

"Falta uma semana." Ana disse, abotoando o colarinho de Joel. "Eu quero comemorar o seu aniversário. Nunca fazemos nada de especial" Ela começou a tagarelar depois de não conseguir encarar Joel, que descobriu por Jack que ela havia o procurado para pedir ajuda. Ana estava receosa apesar dele não ter dito nada, ainda com raiva dele, mas evitando a todo custo começar uma discussão. "O que você quer fazer?" Joel mexeu a cabeça, incomodado pela pressão do dedo indicador dela em seu pomo-de-adão.

Ana parou o que fazia e baixou as mãos. Ele não ia mesmo tocar no assunto problemático dos últimos dias? Ela bufou. "O que foi?" Joel questionou ao vê-la revirar os olhos. Ana não queria brigar... mas estava entalada com tanto à dizer. O cabeça dura não ligava para a dor que aquilo causava nela, ou pelo menos não parecia se incomodar tanto quanto se incomodava quando ela tentava, péssimamente, ser sua esposinha que arrumava seus botões e o ajudava a se vestir.

"Eu simplesmente não entendo você." Ele murmurou, observando-a virar-se de costas e cobrir os olhos com as mãos. "Ana." Joel segurou os ombros dela com firmeza, deixando seus dedos marcarem a pele pálida logo abaixo da região adornada por um caminho de pintas que seguiam até o pescoço da mulher.

O quarto estava fechado, o ar abafado. Ambos suavam. Ana evitava seu olhar, parecia audacioso demais depois de todos os seus esforços sem receber muito em troca. Ana queria ser amada.

Joel estava assustado.
E embora não demonstrasse, sentia culpa por não ter lhe contado tudo antes. Prometeu compartilhar seus sentimentos, mas ainda hesitava. Homens, segundo ele, lidavam com seus próprios problemas. "Eu..." Joel deu um passo a frente ainda segurando o corpo dela, deslizando suas mãos pelos braços da morena que prendeu a respiração quando ele encostou a bochecha próxima a sua nuca e disse em seu ouvido: "Não posso te perder só porque não consigo mudar. E você sabe que isso não vai acontecer de um dia para outro, mas eu vou tentar, por você." Joel não podia voltar a fazer promessas inválidas, ele teria que cumprir aquela dessa vez, levando tempo ou não. Porque Ana odiava sentir que não estava sendo correspondida e se ele vacilasse de novo, se ele fingisse mais um vez, ela não o perdoaria.

Joel tomou ar, respirando o cheiro doce que ela normalmente emanava, engoliu a saliva, molhou os lábios e voltou a falar.
"Me perdoe por não ter contado sobre as coisas recentes, por ter feito você pensar que falar com Jack era a única solução. E eu não tô dizendo que não ajudou, você foi incrível, mas eu devia ter descoberto das armações do Daniel por você e não por outra pessoa."

Ela abriu os olhos fechados após derramar algumas lágrimas de raiva e entrelaçou os dedos nos deles, tornando a enfrentá-lo novamente. Ana engoliu o nó na garganta e mordeu o lábio inferior. "Eu não te dei ouvidos quando tudo o que queria era ajudar. Desculpe, a culpa foi minha e não sua." Ele concluiu, sincero.

"A única coisa que quero de você é que seja honesto comigo. Eu estou aqui, Joel, por favor." Com suas mãos novamente no colarinho da camiseta dele, ela pressionou os seus dois polegares no maxilar dele, o obrigando a fixar seus olhos castanhos nos verdes dela. "Fale comigo e eu vou te ouvir."

Sim.

Ele não disse nada, apenas continuou a observar enquanto acariciava as costas cobertas pelo vestido de cetim preto que Ana usava. Joel aproximou os lábios nos dela, puxando delicadamente a pele macia da boca da namorada com os dentes. Suspiraram, parando o beijo no meio e permanecendo com os rostos próximos o bastante para que pudessem roubar mais alguns selinhos.

We Are Family - Joel MillerWhere stories live. Discover now