Mi vida +18

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P.O.V.
Narradora

Ana prendeu seu olhar na embalagem nas mãos e evitou os olhos de Joel por uns dez minutos depois de terem sidos deixados a sós. O clima ficou estranho quando mais nada após aquilo foi dito. O homem sentado com a cerveja na mão, observava a janela da cozinha pensando no que faria. Respirou profundamente até tornar a bebericar o liquido, baixando a garrafa na mesa e a deixando lá. "Me desculpe por ela." Joel falou com a voz pouco falha e rouca. Ana deu um sorriso de canto, cortando o plástico dos biscoitos com as unhas. "Tudo bem." Mentiu. Ela sentiu a garganta arranhar e quis tossir para tirar o engasgo das palavras presas.

E o silêncio se perpetuou novamente, sendo interrompido apenas pelo som estridente dos pratos se chocando contra o alumínio frio da pia. Ana ligou a torneira, se acalmando ao ver o soprar do vento nas folhas das árvores no quintal pela brecha da cortina acima da sua cabeça. Estava tão tensa que poderia quebrar em mil caquinhos caso Joel falasse o que não devia. Ela tinha esse medo nutrido pelo próprio, de ser rejeitada de novo. E por isso tentava fazer igual o que ele havia dito, esquecer e se por no lugar que era dela - o de babá. Contudo, não podia mentir para si mesma, ela não era boa nisso. Seu coração acelerava a medida que Joel falava, ou a mencionava. Tentou e fracassou não ficar balançada pelo sorriso e pose do homem, Joel tinha tudo o que ela mais queria provar. Ele exalava poder, confiança e, bom, Joel conseguia ser sexy para um caralho fazendo qualquer merda que se propusesse. Ana riu percebendo a forma como sua cabeça rodava num looping onde tudo voltava aquele homem logo atrás dela.

"Não está tudo bem, Joel." Ana virou-se para ele, secando as mãos no vestido que usava. "No natal você disse pra mim tudo aquilo e agora... E agora de novo. Você e eu de novo aqui. Digo, antes lá e agora aqui." Ela tomou coragem, pegando fôlego, tropeçando nas palavras e errando os pensamentos. Joel se levantou da cadeira, dando alguns passos na sua direção e se preparando para dizer algo. "Não." A morena balançou a cabeça, sentindo um súbito calor arder as bochechas e a obrigando prender o cabelo. "Você disse coisas demais aquela noite, Joel." Seus olhos se encheram de lágrimas que tentou conter ao levantar os olhos para o teto. "Você não pode me machucar de novo."

Joel esperou ela se recompor, cerrando os punhos das mãos na bancada, um ou dois metros de distância dela. Precisava tirar o peso das costas, jogar para ela o que ele sentia, mas não ousaria se soubesse que as suas palavras podiam cortar ainda mais a mulher por quem sua respiração tornava-se descompassada. "Porra! Eu nem sei o que dizer." Ana se lamentou, cobrindo o rosto com as mãos. Queria falar que gostava dele, de o provocar e o ver rir. Ah como ela amava o ver sorrir. Poderia passar horas contando as piadas mais sem graça - que ela sabia que eram as preferidas dele, só para apreciar a expressão doce que ele fazia quando sorria. "Ana." Joel sussurrou o nome da mulher, chamando a atenção dela para os seus lábios.

Ele alcançou a cintura dela encostada sobre o balcão, levemente apertando-a com a mão direita. "Joel... eu." Ana sentiu um arrepio correr pela espinha conforme o homem subia os leves toques pela altura da sua coluna, pescoço, mandíbula, parando no queixo centímetros antes dos seus lábios. Por ser mais alto, Ana elevou os olhos aos dele, acima dela. Estavam próximos, a única coisa os separando era a respiração quente e forte dos dois, perdidos no contato um do outro. Uma criança vendo o mar pela primeira vez, assim era Joel a frente dela. "Posso?" Perguntou, tocando os lábios perfeitamente desenhados de Ana. Ela assentiu, como diria não a um pedido tão tentador?

Não havia mais espaço, o que restara agora era a pele dele sobre a dela. A língua de Joel aproveitou aquele beijo de forma lenta e profunda, buscando em Ana o que não tinha há anos. Ele mordiscou o lábio inferior dela, provocando um leve gemido de prazer ecoar dentro de suas bocas. Desfrutando do contato, Ana contornou o pescoço de Joel num abraço apertado e demorado, colando os seios cobertos pela fina camada de tecido no abdomen dele, e se deliciando com a gostosa sensação que o corpo quente e rígido de Joel provocava nela.

We Are Family - Joel MillerWhere stories live. Discover now