Capítulo 29

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Jungkook

Dizem que quem muito sorrir, uma hora vai chorar.

Hyeon me ligou naquele início de noite com uma notícia que partiu meu coração. Apesar de ter muitas mágoas da minha mãe, eu jamais desejei que ela adoecesse ou morresse. Eu lutei por muito tempo para ter reconhecimento, amor e carinho dela, mas tudo foi em vão, pois com um tapa ela me tirou de sua vida, mas esse tapa não foi o suficiente para me fazer parar de amá-la.

Apesar das desavenças, Jimin apenas se lamentou e me deu todo o apoio pelo restante da noite e pelos dias que se seguiram. Eu esperei Hyeon chegar da Alemanha e junto a ela resolvemos tentar um contato com nossos pais.

Era segunda-feira e já passava das cinco da tarde quando chegamos a um café sofisticado escolhido por Jun Seok para que o encontro acontecesse. Assim como Hyeon estava sem o marido, eu estava sem Jimin e isso me deixava cheio de inseguranças e ansioso, porém os sentimentos mudaram quando pela porta passou Jun Seok.

A idade realmente não tinha feito muito bem a ele e com a doença de mamãe, meu irmão parecia ainda mais velho. Era notável uma falha grande nos cabelos, assim como os tons brancos se misturavam aos fios pretos. Seu semblante estava cansado, com olheiras fundas e seu rosto estava livre de qualquer alegria. Seu corpo estava mais magro e sua postura mais curvada, como se carregasse um peso enorme nos ombros, coisa que eu não duvido estar acontecendo.

Nossos olhares se encontraram quando lentamente ele parou na nossa frente. Ficamos por um tempo assim, apenas contemplando um ao outro, mas não demorou para que os olhos dele se enchessem de lágrimas, coisa que eu jamais imaginaria ver. Hyeon tomou a frente e o abraçou, deixando que ele derramasse em seus ombros todos os sentimentos que o sufocavam. Quando se separaram, ele andou até mim, mas em um instinto de proteção eu acabei recuando um passo, apavorado demais com o contato que não deveria me ser estranho, mas que depois de tantos anos ainda não era bem vindo.

Entendendo tudo, ele apenas esticou as mãos e receoso eu a apertei, sem desviar dos olhos dele. Hyeon fez um gesto para que sentássemos e um silêncio perdurou por um tempo até ser quebrado pelo garçom que trazia nossos pedidos.

― Pedi um latte pra você. ― Hyeon falou para Jun Seok que desviou os olhos de mim para olhar para ela. ― Agora nos conte, como ela está?

― Mamãe está internada. O câncer é no pâncreas e está no estágio final. ― a voz rouca dele agitou meu coração e eu me senti ainda mais triste em saber que ela tinha uma espécie de data de validade e que logo ela partiria para nunca mais voltar. ― Papai não a visita mais e finge que nada está acontecendo. E eu e minha esposa estamos revezando para ficar com ela no hospital, mas ultimamente ela não quer mais ninguém... ela chama por vocês, por isso entrei em contato e...

― Você só pensou em nos avisar porque ouviu ela chamar nossos nomes? Não passou pela sua cabeça que poderíamos querer fazer parte disso antes? Se ela não tivesse tocado nos nossos nomes, iriamos ficar sabendo apenas quando ela morresse? Ou você também iria esconder isso de nós?

As perguntas deslizaram para fora com uma raiva contida. A mágoa era enorme e eu não estava sabendo administrar a confusão emocional que crescia em meu corpo. Hyeon tocou minha mão, pedindo que eu relaxasse e eu respirei fundo, desfazendo o contato visual com Jun Seok.

Seus olhos eram tristes e algumas lágrimas faziam caminho em seu rosto, mas ainda sim ele em nenhum momento se mostrou arrependido.

― Eu entendo sua revolta, mas papai não queria que ninguém soubesse. ― a fala de meu irmão, me arrancou um riso de escárnio, pois novamente ele se mostrava seguidor de um homem sem coração.

AINDA EXISTE AMOR EM NÓS (Versão Jikook)Where stories live. Discover now