Copo de vidro.

1.5K 127 25
                                    

2 de fevereiro

— Damas primeiro. — Malfoy estendeu o braço para a porta, os olhos em Hermione enquanto seus lábios se erguiam naquele sorriso cruel que ela desprezava.

Suas sobrancelhas dispararam em sua linha fina. — Desde quando você é a porra de um cavalheiro?

Ele teve a audácia de bufar. — Eu era um cavalheiro muito antes de me tornar um Comensal da Morte, Granger. — Seu sorriso se transformou em uma carranca quando ela não fez nenhuma tentativa de cruzar a soleira. — Você sabe que eu poderia simplesmente arrastá-la através dela, não é?

Hermione cruzou os braços sobre o peito, carrancuda, certificando-se de que suas narinas dilatassem para mostrar sua repulsa. Ela vinha planejando isso há dias, cuidadosamente arquivando suas memórias e reorganizando as portas de seu hotel para garantir que ele visse essa memória a seguir.

Se isso ia funcionasse, ela precisava fazer com que parecesse convincente. Se ele ia baixar a guarda, ela precisava fazê-lo pensar que não queria que ele visse essa memória, assim como todas as outras. Ela precisava dele arrogante, superior, arrogante o suficiente para entrar na sala com triunfo nublando seus olhos, temporariamente sem saber em qual sala ele estava entrando – e então ela poderia aprisioná-lo lá. Prendê-lo da mesma forma que ele tinha feito com ela. Ela preparou a armadilha perfeitamente, agora ela só tinha que esperar – ficar de joelhos e rezar – que ele mordesse a isca.

Ela deu uma última bufada irritada e abriu caminho passando por ele e pela porta, certificando-se de espetar o cotovelo em suas costelas ao fazê-lo.

— Boa menina, — ela o ouviu rir atrás dela.

Assim que eles entraram na sala, um calafrio percorreu a espinha de Hermione. Ela se forçou a manter sua expressão em branco, apesar do terror que sentia se enfiar em seus ossos.

Ele precisava ver isso. Se alguma de suas memórias tinha o poder de machucar Malfoy, ela tinha certeza que era essa. Esta era a que iria quebrá-lo, fazê-lo sangrar, espancá-lo do jeito que ela queria. Ela só precisava mantê-lo aqui o tempo suficiente para doer.

Ela continuou andando até que eles estavam no meio da sala mal iluminada – pelo menos vinte e cinco pés da porta que a trouxe aqui – e ele a seguiu de perto, quase lado a lado. Ela bateu o pé nervosamente no chão de madeira escura enquanto o quarto se materializava ao seu redor.

Era uma sala de estar com um candelabro de aparência ostensiva pendurado no teto que provavelmente custava mais do que a casa de seus pais. A sala tinha tetos altos com pilares de pedra lisa que mantinham a estrutura unida, e uma grande lareira feita do mesmo mineral acetinado. As poucas peças de mobília espalhadas na sala eram mínimas e tão escuras e miseráveis ​​na aparência quanto o piso.

Ela respirou fundo para se firmar, para acalmar a maneira como seu estômago revirou, a maneira como ela queria vomitar enquanto observava o quarto ao seu redor. Era um quarto que ela conhecia bem. Um quarto que ela desprezava, temia, odiava e nunca mais queria ver. Era um quarto que assombrava seus pesadelos há anos.

Nove figuras fantasmagóricas apareceram na sala. Dois sequestradores. Rony. Harry. Uma versão mais jovem de Hermione. Três figuras com cabelos loiros gelados e  uma com cachos grossos e selvagens e olhos assassinos.

Assim que Malfoy percebeu onde eles estavam, ele empalideceu, e sua respiração o deixou ofegante quando ele viu sua mãe. Ele ficou paralisado por um momento, e Hermione viu aquela mesma pequena emoção brilhar atrás de seus olhos, uma única faísca de relâmpago contra o céu cinza. Durou apenas um segundo, um pequeno momento antes de ele bater suas paredes de Oclumência de volta. O brilho desapareceu tão rapidamente quanto apareceu, mas ela o viu. Sabia que ele sentia algo. Sabia ainda mais que ela estava certa, essa memória iria machucá-lo – ela só precisava mantê-lo aqui.

Secrets And Masks | DramioneDonde viven las historias. Descúbrelo ahora