Sombras Do Eclipse: A Saga Lunar - Livro 4 ( Concluído )

Capítulo 18

Aquela conversa só me trouxe mais calafrios do que eu já sentia, o pessoal se acomodou para descansar, era tarde e iríamos partir em breve, Oliver não estava em casa, enquanto os outros conversavam, eu decidi caminhar pela a floresta, desci a montanha e caminhei pela a trilha, apesar de ser dia, o tempo contudo estava nublado e a floresta carregava um densa neblina, o que causava dificuldade para enxergar, mas logo eu vi em minha frente a antiga mansão Silverstone, a hera tinha possuído boa parte dela, mas ainda continuava de pé, como se em três anos, nada nela mudasse. Encontro Oliver parado em frente a porta, observando o local.

Caminhei até ele me colocando em seu lado, ele suspirou e manteve os olhos para a mansão, fez um olhar triste e reflexivo, como se estivesse se lembrando de tudo o que ele já havia passado ali, suas memórias pareciam passar pelo os seus olhos quando ele olhou para mim.

- Momentos, nós faz pensar que a vida, nem sempre é tão justa. - Comentou ele.

- O que te fez chegar a essa conclusão? - Perguntei.

- Em tese, eu passei anos da minha vida vivendo só, um lobo solitário, e penso em... Como tudo seria diferente se naquela noite, não tivesse acontecido tal homicídio. - Ele falava, enquanto caminhava para dentro de sua antiga moradia, eu caminhava ao seu lado, a casa estava vazia, deserta e só havia lembranças e destroços.

- Tudo seria diferente... - Repetiu o meu parceiro. - Eu ainda me lembro, aquela noite fria de outono, a lareira estava acesa, meu pai estava sentado na poltrona fumando um charuto, minha mãe fazia o jantar, eu me lembro de ver os meus avós sentados no sofá da sala rindo enquanto o meu irmão mais velho zombava da minha cara.

- Irmão? - Perguntei surpreso, ele nunca havia me dito que tinha um irmão. - Você tinha um irmão? Por que nunca me contou? - É claro que, eu respeito Oliver e o seu passado, eu não tenho direito de perguntar, e ele não tem o direito de responder.

- Eu sinto muito, não é a minha intenção invadir o seu passado. - Ele abriu um sorriso e me encarou.

- Tudo bem. - Suspirou ele fazendo com que o sorriso sumisse. - Ele se chamava Mitchell Silverstone, nós aprontamos muito juntos, e Warren boa parte das vezes estava com a gente.

- O que tanto faziam?

- Bom, minha família sempre foi rígida com a "logística" de small Village, e além do mais, por sermos tão... Preservados e privados, éramos vistos como suspeitos lobos que atacavam a vilarejo, o meu pai nos deu regras para não irmos a vila, eu e o meu irmão sempre saíamos escondidos e íamos para Dawtown com Warren, havia festas nas ruas, conversávamos com várias garotas, era tudo tão perfeito!

- Devia ser incrível! Me lembra até eu e o Davi indo para a floresta negra a noite. - Sorri.

- É mais ou menos vocês dois. - Ele retribuiu o sorriso. - Só que, depois daquele acontecimento com o urso e o Warren, semanas depois a minha família foi assassinada, eu só sobrevivi por que eu decidi lutar! Mas eu me lembro de escutar o meu pai dizer antes de dar o seu último suspiro: Oliveir, fuja com o seu irmão! Mas o meu irmão me defendeu quando levou um tiro de bala de prata. Eu, ainda jovem e sem saber usar o controle total, ataquei eles, e não me arrependo de ter feito isso.

Ele inalou o ar e soltou, olhando em volta, eu nunca ousei me aprofundar em perguntar sobre a história de Oliver, até por que eu imagino que ele não se sinta completamente confortável falando sobre o seu passado trágico, doloroso e traumático.

- Escolhas difíceis requerem de nós mesmos, força e determinação absurda, na vida, ou a gente aprende a lutar, ou nos tornamos falhos por não enfrentar os próprios pesadelos.

- Eu entendo perfeitamente! - Disse eu, havíamos acabado de sair da mansão, e caminhamos pela a margem do lago indo para o vilarejo.

- Desde tudo o que aconteceu comigo, eu criei traumas, pesadelos, os meus monstros me atormentam, e muitas vezes eu tentei fazer deles a minha fortaleza, mas eles só me serviram para me tirar a paz, e isso não vai parar enquanto eu não acabar com esse eventos. - Paramos em frente ao lago, próximo a uma cabana na qual eu sabia que havia sido construída ali, pois ela não existia quando eu morava aqui.

- Vamos vencer essa luta, Nick, as coisas vão mudar, você é o alfa agora, você tem uma força tremenda que, se duvidar, você acaba com um exército sozinho. Mas infelizmente não é assim que acontece. - Oliver colocou as mãos no bolso do seu casaco de couro de cor preta.

- Eu temo pela a morte, Oliver, temo em falhar novamente, e não ser um bom... - Travei, ele me olhou. - Eu não sei nem ser um bom líder. - O mesmo sorriu enquanto olhava a vista.

- Você sabe qual é a diferença entre um líder e um alfa, em uma alcatéia? - Eu já tinha ouvido me falarem isso uma vez, mas não me lembrava quem, exatamente. Vasculhei em meus pensamentos procurando por quem havia me dito, mas não encontrei, apenas a reposta para tal pergunta de Oliver.

- Sim, ser um líder, é ser um vendedor de esperanças, e, ser um alfa...

- É proteger os seus! - Ele me Interrompeu. - Um alfa faz pela alcatéia aquilo que alguns não fazem, aquilo que Cristopher não faz. Você é um alfa agora, Nick, eu sei que é muita coisa para você, mas são essas cicatrizes que você carrega que te tornam mais fortes!

Refleti por um tempo, Oliver sempre me dando os melhores concelhos, e isso me dava uma dose de motivação que me fazia leve, uma sensação de: Eu posso fazer isso.

- Se realmente haver uma guerra maior do que a gente imagina, o que vamos fazer?

- Nos vamos lutar, e eu vou estar com você lá.

- Vai estar comigo? - Questionei, ele me lançou um olhar penetrador, afirmando em seguida.

- Até a morte!