Sombras Do Eclipse: A Saga Lunar - Livro 4 ( Concluído )

Capítulo 31

Subi para o quarto repetindo inúmeras vezes para mim mesmo que isso não ia ser possível, eu não podia enfrentá-lo, eu  não podia! Abro a janela sentindo a brisa gelada que tocou o meu rosto, olhei para céu e vi a lua, tão brilhante e majestosa, quem diria que os efeitos dela poderiam ser tão letais para outras criaturas.
Lembrei-me de Nick novamente, onde será que ele estava agora? O que será que está acontecendo com ele? E se estiverem machucando ele? Eu estava ficando louco com tantas perguntas, mas eu tenho certeza que se fosse eu no lugar dele, ele tomaria uma decisão, uma iniciativa, o que Nick faria se estivesse aqui agora? Ele iria me enfrentar? Ele iria me salvar? Droga, eu estou acabando com a porra dos meus pensamentos, mas logo fui tirado deles quando escuto a voz de Bethany atrás de mim, me fazendo levar um susto.

— Você está pensando tão alto que possivelmente eu consigo ouvir os seus pensamentos.

- Eu já ando bem assustado, você chegar desse jeito é só mais um motivo para eu infartar — Suspirei levando a mão até o peito, ela sorriu — E você é uma feiticeira, já conversou comigo telepaticamente, então escutar os meus pensamentos é invasão de privacidade em... — Ela sorriu novamente e se sentou em uma cadeira à minha frente, eu me sentei no parapeito da janelo, o quarto estava escuro embora a luz da lua ilumissase boa parte do cômodo.

— Lembra quando você e Nick faziam loucuras em Small Village? — Peguntou ela.

— Qual das? Sair floresta adentro à noite, perseguir um maníaco psicopata, invadir uma mansão, entrar na sala do concelho sem autorização...

— É, realmente são muitas lembranças — Ela sorriu, acabei abrindo um sorriso sincero ao lembrar das cenas em que vivemos juntos.

- Apesar de ter sido arriscado tudo o que fizemos juntos, são tantas memórias, tantas lembranças boas, parece que foi ontem que ele chegou no meu quarto e disse que havia sido mordido, e hoje, Han... — Dei uma pausa olhando para a floresta, refletindo sobre o local onde estávamos — Estamos em um outro mundo, nunca pensei que algo assim seria possível, na verdade, nunca pensei que fosse sair do vilarejo.

— É por esse motivo que você pode salvar ele, Davi. — Ela arqueou a sobrancelha.

- Salvar ele? Como Bet? — Por um segundo, eu chamei ele pelo o seu apelido, o apelido no qual Sofia à chamava, isso me fez lembrar dela também, e pelo o olhar que Bethany me lançou, provavelmente ela também lembrou.

— De todos nós aqui, você é o único que tem tantas memórias com Nick, momentos e acontecimentos importantes que ambos testemunharam, isso pode ser a cura, fazer com que ele se lembre de quem ele é — Ela se levantou — Só que isso pode não ser suficiente, Nick vai tentar atacar você do mesmo jeito, você não pode recuar Davi.

Suspirei, senti o meu rosto corar e o corpo todo esquentou, meu coração batia rápido e uma onda de calor pareceu pesar a minha cabeça.

- Eu não sei, Bethany — A voz saiu fraca — Eu nunca tive que lutar contra Nick antes, eu não sei o que fazer, e eu não quero machucá-lo.

— Nós não temos muita escolha, Nick teve ordens para nos matar, ou lutamos, ou morremos, eu também não queria ter que lutar contra ele, mas se for preciso, eu faria isso — Ela me olhava fixamente, tentando me convencer daquilo que eu não quero fazer.

- Eu fico me perguntando o que Nick faria se estivesse no meu lugar — Ela virou a cabeça com um sorriso forçado, seu rosto estava triste, ela se aproximou de mim.

— Você conhece ele melhor do que ninguém aqui, pensa bem Davi, você sabe qual é a coisa certa a se fazer — Ela segurou o meu rosto — Ele é o seu amigo, ele deu a vida dele por você, e sei que você também faria o mesmo por ele, não estou dizendo isso para você mudar de ideia, afinal, você sabe que ele faria isso novamente.

Ela logo me deu um abraço forte, eu retribuí o abraço, isso me confortou e as palavras dela fizeram total sentido para tudo o que eu estava pensando, Nick lutaria comigo se fosse para poder me salvar, é o que ele faria! Mas ainda sim, eu tinha medo do pior acontecer, ela caminhou até a porta e antes de sair, se virou e disse.

— Ser um líder, é ser um vendedor de esperanças — Ela me olhava, aquela frase me tocou profundamente, eu já ouvi ela antes e eu sabia a profundidade dela.

- E ser um alfa, é proteger os seus! — Complementei em seguida, ela assentou e logo saiu do quarto, me deixando sozinho com os pensamentos incertos.

— Cristopher

Um uivo, um urro, e logo Nick descia pelas paredes por cima da caverna, cravando as garras sobre as pedras até atingir o chão em nossa frente, sem nenhum arranhão, no entanto, com muito sangue, o garoto se transformou em humano mantendo os olhos verdes e uma postura honrada.

- Você não os matou? — Perguntei.

— Não senhor — Respondeu ele.

— Haverá outras oportunidades, aquieta Langford — Disse Oligron se aproximando — Eles vão fazer de tudo para tentar trazer Nick de volta, isso se já não estiverem vindo para cá.

- Eu não duvido muito disso, o tamanho estupidez daquele grupo achar que pode vencer o meu exército — Abri um sorriso, inúmeros lobos estão chegando após o meu chamado, o que me dá mais vantagem para dominar tudo.

— Responda-me, agora que se tornou o alfa supremo, o que pretende fazer?

- Eu vou levar o meu exército e toda a minha hira para aquele maldito vilarejo, e Downtown, e vou varrer todos que estão lá até poder nadar em seu sangue.

— E depois disso? — Questionou ele.

- Depois disso eu irei descansar, não haverá outro alfa para me desafiar e terei o respeito de todos os lobos.

— Você sabe que ainda há chances de um novo alfa surgir, né? Claro, se conseguir fazer o que Nick fez — Disse Raydan, surgindo em meu lado.

- Se acontecer de surgir um novo alfa, não terá dúvidas de que eu irei matá-lo, e roubar o seu poder, assim como farei com esse muleque quando tudo isso acabar.

— Não entendo, por que não mata ele agora já que tem a chance?  Ele não pode te atacar de volta — Questionou o meu filho, me dando uma certa raiva em ter que olhar para a sua cara e responder tal pergunta indecente e estúpida.

- Eu sou o alfa, eu decido o que vou ou não fazer, e se você não calar essa maldita boca, o próximo que vai ter o pescoço arrancado será você! — Disse em voz alta, que ecoou pela a caverna.

- Vamos manter todo o plano em ação, qualquer rumo diferente que seguirmos, darei um jeito de fazer dar certo, essa vitória é minha e eu vou vencer, nada e nem ninguém pode me deter!