Capitulo 22

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Minhas mãos estavam suadas, acho que não me vi assim desde a entrevista de emprego nessa empresa inclusive. De uns meses pra cá algumas coisas mudaram na minha vida, bem eu fiquei tão no fundo do poço ( na merda mesmo) de como se deu nosso afastamento que me dediquei a vida profissional, acabei largando o emprego no bar e consegui esse atuando como engenheira e ganhando muito bem pra isso sendo doutora agora. Com a mudança conseguimos um ap melhor para dividir e Sab não poderia está mais feliz por ser no centro da cidade. Droga, tá tão quente nessa sala, eu tenho certeza que aumentaram o ar, não é possível!

- Vou ao banheiro...- falo para a amiga colega de setor, Raíssa.
- Não vai não, ele chegou, você sabe que o chefe quer todo mundo aqui pra dar boas vindas. Somos uma empresa feliz, quase uma ...- ela fala o que o chefe sempre frisa.
- ... família, bem eu sei o slogan que ele usa todo santo dia, só que... não acha que tá calor ? - me abano com as mãos
- amiga, tá bem frio aqui dentro. Acho que está na menopausa.- ela ri e olha a porta onde o pessoal entra pra se sentar- ele chegou.

Eu só estou aqui porque não consegui passar mal de ontem pra hoje, sinceramente, não sei como eu vou reagir ou ele irá reagir, sinto que estou exagerando e ele nem vai lembrar de mim, ah... eu deixei  o cabelo crescer, mudei mais o estilo pro office, talvez seja o bastante pra ele não reconhecer.
Vejo ele entrando, todo de jeans com uma camisa por dentro estampada, uau eu nunca me canso de agradecer a estilista dele por esses momentos, não seguro o sorriso ao lembrar de quando a conheci e agradeci pelas roupas incríveis e combinações maravilhosas que ela fazia pro Pedro. Ele assim veio cumprimentando um por um, sorrindo, olhando nos olhos e entregando honestidade em cada contato feito, jeito Pascal de ser, sempre com a melhor atitude.

- Essa é Mariana, nossa engenheira, mais nova Dra !- meu chefe fala todo animado nos apresentando.
- Prazer Sr Pascal! - estendo a mão para cumprimentá-lo.
- Prazer senhorita Mariana !- ele encosta sua mão na minha e sinto como se fosse um choque, mas não afasto por não querer transparecer algo do tipo.
Diferente dos outros, Pedro de inclina, ainda sorrindo, um pouco mais à frente e diz próximo de mim, fazendo que só eu conseguisse ouvir o que ele teria a sussurrar para mim.
- Você mudou, mas eu reconheceria seu perfume em qualquer lugar... mi amor - ele fala próximo a minha orelha o que me faz arrepiar, ele mal se da ao trabalho de vê como me deixou, ele segue cumprimentando a sala inteira e eu... bem eu estou tentando aprender a respirar novamente.

Assim que todos se cumprimentam a apresentação do produto e visual começam, eu fico atenta a caso precise realizar alguma observação, porém sinto que estou sendo observada, obviamente imersa no trabalho esqueci que ele estava ali e assim que olho em sua direção vejo ele me encarando profundamente, seu olhar não mudou, mas sim melhorou.
Esse homem parece que estava me despindo, corpo e alma, ali naquela sala de reunião. Reúno todas as forças para não deixar transparecer nada ao restante da sala, até que batem na porta e me solicitam em uma urgência nos laboratórios. Assim, peço licença e quando chego ao lado de fora respiro até que meu pulmão esteja cheio desse ar gelado e refrescante que alivia toda a tensão que estava sentindo lá dentro, até que me lembro que devo caminhar ao meu departamento para fazer meu trabalho, não faz nem 24 horas que ele voltou pra minha vida e eu já estou completamente confusa e perdida com todo resto, que merda de superação foi essa que tive ?!

Após horas de estresse no laboratório tentando resolver a besteira que fizeram com os reagentes consigo voltar pra minha sala e olhar alguns papéis para verificar como anda a qualidade das nossas pesquisas, assim que batem na minha porte e peço para entrar assumo que é Patrícia minha secretária.

- Patrícia, preciso do contato do Matheus, aquele representante de químicos, quero falar com ele sobre uns testes que quero começar a fazer...- falo analisando alguns papéis sem levantar a cabeça.
- código 718... - não é Patrícia que responde, é uma voz profunda totalmente provocadora sem querer ser e em um sussurro consegue fazer meu corpo inteiro se arrepiar.
Nesse momento eu olho pra cima e encaro os olhos que prometi que nunca mais me perderia, que me manteria firme a uma distância mínima de quilômetros, mas parece que o destino tava brincando comigo e testando todos meus limites possíveis.
- Pedro... - falo seu nome como uma saudação.
- Mariana...- ele faz o mesmo e não quebramos o contato visual que estamos fazendo, acho que qualquer pessoa consegue vê ali a tensão e o tesao acumulado também naquela sala- parece que nada de bares pra você mais, Hnm ?!
- Apenas para relaxar agora, você precisa de alguma coisa ? Sei que não sou do marketing, mas consigo lhe ajudar em algo, talvez - mantenho minha postura ao falar com ele.
- Você pode ajudar sim - eu aponto para cadeira à frente da minha mesa para que ele se sente e ele faz como o ordenado- consegue me responder o que sua versão de meses a trás pensou quando terminou tudo comigo ?
Tento não transparecer o quanto já estou suando frio e o quanto estou me esforçando para lembrar de respirar e agir normalmente em frente a ele.
- Nosso passado deve ficar onde está, não acha ?! Superamos isso muito bem e cada um para o seu destino.
- Então, nossos destinos se cruzaram em vão agora?- ele levanta sua sobrancelha me desafiando após falar algo que nem tinha resposta direito sobre- não me diga que também não sentiu um arrepio na espinha e um choque ao tocarmos as mãos um do outro naquela sala de reunião?!-  ele me encara e é nesse momento que consigo perceber o quão Pedro está lindo, seus olhos parecem brilhar e seu olhar queima na minha pele.
-  Eu não... eu não...- parece que tinha algo na minha garganta me impedindo de falar, quem eu queria enganar- Pedro ...- eu respiro fundo para organizar as ideias, o perfume dele me confunde com lembranças vividas de nós dois.
- Você não consegue mentir, nunca terminamos de conversar sobre aquele dia, você sumiu da minha vida sem me deixar escolher se era o que eu realmente queria!- ele argumenta sem desviar em nenhum momento seu olhar do meu, eu sou ciente que não lhe dei escolha, porque sabia que ele escolheria ficar- eu sempre quis te perguntar só uma coisa, depois dessa resposta eu posso ir embora e não te incomodar mais com isso... você ainda me ama ?
Não dá, foi como uma facada ali, no estômago, ainda mais com ele apoiado na minha cadeira e seu rosto próximo ao meu, sentindo sua respiração quente de encontro com a minha. Ali encarando seus olhos tão de perto, olhos da cor de um castanho único que simplesmente era minha cor favorita no mundo inteiro eu conseguia escutar as batidas erradas do meu coração, que so queriam colocar pra fora o mais alto SIM já escutado já face da terra, porém com os lábios tremendo eu so consegui fechar os olhos e dizer:
- Tenho uma reunião agora, você precisa ir, conversamos em outro momento... - parecia que a saliva era ácida e eu estava engolindo uma bola enorme que estava presa a minha garganta.
E assim ele sai da sala batendo a porta com força e eu não o julgo, foi a primeira vez que o vi desse jeito, foi a primeira vez que vi seus olhos vermelhos e seu rosto tomado por sentimentos ruins. Eu não aguentaria falar com ninguém depois do que aconteceu, então pedi para a patrícia para cancelar minha agenda e fui embora para casa, para o único local que eu me permitia chorar.

O cara que eu não conhecia e conheciaOnde histórias criam vida. Descubra agora