Vamos trocar receitas.

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   Meu choque foi tão grande que tudo que consegui fazer foi um leve aceno de cabeça em concordância a sugestão dele. O observei se voltar a duas mocinhas, lhes dando instruções, provavelmente sobre o meu pedido e depois voltar sorrindo até mim.

  Vai pamonha, se mexe. Aí pelo amor de Deus. Se eu ganhasse por passar vergonha, estaria milionária agora.

— Muito bem! Acho que o seu choque foi maior do que eu planejava. Venha comigo. ‐ Fui conduzida por ele até uma mesa mais reservada. Abri e fechei minha boca algumas vezes na tentativa de dizer algo pelo menos compreensível.

— O senhor... Espera! - Respirei fundo e voltei a falar. — Senhor Park?

— Achei melhor deixar você descobrir sozinha. - O homem sorriu e seus olhos ficaram cerradinhos como os do filho o que me fez rir também. — Pela sua reação inicial, vejo que talvez devesse ter contado antes.

— De maneira nenhuma. Do jeito que eu sou, se tivesse contado lá nas pedras, quem ia precisar de ajuda, seria eu. – Respondo, rindo. Já nem sei se é de nervoso ou por que está realmente sendo inusitado e divertido.

— Meu filho ficou muito impressionado com você ontem.

— Por que? - Minha pergunta é genuína. Por que diabos aquele menino ficaria impressionado?

— Aqui está o pedido da senhorita. - Uma jovem muito bonita nos interrompeu e serviu a mesa.

— Muito obrigada. - Agradeço e volto minha atenção a torta a minha frente.
— Experimente! - A empolgação dele me fez sorrir. Cortei um pedaço generoso e o levei a boca. Que explosão de sabores e textura. - E então?

— A melhor torta que já experimentei em toda a minha vida. - Disse animada e bem alto. Tonta... — Ops! - Levei a mão a boca me sentindo envergonhada.

— Não se reprima. Se gostou, precisa falar.

— Que não chegue aos ouvidos dos meus patrões, mas, essa aqui... - Aponto para a torta a minha frente. — É cem vezes mais deliciosa que a deles. Não me entenda mal. Gosto muito da deles também, mas, já disse ao confeiteiro que precisa explorar novos sabores. - Desabei a falar e só parei quando notei que o homem me olhava com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos segurando o rosto.  Ótimo... Você deixou o homem com tédio. — Me perdoe. Falo demais quando me empolgo.

— Imagina. Estou achando fascinante. Sabe, sabores diferentes trazem experiências únicas e elas podem virar lembraças que duram a vida toda.
— Eu concordo. - Dou mais uma garfada e me esbaldo novamente. — Tem pimenta aqui certo? - O vejo confirmar — Queria tanto a receita.

— Vamos começar então! - Disse ele se levantando animado.

— Co-começar oque?

— Te passo essa receita e você me ensina o tal "paum de cajul". - Começo a rir da pronúncia. — Isso sai errado, né?

— Quase perfeito. Pão de queijo. - Repito pausadamente.

— Então termine sua refeição e vamos as receitas.

    Engoli a comida o mais rápido que consegui e o segui para dentro da cozinha. Meu Deus! Não acredito que isso está acontecendo. Eu queria me beliscar, mas acho que o Senhor Park ia me achar doida. Melhor ser normal só por agora.

Êxtase Where stories live. Discover now