Inimigo íntimo

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Aviso. Este capítulo possui cenas fortes, de cunho sexual e abusivo, podendo causar gatilhos. Mais uma vez, digo que de maneira alguma, minha obra faz apologia ao tema. Dito isso, quem for, o faça com cuidado.

    Estou tão perplexa, que apenas o encaro, assustada

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    Estou tão perplexa, que apenas o encaro, assustada.

— Porque? - Ele puxa meu cabelo com mais força e com a esquerda, agarra meu pescoço, o apertando. — Mino... Para! - Imploro, porém, minha voz sai como um sussurro, de tanto que ele me aperta.

— Não. - Responde e beija o canto dos meus lábios. Alguém... Faz isso parar. Não! Começo a chorar. — O que achou que ia acontecer? Sempre me provocando. PARA DE CHORAR! -  Ele solta meu pescoço e levo as mãos aos ouvidos. A voz dele reverbera neles. Penetra fundo, até chegar a minha alma. — Vem. Vamos subir. Nossa festinha vai ser lá em cima.

     Ele me ergue de onde estou e tenta me puxa escada acima, eu me debato ferozmente e o mordo. Um momento de descuido e consigo me soltar de seus braços. Corro em direção à cozinha. Preciso chegar. Preciso! Jimin fez questão de instalar um botão do pânico embaixo de um dos balcões. Droga! Não lembro qual.

— SUA VADIA!

— Aí... aí! - Sinto minhas costas doerem muito. Nunca senti nada parecido. Vou de encontro ao chão e acabo batendo o rosto em um dos bancos do salão. Está tudo girando. Aquilo é... Uma faca? Ele me esfaqueou? Levo a mão ao local, tentando alcançar. Sangue! Estou sangrando.

— Viu! Tudo culpa sua. Por que teve que fugir? - Mino leva as mãos à cabeça.

— Para... Por favor! Só, vai embora. Eu juro que não conto. - Tento me levantar, mas não consigo. Não estou conseguindo respirar direito.

— Acha que eu sou idiota? - Ele pisa no meu joelho. Está tão difícil de respirar que meu grito sai abafado. — Vem cá! - Ele me puxa pelos cabelos em direção aos fundos. Hyu Jin. Não. Se ela sair... Não. — Vai ser divertido. Você gosta de lugares inusitados, não é? - Ele diz, me colocando apoiada na base de uma das bancadas.

— Do que... Você está falando?

— Disse isso várias vezes para ele. Gemeu alto todas as vezes que ele te tocou.

— Como sabe... Ahhhh! - Sinto o impacto do soco que deposita em meu rosto.

— Esses gemidos deveriam ter sido meus. MEUS! - Ele começa a puxar minha calça.

— NÃO FAZ ISSO!

— Chefinha... MEU DEUS! - Escuto Hyo Jin gritar. De canto de olho a vejo levar as mãos ao rosto. Tem tanto pavor em seus olhos.

— O que temos aqui? Uma lebrezinha a mais para brincar. - Mino diz, com um sorriso terrível no rosto. Esse não é meu amigo. Não é o cara gentil que eu conheço, ou melhor, que eu conhecia.

— Foge! FOGE! - Uso todas as minhas forças e suplico para ela correr. Nesse momento sinto a lâmina fria em meu pescoço.

— Corre e ela morre. Escolhe. - Hyo Jin congela, apavorada. — Boa menina. Vem aqui. Só mais um pouquinho. Mais perto. - Minha amiga se aproxima chorando e assim que está perto o suficiente, ele agarra seu braço.

— Deixa a gente ir. Por favor. Tem dinheiro no caixa, eu te dou tudo e só dizer...

— Tudo? Eu quero que você me faça um carinho bem especial. - Isso não. Tudo menos isso. O choro dela aumenta conforma ele a toca. — Sabe, eu quero mostrar para sua chefe aqui, como é bom assistir a pessoa que amamos transar com outro. - Procuro desesperada pelo botão. O encontro na bancada seguinte.  Apenas alguns passos, Alice, vai, precisa agir agora. Procuro algo com o que posso acertá-lo. — Me ajuda nessa tarefa? Juro que te deixo ir. - O maldito começa a abrir a calça. Alcanço um dos rolos de massa. Essa é a minha chance. Uso toda a minha força e o acerto na cabeça.

— CORRE, HYO JIN! - Com muito esforço engatinho até a outra bancada. Meus dedos buscam o bendito botão. Finalmente. Sinto um impacto enorme do lado esquerdo do meu corpo e sou arremessada contra a geladeira.

— Tanto esforço. Só para deixar aquela putinha fugir? - Ele sobe em cima de minhas pernas. Não consigo mais... Não dá. Paro de me debater. Só vou morrer mais rápido assim. — Não aguentou me ver comer outra? Ah, amor! Vou dar o que você quer. - Minha visão está tão turva, mal consigo vê-lo. Mas, ainda sinto suas mãos nojentas em meu corpo. Sei que ele está tentando me violentar.  — Agora sim. Está no ponto certo para mim. Vai doer um pouco, querida. Podia pelo menos ficar mais molhada, né?!

— MALDITO! - Hyo Jin... É a voz dela. Abro os olhos como posso e vejo que ela o está golpeando. Não consigo distinguir o que usa para fazê-lo. Só consigo ouvir o som seco daquele objeto de encontro com a cabeça de Mino. Uma, duas, três, quatro vezes. Sinto o cheiro forte de sangue. Percebo que ele não se mexe mais.

— Hyo Jin... Chega. Já chega. Me ajuda aqui. - Sussurro com muita dificuldade.

— Alice. Aí meu Deus. - Ela está coberta de sangue. Ninguém devia passar por isso. Tudo culpa minha. — Seu peito está fazendo um barulho estranho.

— Acho que ele... Perfurou meu pulmão. Não consigo respirar. Está tão difícil.

— Não faz isso. Não fecha os olhos chefinha. Você é uma leoa, então aguenta. Está ouvindo isso? - Ela pergunta aos prantos e realmente consigo ouvir sirenes. — A ajuda já está chegando. - Tudo começa a ficar muito silencioso, muito escuro.

— Senhorita Alice! - Reconheço essa voz. JAEHYUK?! JIMIN ESTÁ COM ELE? Não quero que me veja assim. Não quero que sofra por mim.

    De repente sinto uma dor excruciante no peito. Não consigo mais! A escuridão que me cerca vai sendo engolida por uma luz brilhante. Eu morri?
Aos poucos, a figura translúcida de meus pais falecidos aparece diante de mim. Fico sem palavras quando os vejo e, finalmente, encontro a coragem para falar.

— Mamãe, papai? São realmente vocês?

— Sim, querida, somos nós. Estamos aqui para cuidar de você.

— Então, eu morri?

— Sentimos tanto a sua falta, Alice. Mas você ainda tem muita vida pela frente.

— Eu sinto falta de vocês todos os dias. Mas... Eu estou com medo. O que vai acontecer comigo agora?

— Não tenha medo, meu amor. Você está em um lugar de amor e paz. Temos certeza de que você encontrará a força para superar qualquer desafio que vier em seu caminho. - O branco incrivelmente iluminado, agora passa a dar lugar a uma linda varanda e meus pais sentam-se em duas cadeiras de balanço. Tenho muitas perguntas.
Enquanto absorvo a presença deles, uma forma etérea se aproxima. É minha amiga de adolescência, Samanta, que também já partiu deste mundo.

—  Alice, minha doce amiga! Que bom te ver! Como você está?

— Sam? É você mesmo? Não posso acreditar nisso!

— Sim, sou eu. Estou aqui para lhe mostrar que a vida depois da morte não é o fim, mas apenas o começo de uma nova jornada. Depois, você pode escolher se quer ficar ou voltar.

— Eu sinto sua falta, Sam. E achei que nunca mais teria a chance de falar com você novamente.

— Eu também senti sua falta, Alice. Mas veja, aqui estamos nós. E há algo que eu gostaria de conversar com você. Vamos caminhar comigo? - Olho para meus pais um pouco receosa, não quero perdê-los de vista. — Não tenha medo, eles vão estar aqui quando voltar.
Caminho pela orla do lago ao seu lado.

— Lembra-se daquele menino que você tanto gostava? No primeiro ano do ensino médio? Como era o nome mesmo? - Pergunta ela.

— Sim, é claro que eu lembro. Eu costumava agir de maneira estranha quando estava perto dele. Eu ficava tão nervosa! Era Pedro. O nome. - Respondo sorrindo. — Uau. Não penso nele faz anos. Tudo por causa daqueles olhos.

— Achava muito engraçado que todas as vezes que ele tentava conversar, você surtava e travava. Era tão curioso. Mas, agora você é adulta e encontrou alguém com quem fala. Espero que não fique com cara de boba perto desse também.

— Não! Sinto que com Jimin posso dividir tudo. Conversar sobre tudo. - E nesse momento a tristeza toma gosta de mim. Percebo que não existe mais um "vamos dividir tudo", afinal, eu estou morta.

— Eu sei, mas o que você está sentindo por Jimin não se compara com nada que você já experimentou antes. É um amor profundo e verdadeiro. E é por isso que você precisa voltar para o seu corpo. Voltar? Eu... Quero, mas...

— Mas, Sam, estou tão confortável aqui. Não quero deixar vocês, não quero me despedir novamente.

— Eu entendo. Mas é preciso coragem para enfrentar o mundo físico novamente e viver esse amor. O que você sente por Jimin é real, e você merece vivê-lo plenamente.

    Quando percebo, já estou junto a meus pais novamente. Ambos me abraçam com tanto carinho. Deus! Senti falta disso.

— Me dê netos. - Meu pai diz rindo. — E é melhor não demorar muito com isso. - Olho um pouco confusa para ele. — Ué, não é por que estou nesse plano que não vou te cobrar meus netinhos.

— No plural! - Brinca minha mãe. — Minha menina. Não vai ser fácil, mas, você é forte. Vai superar tudo.

— E então? - Sam questiona.

— Você está certa. Eu tenho que voltar. Tenho que viver e amar. Obrigada por estar aqui comigo.

— Sempre estaremos juntas, Alice, mesmo que em planos diferentes. Agora vá, siga em frente e faça com que cada momento dessa segunda chance seja inesquecível.

— E como faço isso?

— Ouça com seu coração. - Fecho os olhos e então escuto bem ao longe.

´´Alice, sei que está aí meu bem. Volte para mim. Eu não vou sair do seu lado. Só... Volta.''

Jimin. Um sorriso genuíno se abre em meu rosto e Sam me empurra de volta. Me sinto sugada, a luz some por alguns instantes. Tento me mexer. Sinto que minha mão está entre as de outra pessoa. O cheiro que tanto amo toma conta de meu olfato. Preciso abrir meus olhos.

— O senhor precisa sair. - Consigo ouvir outra pessoa falar.

— Me dê cinco minutos doutor. Só cinco. - Jimin pede. Ele está choroso.

— Tudo bem. Mas isso é tudo. Estamos em uma UTI. Não esqueça. - Posso ouvir a porta se fechar.

— Não é justo, sabia? Você entrou em mim, desconfigurou tudo e agora está tentando ir onde não posso te tocar.

— Estamos quites então. - Consigo falar e sinto suas mãos apertarem a minha. Abro os olhos com dificuldades e encontro os dele. — Você me desconfigurou primeiro.

    Apreensão, surpresa, felicidade, medo e por fim, amor. Encontro tudo isso no olhar de quem tanto amo.

    

    

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