Fragmentada.

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    O olhar de confusão estampando no rosto de Jimin fica cada segundo mais engraçado. Sua boca se abre e fecha algumas vezes antes de finalmente sair algum som dela e mesmo quando isso acontece, parece mais um gemido sem sentindo algum.

— Amor se estivéssemos na nossa cama eu ia amar ouvir esse som, mas, será que dá pra falar algo compreensível? - Peço rindo. - Olha o sorriso safado que tanto amo aparecendo. Eu seria muito se provocasse mais um pouquinho?

— Quando foi que passamos de "não sei se quero recomessar" para "Aqui vai ser nosso novo café"? - Pergunta com as duas mãos na cintura e uma careta impagável na  face.  Eu amo quando ele faz isso. Que coisa Alice, quem tem que provocar um pouco agora é  você. Parece besta, é só ele sorrir e tu fica ativada? — Não me entenda mal. Eu acho incrível. Só estou tentando te acompanhar.

— Foi seu pai e a doutora  que você me arrumou. - Digo rindo.

— Certo...

O pobre parece mais confuso que antes. Começo a rir da situação.

— Eu vou explicar. Durante uma dessas tardes nas quais ele me acompanhou junto a psicóloga, contei sobre os prédios de tijolos e de como me traziam memórias boas de quando era criança. Tem muitos desses na minha cidade natal. Acontece que no dia seguinte ele nos trouxe até aqui. Aí  doutora Lima comentou que o lugar daria um bom café, se restaurado adequadamente.

— E então? - Questiona curioso.

— Eu fiquei namorando a ideia e  cá estamos nós. Quer ver por dentro? - Meu namorado abre a boca ainda mais que antes.

— Parece óbvio, mas, vou perguntar mesmo assim. Como tem a chave?

— Eu dei um lance nele. O prédio tinha sido tomado pelo banco e ia a leilão. Me adiantei e dei um lance. O Hobi me ajudou. Aquele menino conhece todo mundo. - Respondo já girando a chave na fechadura e abrindo a porta só um pouquinho. — E aí? Você vem? - Estico uma de minhas mãos e espero que ele entrelace  nossos dedos. Quando o faz sinto os pelos de meu braço arrepiar em todos de uma vez.  Eu amo o efeito que esse homem tem em meu corpo.

    O lugar é  amplo e possui quatro  janelas na parte térrea, essas são enfileiradas aos pares de cada lado da porta de entrada. O chão é  todo feito de tábua corrida em um tom escuro de madeira. As paredes um dia já foram brancas. Acendo a luz e então deixo que ele tenha suas primeiras impressões do grande salão.
Jimin da alguns passos e para bem no centro do cômodo.

— Acho que isso deve ter sido uma bela sala de estar em algum momento. E ali a de jantar. - Aponta para o cômodo de que fica ao lado. As duas salas se unem por um grande arco todo ornamentado. Ao dar mais um passo, a madeira range.

— Só cuida aonde pisa amor. Esse prédio ficou muito tempo abandonado e o piso pode estar solto.

— Ali atrás é  o que?  - Amo ver o quão curioso e interessado ele está. Lhe dou a mão novamente e vou nos guiando pelo lugar. — Aqui acho que foi um banheiro ou lavabo e está bem detonado, para ser franca. - Ele ergue as sobrancelhas e dá um sorriso torto ao ver o lugar. — E aqui é  a cozinha.

— Uau! Isso aqui é enorme. Olha, podemos fazer desse espaço uma bela dispensa e aqui uma imensa bancada.

Jimin anda por todo o espaço e gesticulando, vai fazendo planos e ativando em mim uma criatividade única que só ele consegue despertar. E aqui está um sorriso sincero. Devo parecer uma adolescente boba olhando seu detalhes perfeito.

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