Então... Que comece os jogos!

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   Espera! Ele realmente está aqui. Ou seja, a noite passada eu fiz mesmo o que fiz? Me ponho sentada muito rápido e o movimento faz a coberta cair sobre minhas coxas, revelando meu traje nada discreto.

— Ei! Não olha. - Grito para ele enquanto puxo o pano de volta ao seu lugar. — Foi você quem me...

— Não. Você mesma tirou a roupa que estava usando. - Ele diz com aquele sorriso de canto nos lábios. Aí que vergonha! Alice do céu, o que você fez? Não lembro de quase nada. —  Só para deixar bem claro, eu tentei te fazer colocar essa camiseta, mas você se pendurou em mim e disse que ficar de lingerie era mais adequado.

    O choque da revelação dele é tão grande que dou um tapa na minha própria testa, o que me causa uma pontada enorme no local.

— Aí! Péssima ideia. Minha cabeça. - Já podem me enterrar senhoras e senhores. Eu sou uma mulher morta... Causa: Vergonha infinita.

— Para. Não passei a noite em claro para ver você se machucar por livre e espontânea vontade. - Ele agiu tão rápido que tomo um susto quando sinto sua mãe segurando meu pulso. Estamos próximos novamente. Nossa, que tudo! Além de você ter dado um show íntimo a noite passada agora você vai baforar a cara dele. Seus olhos, que até agora encaravam os meus, descem gradativamente para minha boca e permanecem ali. — Deve estar com fome e definitivamente precisa vestir algo menos...

— Ridículo? - Interrompo.

— Atraente. - Lentamente, ele me solta e se põe sentado no colchão, ainda muito perto de mim. — Podemos continuar nossa conversa depois que comermos, o que acha? - Apenas concordo sem falar nada. Estou tão envergonhada. — Eu vou sair para te dar privacidade.

— Não! - NÃO GRITA SUA IDIOTA! Aff... Minha cabeça vai explodir. — Fique. Eu vou me trocar no banheiro. Só... Fique aqui tá? - Que coisa mais feia. Além de tudo que você fez ele passar, ainda vai mendigar e impedi-lo de ir embora?

— Está bem. Não vou a lugar nenhum.

   Fico em pé com um pouco de dificuldade e demoro para perceber que agora meu corpo estava totalmente visível.

— Aqui. Se cubra com isso. - Sinto o tecido do roupão encostando em meus ombros e junto com ele as pontas dos dedos dele. Pura energia. É o que percorre cada poro do meu corpo.

— Obrigada. - Ando até o armário e pego a primeira coisa que encontro pela frente e me enfio no banheiro fechando a porta com a mesma rapidez com a qual meu coração bate agora.
Uma olhada no espelho e quero morrer. Meu Deus, Alice! Você se superou desta vez! Jimin vai ter pesadelos com essa sua cara borrada.

    Ligo o chuveiro, por que só um banho para tirar um pouco a vergonha impregnada em mim. Quando termino, me seco e visto a calcinha, o shorts, mas na hora de pôr o sutiã... Cadê o bendito? Tu tá ficando louca. Nem deve ter pegado ele. Aff! Vamos livre, leve e solto então. Visto a camiseta e verifico se não estão "acesos". Tento dar um jeito nos fios molhados e decido deixá-los assim mesmo. Levo a mão a maçaneta, inspiro fundo uma, duas e na terceira vez abro a porta.
Jimin está próximo a janela, provavelmente aproveitando a vista. Braços cruzados e olhar perdido no horizonte.

— Prontinho. - Me anuncio. Seus olhos me percorrem por um certo tempo e ele finalmente caminha em minha direção.

— Como está sua cabeça? - Pergunta, usando polegar e o indicador para segurar meu queixo e trazer meu rosto mais próximo ao seu. Porque você está fazendo isso comigo? Sou uma piada por acaso?

— Ainda com dor, mas, melhor. — Comprimo meus lábios e depois os umedeço. Porque está me olhando assim, menino?

— Estou curioso... Faz isso sem querer ou simplesmente gosta de me provocar? - Ele pergunta ainda mais próximo. Misericórdia, é hoje que eu vou com Deus. Calma, coração, assim você vai explodir.

Toc, toc! Salva pelo gongo! Jimin se afasta em direção a porta enquanto me sento na cama. Minhas pernas estão trêmulas, minha respiração alterada. Olho para baixo e quase tenho um treco. Droga! Meus bicos estão bem visíveis agora. Aí, Deus! Já não passei vergonha o suficiente?

— Nossa comida chegou. - Olho para ele e minha boca mais uma vez se abre. Quero morrer! — Achei isso ali na porta. - Ele mostra meu sutiã e depois o coloca no armário do outro lado do corredor. E volta a empurrar o carrinho até próximo de mim.

   Fecho e aperto os olhos querendo sumir. Estou com tanta vergonha que tenho medo de estar muito vermelha agora.

— Você fica fofa quando fica com vergonha. Suas bochechas ficam vermelhinhas. – Diz, sentando-se ao meu lado.

— Desculpa. Não era para nada disso ter acontecido. Você viu meu pior lado. Eu não bebo, mas fiquei tão nervosa que fiz o que fiz. - Passo a mão pelo rosto tentando falar mais devagar. — Vou entender se não quiser mais me ver.

— Foi uma noite e tanto, confesso. Mas, você acha mesmo que eu fiz tudo isso, para ir embora no dia seguinte só por que você deixou cair seu sutiã no corredor? - Começo a rir. Ele me viu quase nua e agora catou meu sutiã. Nada mal para um primeiro encontro.

— Acho que... Não.

— Tome seu café e isso aqui também. - Me dá um comprimido. — Vai ajudar com a dor de cabeça. - Jimin retira as tampas que cobrem nosso café e abro um sorriso ainda mais sincero. — Meu pai disse que gostou da nossa torta, então pedi que trouxessem. Mas antes, precisa tomar a sopa de algas. Vai ajudar na ressaca.

— Só vou comer se você também comer. - Digo o observando. — Passou a noite inteira cuidando de uma doida bêbada. Precisa tanto quanto eu. - Ele sustenta meu olhar e novamente vejo aquele sorriso cheio de segundas intenções.

    Comemos em silêncio por um tempo. Apesar de ser a segunda vez que oficialmente estamos no mesmo ambiente, não me sinto desconfortável ou qualquer coisa nesse sentindo. Na verdade, me sinto tranquila, a não ser pelos momentos que ele liga o botão do flerte, aí fica muito difícil concentrar em outra coisa, de resto, estou tranquila.

— Muito bem! Agora que te alimentei e a senhorita colocou algo que não vai me fazer perder o juízo, pelo menos por hora. - Perder o juízo? Como assim? Espera.... Surtos internos. Espera para surtar depois que ele sair. Ele vai sair né? — Vamos aos negócios. Te fiz a proposta ontem, ela está de pé e não vou aceitar um não.

— Mas... Assim, eu não tenho opção alguma.

— O mínimo que você pode fazer por mim depois que quase quebrou minhas costas a noite passada, é aceitar. - Que safado chantagista dramático. Amei! — Eu entendo que quer conquistar as coisas sozinha. Por isso, o que acha se, você entrar com a mão de obra e eu com o dinheiro e caso ache necessário, você me paga o investimento inicial ao longo do tempo.

— E se não der certo?

— Vai dar!

— Como tem tanta certeza? - Levo as mãos a minha cintura e estufo o peito na tentativa de arrumar minha postura.

— Tá brincando, né? Você já comeu sua própria comida?

— Eu aceito. Vamos abrir um café em Seul então. - Estico minha mão, selando nosso acordo e assim que nossas peles se tocam, sinto aquele arrepio novamente. Meu corpo reage e isso não passa despercebido pelos olhos ágeis de Jimin, que apenas sorri.

— Ótimo! Que dia você volta para Seul?

— Depois de amanhã? Por que?

— Nada demais. - Ele se estica e alcança meu celular na mesa de cabeceira. — Sem senha?

— O que vai fazer? - Pergunto, o observando pegar o seu também.

— Se vamos ser sócios, preciso do seu número e você do meu. Aqui! Todo seu. - Ele se levanta e mostra a tela do seu aparelho para mim. Na sequência pega sua carteira, volta até a cama e beija minha testa. — Nos vemos na segunda feira então.

— Espera... Ei Jimin. Você me registrou como cachacinha? - Jura? Que cara de pau sem vergonha. — Não tinha outro nome não? - Olho para o nome que ele deu a si mesmo e fico indignada. — Ah tá! Você é inacreditável. Sweet Boy?

— Pode mudar se quiser. Tenho que ir.

— Não vai ter problema sair assim? Quer dizer... Você acabou de passar a noite com uma mulher em um quarto de hotel.

    Ele volta caminhando até mim e segura levemente minha cintura.

— Não se preocupa, cachacinha. Ninguém vai falar nada. ‐ Ele me dá um aperto na bochecha e sai sorrindo.  Deve estar escrito palhaça na minha cara... Não é possível. Eu vou mudar seu nome, ah eu vou.

— Você vai se chamar Canalha Cachaceiro.

       《♤》《♤》《♤》《♤》《♤》

    Park Jimin tem a capacidade de me tirar do eixo. Passei o dia inteiro pensando nele e em como as últimas 24 horas foram inacreditáveis, para dizer o mínimo. Antes de voltar a Seul, estive no Magnate, mas não encontrei o senhor Park, então deixei para ele uma pequena cesta de frutas e um bilhete agradecendo.

    A volta pra casa é cheia de dúvidas e incertezas. Eu sei exatamente o que quero e a sorte sorriu para mim. Antes de começar qualquer coisa, eu preciso conversar com meus chefes. Estou parada na porta do escritório que eles mantêm num dos prédios mais badalados de Seul. A cafeteira é apenas um dos negócios do grande império deles. Deus! Vou ter um treco. Quando aquelas portas se abrirem, tudo vai mudar. Pai, me ajude e ser firme.

    Adentro ao escritório e fico impressionada com a bela sala. A vista panorâmica da cidade é de tirar o fôlego e a decoração elegante deixa o ambiente ainda mais sofisticado. Senhor Kang me chama para sentar e finalmente conto o que me traz ali.

— Gostaria de agradecer pelas passagens e hospedagem em Busan. Fiquei muito feliz. - Começo. — Mas o que eu realmente queria falar é que eu decidi seguir meu sonho de abrir uma cafeteira. É uma paixão que tenho há muito tempo e eu sinto que é hora de correr atrás disso.

   Senhor Kang  sorri para mim antes de começar a falar.

— Eu sabia que um dia isso iria acontecer e estou feliz por ver que você está tomando a iniciativa para prosseguir com seu sonho.

— Eu entendo que isso pode levantar questões sobre meu trabalho aqui, e por isso, gostaria de entregar minha demissão. - Me sinto aliviada por ver que ele está me apoiando.

— Eu entendo sua decisão e acredito que você tem muito talento. Eu adoraria contar com sua ajuda na minha cafeteria enquanto você estiver organizando tudo para a sua própria.

— Será um prazer.

— Então ficamos entendidos assim. Ah! Não esqueça de notificar o Mino.
Esqueci completamente dele. Acho que não vai ser um problema. Amigos apoiam amigos.

   Acordo e sigo minha rotina. Dope está gritando no meu ouvido e é nessa vibe que vou trabalhar. Aqui estou eu ainda sozinha e aproveito o ânimo para dançar entre as mesas enquanto organizo. Uma girada e vou parar nos braços de alguém.

— Finalmente você voltou. - Mino sem dúvida não sabe quando desistir. Lhe dou tapinhas nas costas e começo a afastá-lo.

— Bom estar de volta. - Digo voltando minha atenção as coisas que fazia.

— Quanta frieza.

— Queria que eu me atirasse nos seus braços? - Brinco mesmo tendo a impressão que era justamente isso que ele queria.

— Senti falta até disso, sabia? Me conte tudo. Detalhe por detalhe.

— Eu realmente preciso falar com você.

    Somos interrompidos pelos demais funcionários e como já era de esperar, o dia passou de forma corrida. Depois da minha pausa meu celular não parava de vibrar, porém não tive tempo para verificar quem era. Quando dei por mim já estávamos fechando e lá estava eu sozinha com Mino novamente.

— Que tal tomarmos uma cerveja e você me conta tudo? - Lembranças embaraçosas da última bebedeira me vem a mente meio que imediatamente. Nem ferrando vou beber com você.

— Eu passo a bebida, mas preciso falar com você.

— Sou todo ouvidos.

— Me demiti hoje. - A cara dele demonstra o choque que leva. — Vou abrir minha própria cafeteria e já falei com o senhor Kang. Ele pediu para te avisar que ficarei aqui até que tenha tudo ajeitado.

— Meu bem, não pode fazer isso. - Mino dá dois passos na minha direção e tenta encostar em meu rosto. Me esquivo.

— Por que não?

— Não tem a menor possibilidade de dar certo. Você é ótima no que faz, mas acha mesmo que tem condições de cuidar de um negócio próprio? - Maldito sem coração. Tento controlar a vontade de chorar.

— Pois eu acho que ela é muito mais que capaz.

  

   

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