Capítulo 2

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O salão real estava cheio.

A música alta conduzia os casais mais velhos para o centro do salão, enquanto as moças mais novas rodopiavam em grupo com os seus vestidos pomposos, feitos de forma exclusiva para elas pelos melhores costureiros do reino. Seus cabelos estavam escovados e penteados com os adornos mais elegantes que suas casas possuíam, não importaria se machucavam ou pesavam em suas cabeças. Tudo valeria a pena se atraíssem olhares de algum rapaz de alto nível na corte como um barão ou um duque, se tivessem sorte, até mesmo um príncipe.

O ambiente estava iluminado com diversos candelabros ornamentados em ouro, presos ao teto pintado com delicadas e suaves pinceladas, retratando a figura de anjos e querubins. Flores douradas decoravam o centro das mesas espalhadas pelo local e um belíssimo tapete vermelho levava até uma pequena escadaria, onde se encontrava o trono real.

O Rei Petrus estava sentado em seu trono de forma estoica. O olhar era sério, emoldurado pelas sobrancelhas grossas e claras como o seu cabelo. Seu dedo indicador batucava o braço do trono no ritmo da música. O traje militar dourado reluzia, coberto por seu manto real que deixava a sua figura ainda mais imponente, como se apenas sua majestosa coroa não intimidasse qualquer um que ousasse o encarar por mais de um segundo.

Ao seu lado, a Rainha Elora se destacava em seu vestido vermelho adornado em ouro e cristais, um manto branco de seda e fios de ouro desciam por seu ombro como uma cascata. Ela cochichava algo para a filha que mantinha a postura ereta e um sorriso nos lábios.

Maren se levantou e desceu as escadas com a graça de uma verdadeira rainha, não demorou para todos a admirarem e a música trocar após um breve estalar de dedos da rainha. Estava na hora, a princesa teria a sua primeira dança.

Eu lembro das aulas de dança que tive junto de Maren, sempre supervisionadas pelo olhar afiado da rainha. Ainda sinto como se agulhas perfurassem os meus pés após horas intermináveis de rodopios e reverências. Digamos que dançar não era uma das minhas maiores habilidades, mas Maren ainda conseguia ser pior que eu, por isso poucos aceitaram ser o seu par durante as aulas.

Eu estava em um canto do salão. Observava ela descer as escadas em seu belíssimo vestido azul claro bordado com os cristais mais lindos do reino. De seus ombros, desciam mangas longas que iam até o chão e esvoaçavam conforme ela caminhava. Claro que seu dom de manipular o ar ajudava. Seus cabelos loiros e perfeitos eram enrolados como os de sua mãe, possuíam uma trança na parte de cima de sua cabeça, onde era presa sua coroa.

Maren parou e fez uma reverência em frente ao Príncipe Cyrus de Caelum, que seguiu sua reverência e a conduziu para o meio do salão.

Avistei Corbin piscar para mim próximo a uma das mesas e senti meu rosto corar. Sorri para ele, mas logo o perdi de vista no momento em que os convidados se aglomeraram para ver a valsa da princesa.

Os dois dançavam em sincronia, passos calculados e sorrisos frios estavam estampados em seus rostos, Maren parecia flutuar enquanto Cyrus a conduzia. Qualquer um podia ver e sentir a força e poder que emanava do casal. Ar e fogo, os próximos herdeiros ao trono.

A dança durou alguns minutos até todos se juntarem a eles e o próximo príncipe a convidar para dançar.

- O que está achando da festa? - Me arrepiei ao ouvir a voz conhecida atrás de mim. Me virei para olhar melhor para Corbin que sorria divertido para mim.

- Um pouco entediante, você não acha?

- Talvez uma dança melhore o seu humor? - Vi Corbin estender sua mão em minha direção e eu a afastei envergonhada.

- Eu não danço muito bem. - De zero a dez, eu me dava uma nota sete no quesito dança, mas o nervosismo que ele causava em mim fazia essa nota descer para zero.

A Filha do InfortúnioWhere stories live. Discover now