Capítulo 15

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Nenhum de nós sabia como encontrar os Menthalis. Na verdade, tínhamos pouquíssimas informações sobre eles. Passamos as últimas semanas procurando por cada livro na biblioteca e Aeron nos proibia de permitir que aquele assunto chegasse aos ouvidos do tio. Eu sou muito grata por tentarem me ajudar, mas não acho que seja possível.

Kaius achou que pudesse conseguir mais informações na cidade e arrastou Aeron para uma pequena missão sem mim. Isso me fez acordar com a cara fechada, se tudo isso era pra me ajudar, por que eu não podia ir junto? Meu semblante se fecha ainda mais ao saber que, por conta do passeio dos dois, meu treinamento hoje ficou nas mãos de Thalia. Definitivamente não gostávamos uma da outra.

O frio do lado de fora do castelo era notável e me obrigava a usar roupas mais quentes durante os treinos. O céu estava cinzento por conta da massa de ar frio e o tilintar das espadas era audível por todo lado.

Nos aproximamos uma da outra com cuidado, nos movendo como um predador cauteloso. Thalia deu o primeiro passo, avançando com um golpe diagonal que eu desvio e revido com um ataque mais rápido. Minha espada desliza perto do seu rosto e faz com que uma mecha do seu cabelo trançado se solte.

Eu não sabia ao certo o motivo de ela não me tratar bem desde o primeiro dia, mas depois de tudo o que eu passei, a última coisa que vou me importar é com a sua dor de cotovelo. Nossas espadas colidem com força e posso ver as faíscas que saltam do metal.

Estamos nisso a quase duas horas, minhas têmporas estão molhadas pelo suor e a espada já começa a ficar pesada em minhas mãos. Tenho vontade de arrancar seus olhos cada vez que me olha de forma prepotente, deve ter pego a mania de Aeron, mas eu posso jogar um prato nele se me irritar.

- Vamos tornar isso mais interessante. - Ela comenta, já tão exausta quanto eu.

Ela guarda a espada nas costas e arremessa duas bolinhas pequenas em minha direção. Eu me afasto o mais rápido que posso conforme elas explodem, liberando uma fumaça densa por todos os lados. Apenas algumas silhuetas podiam ser distinguidas em alguns locais.

- Seu brinquedinho novo? - Eu pergunto enquanto procuro sua localização.

- Não me insulte. - Sua voz vem da minha direita. - Esses eu criei ainda criança. - Agora, vinha da esquerda.

As faíscas brilham em minhas mãos e eu lanço as correntes elétricas para ambos os lados, mas não encontro o meu alvo. Escuto sua risada e olho para cima, algo preto e gosmento vinha em minha direção. Corro rápido o suficiente para não ser atingida.

-Não deixe que toque em você. O ácido pode corroer.

-Muito legal da sua parte me avisar. - Eu retruco já irritada com seu tom de voz.

A fumaça à nossa volta está mais dissipada e consigo ver onde ela aterrissou após o último ataque. Concentro meu poder em minha espada e ela treme em minhas mãos. Da última vez que tentei isso com Kaius a espada havia se despedaçado, mas agora ela é envolta por minhas correntes e, quando a cravo no chão, elas correm certeiras pelo solo em direção a Thalia.

Não consigo conduzir em uma distância tão longa, mas é o suficiente para atingi-la de raspão.

-Você não é tão inútil quanto eu pensei. - Ela desdenha, mudando seu peso para a perna que não foi atingida, ainda com a guarda alta.

-E você não é tão patética quanto aparenta. - Seus olhos estão fixos no meu e eu arqueio o canto esquerdo dos meus lábios.

-Bondade sua. - Sua postura muda, indicando que havia acabado. - Vamos terminar por aqui, não queremos que as suas mãos delicadas fiquem calejadas Lady Verena.

A Filha do InfortúnioWhere stories live. Discover now