Capítulo 11

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Eu dou um gole na minha taça de vinho e choramingo, tentando parecer triste o bastante para ser salva pelo pinguço ao meu lado, como uma donzela em perigo. Eu daria risada se não estivesse nervosa.

-Está sozinha, senhorita? - O homem ao meu lado me dirige um olhar malicioso e consigo ouvir risadas baixas dos seus amigos.

-Infelizmente sim. - Respondo fazendo uma cara triste. - Um homem marcou um encontro comigo aqui, mas não apareceu. O que há de errado comigo?

O homem agora tinha toda a sua atenção em mim, seus olhos percorriam cada centímetro do meu corpo e eu tentava não parecer desconfortável com isso.

-Não tem nada de errado com você. - Ele pega minha mão e deposita um beijo. - É a mulher mais bela que eu já vi em toda minha vida.

Eu dou um sorriso tímido em sua direção e agradeço pelo seu elogio carregado de segundas intenções. Começo a puxar assunto, conto o quanto gostaria de estar me divertindo naquele momento e de quão longe eu vim para um encontro frustrante. Ele me faz algumas piadas maliciosas como se fosse um galanteador nato, suas mãos passeiam por minha coxa enquanto conversa.

Localizo a sua carteira no meio das suas roupas, Aeron me disse que estaria na calça, mas o homem guardava dentro do bolso interno de um casaco que usava. Inferno.

Eu me sinto incomodada. Depois do que eu passei com Galen, não gostaria de ter mais ninguém me tocando por um bom tempo, se possível, nunca mais. Tomo um gole de vinho na esperança de que a bile não suba e que eu consiga disfarçar a minha raiva. Deixo que se aproxime o suficiente e começo a passar minhas mãos pelo seu peito, elogiando sua forma física e apertando seus bíceps quando chego em seus braços.

Nada como mexer com o orgulho de um homem. Agora ele se exibia tanto para mim, quanto para os seus amigos que riam da sua pose patética. Meus dedos roçam suavemente sobre a sua carteira, mas ele se vira para o balcão para pedir mais uma bebida. Pela Deusa, Aeron deveria saber que eu nunca fiz isso, eu não vou conseguir pegar.

Escuto meu estômago roncar, já estava anoitecendo e não havíamos comido nada por conta da chuva. O homem me olha e se aproxima para sussurrar em meu ouvido. Pelo visto, meu estômago não é tão discreto quanto eu gostaria.

-O que acha de sairmos daqui e irmos nos divertir em outro lugar? - Ele pergunta, já com a mão firme em minha cintura.

-Eu não conheço nada aqui em Caelum, é a primeira vez que venho para cá - Eu tento controlar a minha respiração, estava quase acabando, eu só precisava levá-lo para fora.

-Não se preocupe! Vou lhe mostrar o melhor lugar para jantar, com direito a sobremesa. Vamos?

Com um movimento rápido eu pulo da cadeira, terminando de virar a minha taça. Lanço o meu sorriso mais sedutor e penso se não estou fazendo uma careta no lugar, eu nunca fiz algo assim em toda minha vida.

Ele nos guia em direção a porta, sua mão não me solta por um segundo. Olho para Aeron que se mantém na mesa agarrado em um copo de cerveja.

Sua carruagem está parada bem na frente, diferente das de passeio, essa tinha uma espécie de baú na parte de trás, onde deveriam estar seus materiais de trabalho e bugigangas para venda. Ele me ajuda a subir na parte da frente segurando descaradamente em minha bunda. O controle que tenho que ter para não lhe dar um belo pontapé é indescritível.

Ele sobe e senta ao meu lado no banco, segura firme nas rédeas e dá o comando para os cavalos começarem a andar. Algumas quadras depois e percebo que já estamos em uma área mais discreta e isolada. O plano sairia perfeito, Kaius iria nos emboscar como em um assalto e depois o deixaria desacordado. Não usar suas habilidades era crucial para que não rastreassem algum traço de poder, podendo prejudicar a nossa fuga.

A Filha do InfortúnioOnde histórias criam vida. Descubra agora