Capítulo 12

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Eu estava em um sonho, eu tinha certeza disso pela forma distorcida da paisagem. Era um lugar sombrio e desconhecido, o céu estava carregado de nuvens escuras que ocultavam a lua e as estrelas. Ao meu redor havia apenas ruínas do que, um dia, foram casas.

À medida que eu avançava, sons estranhos ecoavam: gritos desesperados, risos distantes e passos apressados. Eu senti que estava sendo observada e uma sensação esmagadora tomou o meu peito.

Ao longe, escondida por um nevoeiro, uma figura se movimentava sem esforço pela paisagem, como uma sombra sinistra. Seus olhos eram como um buraco negro, vazios e sem vida e um sorriso macabro rasgava o seu rosto.

Eu tento correr, mas meus pés pareciam pesados como chumbo e aquela sombra se aproximava cada vez mais. A sensação de desespero aumentava e, por mais que eu tentasse gritar, nenhum som saía da minha garganta.

Sinto mãos frias agarrarem os meus braços e eu tento me debater para me soltar, mas isso só faz com que me aperte com mais força. Eu acordo em um sobressalto, com o coração martelando no meu peito.

-Está tudo bem. Sou eu. - Eu respirava fundo e tentava me acostumar com o ambiente ao meu redor. Aeron estava em pé ao lado da minha cama. - Você estava tendo um pesadelo.

-Por um momento, parecia real demais. - Ele me estendeu um copo com água que eu prontamente aceitei.

- Essa é a graça dos pesadelos. - Não tenho certeza se isso era para soar reconfortante. - Você estava gritando, imagino que fiz bem em te acordar.

-Me desculpe. Eu estava sendo perseguida por alguma coisa horrível e não conseguia correr, nem mesmo gritar.

Devolvi o copo vazio para ele que deixou em uma mesinha ao lado da minha cama. Ele se ajeita para sentar ao meu lado e se encosta na cabeceira, o folgado acha mesmo que vai ficar alí?

-Não se preocupe, eu não consigo dormir muito de qualquer forma. Acha que consegue voltar a dormir?

-Para falar a verdade, talvez eu demore um pouco. Ainda estou com aquela cena na minha cabeça.

-Posso te fazer companhia se quiser. Eu sei como é querer distrair a cabeça depois de um pesadelo.

Fico quieta por um momento, absorvendo as suas palavras. Aeron sempre foi mais quieto, envolvido com seus próprios pensamentos. Me lembrei das noites em que me aquecia e me fazia sentir segura, mesmo depois de todos os horrores que passei.

-Posso te fazer uma pergunta? - Eu puxo assunto, aproveitando para sanar uma curiosidade minha.

- Claro.

-Por que atacou o castelo? - Ele me encara com seus olhos fixos no meu, parecia ponderar se me contaria ou não.

-Estava seguindo ordens. - Respondeu simples.

-Ordens para...?

-Sequestrar a Princesa Maren. - Meus olhos arregalaram.

-Maren? O que poderia querer com ela?

-Eu nada. Adrian sim, mas o rei nunca conta seus motivos.

-E como foi pego?

-Digamos que eu me distraí com uma garota usando seus poderes pela primeira vez. Eu tentei encurralar o rei, para tirar a atenção da guarda da princesa, mas depois disso eu o perdi de vista e quando fui em busca dele eu acabei sendo pego pelo general que estava em nossa escolta.

-Eu estou te atrapalhando desde o início então?

-Seriam muito cruel da minha parte dizer que sim. Mas você compartilhou informações comigo, ajudou a descobrir nossa localização e a fugir.

A Filha do InfortúnioWhere stories live. Discover now