O POVO DA RAINHA É CAPTURADO

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Zayan permaneceu na vila por talvez dois meses. A cada dia, tornava-se mais respeitado, e conhecia com detalhes aquela cultura. Já podia falar sem nenhum sotaque, e o vocabulário lhe era extremamente vasto. Ouviu histórias sobre deuses e titãs, há muito esquecidos pelo passar das eras.

O homem do espaço era sempre o primeiro a ser chamado para a caça, e muita das vezes, liderava grupos inteiros. Tornou-se amigo de Levi, que logo o admirava como nenhum outro.

E foi numa tarde quente que o ataque aconteceu, quando ambos dirigiam-se à floresta, lanças e clavas à disposição. Muitos guerreiros os seguiam, cheios de expectativas sobre o que comeriam após o serviço.

Naquela hora, o grupo havia avançado bastante, e o sol começava a cair do céu. Zayan percebeu ruídos de passos entre as ramagens, e parou, acenando com a mão.

— Alguma coisa rasteja dentre os troncos — disse ele. — Fiquem de olhos bem atentos!

Levi assentiu com a cabeça, uma lança bem pontuda em seus longos braços grossos. O restante da comitiva prontificou-se, colocando-se em posição defensiva. De repente, uma avalanche de duendes saltou dentre os arbustos, voando em seus inimigos naturais.

Os olhinhos amarelados brilhavam, e as facas de ossos subiam e desciam nas gargantas dos súditos de Alice. Seus gritos ecoaram em meio à clareira, e o sangue espirrou nos troncos e ramos.

Assim que o ataque começou, Zayan havia saltado para longe das armas dos inimigos. Segurava sua faca, buscando o foco em meio à toda aquela confusão sangrenta. Ele viu um inimigo que se destacava, coordenando suas tropas na direção do clã aliado. Era Walros, o rosto cheio de sulcos fundos de marcas de expressão.

Zayan nunca vira um duende de tão alto porte, golpeando com a lâmina longa que segurava. Todos os homens que buscavam quebrar-lhe a guarda eram completamente trucidados, e tombavam no mato.

O homem do espaço não perdeu mais tempo, e abriu caminho, matando qualquer duende que se aproximasse dele. Deixou uma trilha de cabeças rolando, e cadáveres cheios de furos.

Finalmente, ficou cara a cara com o líder, ambos ofegando devido ao esforço da batalha. A criatura cuspiu saliva na cara de Zayan, e atacou-o com ferocidade. O homem defendeu-se habilmente, aparando os golpes com a faca. Conseguiu por fim uma brecha, desferindo uma estocada no peito do inimigo.

Mas Walros era muito ágil, e desviou-se facilmente da manobra. Percebia que aquele guerreiro era muito superior aos outros, e não arriscaria morrer lutando sozinho contra ele. Assoviou alto, e a esse sinal, seus lacaios voltaram-se todos contra Zayan.

O homem resistiu firmemente, degolando dezenas de duendes que ousaram tentar tirar-lhe a guarda. Entretanto, por mais que vários deles tombassem, a quantidade era tamanha, que logo subjugaram o estrangeiro.

Walros podia vê-lo lutar, e aproveitando aquele momento de fraqueza, pegou brutamente uma lança de um de seus servos, arremessando-a no peito de Zayan. O homem do espaço, por estar cercado de inimigos, não viu a arma chegando pelos ares, e foi atingido em cheio no tórax.

Assim que fraquejou perante a força do golpe, o contingente de duendes ao redor lhe moeu de pancada e cortes. Deixaram-no caído no chão, completamente ensanguentado. O restante dos guerreiros de Alice foi capturado, incluindo Levi. Encontravam-se amarrados, e suas esperanças haviam-se esvaído diante da morte de Zayan. Levi não acreditava naquela imagem destroçada de seu tão admirado companheiro, e seus olhos estavam cheios de lágrimas.

Walros, entretanto, tinha um grande sorriso no rosto, os dentes afiados brilhando de alegria.

— Vamos, homens! — disse ele. — Levem os escravos conosco, e deixem a carcaça desse imundo para os tigres!

Ouviu-se o som de risadas animalescas, e os duendes começaram a arrastar os prisioneiros, colocando neles as pontas afiadas de suas armas. Enquanto isso, para Zayan, havia apenas a escuridão.

ZAYAN DO ESPAÇOWhere stories live. Discover now