TOMADO PELAS TREVAS

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Os três companheiros foram correndo pelo caminho de degraus, quase tropeçando entre eles. Zayan nada conseguia ouvir, a não ser um terrível zumbido no ouvido, que o fazia ficar muito enjoado. O sangue em seu corpo pingava por toda a trajetória de Levi e Alice, escorrendo para baixo.

Eles ainda escutavam os sons da batalha, até que estes tornaram-se muito pacatos, terminando com o fim do combate. Os rostos dos dois estavam muito pálidos e abatidos, mas a vontade de viver e levar o guerreiro do espaço em segurança era maior que o medo em seus corações.

Logo, pela velocidade ensandecida com a qual subiram, viram a luz da superfície. Ela entrava por uma boa fresta na terra, iluminando seus pés. Finalmente venceram o último degrau, e estavam em terra. Demorou que se acostumassem à claridade, mas, de todo modo, continuaram correndo, pois não podiam perder mais tempo.

Embrenharam-se na vegetação, encontrando uma clareira para depositar o homem do espaço. Este mexia apenas a cabeça, completamente inerte. Acamparam no local, enquanto cuidavam do companheiro ferido. Alice tinha grande preocupação em seu coração de soberana, esperando que o amado retornasse. Lavava suas feridas e beijava-lhe os lábios.

— Por favor, volte, Zayan — murmurava.

Levi ficou do mesmo jeito, incrédulo diante da situação do tão forte combatente. Admirava-o, e sabia que conseguiria sair dessa, apesar da gravidade dos cortes que o haviam penetrado.

Eles permaneceram ali por bons dias, aguardando. Enquanto isso, dentro da mente de Zayan, vários sentimentos sambavam de um lado a outro. Ele via os rostos de Walros e Fenir, rindo-se dele. Primeiro, lutavam ferrenhamente, feitiços e espadadas voando de lá para cá.

O homem do espaço esforçava-se para derrotá-los, mas suas energias eram extremamente possantes. O duende parecia mais musculoso que o normal, e as bolas de fogo de Fenir queimavam feito o sol.

Em dado momento de tais devaneios, Zayan viu-se derrotado, agachado diante dos homens que o subjugavam. Foi então que Walros aproximou-se, fazendo-lhe uma proposta. Novamente, pedia-lhe que se unisse a ele; dessa forma, seriam imbatíveis. O feiticeiro, o chefe dos duendes e o guerreiro do espaço, lutando como uma única fronte de batalha. Valeriam por mil homens, e ninguém lhes tomaria os domínios.

Era a parte das trevas nos pensamentos de Zayan que tomavam conta, chamando-o a práticas do mal. Desejava escravizar, matar e ser um rei. Enquanto seus ferimentos saravam, cada vez maiores estavam seus desejos. Podia notar que Alice o ajudava a melhorar, mas a única coisa que sentia por ela era ódio. Queria tirá-la de seu posto, tomando-lhe as vilas e prestígio.

Apesar de tais sentimentos obscuros, ainda resistia na mente civilizada do homem do espaço algum rastro de compaixão. Não conseguia tornar-se por completo alguém mal, e seus impulsos foram contidos pela moralidade que ainda lhe restava.

Mas, sem sombra de dúvidas, após aquela quase morte, Zayan do espaço não era mais o mesmo. Quando finalmente ergueu-se, Alice e Levi perceberam encontrar-se extremamente apático. Não lhes disse uma palavra, o rosto austero fechado para as árvores que se estendiam ao redor. O ódio o queimava; sua parte das trevas o impelia a matar os companheiros, mas ele ainda pôde resistir a isso.

— Zayan! — exclamou Alice. — Que bom que se levantou!

Ele nem olhou para ela. Sabia que se o fizesse, poderia esmagá-la com as próprias mãos. Tinha de fugir dali agora mesmo! Levi aproximou-se, buscando pegar-lhe pelos braços. Tomou um soco no queixo, sendo lançado na direção da rainha. Esta boquiabriu-se, e agarrou o companheiro antes que ele caísse no chão. Quando tornou a olhar para onde estava Zayan, ele já tinha desaparecido.


ZAYAN DO ESPAÇOحيث تعيش القصص. اكتشف الآن