O MONSTRO

43 7 38
                                    

Walros os estava seguindo há dias, e seus súditos mal aguentavam correr o tanto que lhes era exigido. Os rastreadores mantinham os narizes grudados no chão, buscando por Zayan enlouquecidamente.

Finalmente viram as cavernas, em cima das colinas na planície verde. Uma onda de medo encheu-lhes os corações. Nenhum queria seguir em frente, e muitos tentaram correr para salvar suas vidas.

Mas Walros não os perdoou, capturando os desertores e os torturando até a morte, para que servissem de exemplo a qualquer outro que seguisse pelo mesmo caminho.

Quando alcançaram as bocas das cavernas, todos se tremiam, na esperança de que Walros mudasse de ideia e os fizesse partir.

— Senhor — disse um servo —, não acha melhor deixarmos que morram de fome aí dentro?

— Cale a boca! Pensa mesmo que isso é possível? Se eles conhecem a entrada, devem saber de outras saídas. Se aguardarmos, com certeza fugirão. Vocês aí, podem acender as tochas e ir na frente!

Cheios de medo, os duendes obedeceram, e um grupo de três deles avançou. Walros e o restante veio logo em seguida. O silêncio fez-se na caverna, até o momento em que a luz da entrada desapareceu. Alguns homenzinhos começaram a choramingar, e o chefe teve de endireitá-los à tabefes e pancadas de porrete.

Enquanto isso, Zayan e Bento começavam a ouvir um som de passos, e ambos ficaram pálidos.

— Não é possível — sussurrou Bento. — Eles não deveriam ter entrado.

— Parece que Walros conseguiu dar-lhes um empurrãozinho — disse Zayan.

— Vamos continuar mais para baixo.

Reacendendo a tocha, Bento foi na frente. Embrenharam-se ainda mais na caverna, até que começassem a perceber luz novamente. Há vários metros do caminho em que prosseguiam, lá no alto, uma grande fenda deixava o sol entrar.

Havia muitas rochas ali, e um cheiro que os fez ficar muito enjoados. Era o odor de carne morta, acompanhado por dezenas de esqueletos espalhados pelo chão. Pareciam-se com o de seres humanos, estirados em cada canto em que pisavam.

— Que será que os matou? — disse Zayan.

— Eu não sei. Mas isso não é um bom sinal.

Encontraram uma boa pedra para se esconder, quando escutaram uma voz atrás deles.

— Zayan!

O homem do espaço virou-se, e lá estava Walros, saindo pela trilha do túnel escuro. Atrás dele, muitos duendes menores, as armas em riste.

— É melhor não vir até aqui — disse o estrangeiro. — Alguma coisa matou essa gente, e pode ter certeza de que não lhe custará nada trucidar mais alguns desgraçados.

— Voltem para a imundície da qual vieram! — gritou Bento, segurando sua lança com força.

Mas Walros apenas sorriu, e exclamou a seus servos que atacassem. Por mais que estivessem cheios de medo, os demônios obedeceram, e iniciaram uma brutal investida contra os dois guerreiros.

Zayan e Bento frisaram as sobrancelhas e preparam-se para lutar lado a lado, até que a morte viesse ao encontro deles. Os duendes estavam quase muito próximos e iniciando o combate, quando um rugido paralisou a todos.

Viraram-se para o lado, e diante deles, um monstro terrível se apresentava. Tinha uma face reptiliana, e grandes olhos com pupilas fendidas. Suas escamas reluziam à pouca luz das tochas, e os dentes brilhavam no que se parecia um sorriso maquiavélico.

ZAYAN DO ESPAÇOWhere stories live. Discover now