CAÇADORES MISTERIOSOS

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A floresta se adensava à medida em que os aventureiros iam por ela. Zayan cabeceava a fila indiana, cortando com sua arma qualquer vegetal que lhes atrapalhasse passar. Ao longe, podiam ainda ouvir os sons diabólicos do exército de Fenir. Tinham de continuar a mover-se, mesmo que o cansaço enchesse seus corações e mentes.

Levi tinha muita dificuldade em ir no mesmo ritmo do companheiro. Seus braços e pernas doíam com intensidade, e os olhos começavam a cair; a barriga roncava, deixando-o zonzo. Zayan logo percebeu as necessidades do guerreiro, e por fim pararam.

Nada ouviam a não ser as cornetas, e os passos dos perseguidores, que mesmo distantes, podiam ser notados. Ficaram numa pequena clareira, e o homem do espaço disse a Levi que cuidasse de Alice, enquanto ele fosse caçar algo para que comessem.

Levi não fez nenhum questionamento, e logo, o estrangeiro havia partido. Esgueirou-se pelos ramos à procura de algum animal que pudesse alimentá-los com fartura. Após o que se pareceram boas horas, encontrou uma gazela selvagem, comendo mato num leve espaço aberto das árvores.

A luz das fortes tochas do local subterrâneo, mesmo em áreas cheias de vegetação, permitia-lhe que visse o belo bicho. Os chifres lustrosos saíam da cabeça peluda, e o focinho em nenhum momento desviava-se do alimento.

Zayan ergueu o machado, preparando-se para jogá-lo na bela criatura. Mas mal realizara o movimento, quando flechas surgiram dentre as folhagens, voando num borrão. O homem do espaço mal viu-as, apenas reparando-as quando estas já se encontravam no pescoço do bicho.

A gazela tombou com um baque surdo, enquanto o guerreiro recuava para as sombras. Sem nenhuma dúvida, alguém também caçava naquele lugar, e estava tão faminto quanto ele.

Observando a região por detrás de muitas folhas aglomeradas, Zayan notou dois homens relativamente altos apareceram na clareira. Entretanto, suas feições não eram exatamente as de homens. Estavam encobertas por pelos longos e espessos, ainda em maior volume do que nos Amurakes.

O humano ficou impressionado com a altura daqueles seres, que chegava quase à dele. Carregavam lanças e arcos consigo, como também aljavas para levar flechas de plumas negras.

Não demorou muito para que se agachassem sobre o animal morto, e o levantassem juntos. Zayan aproveitou o instante para pular floresta adentro, escapando assim de possivelmente ser descoberto. Foi em alta velocidade pelo caminho de volta, o que lhe garantiu segurança.

Ele não sabia que seres eram aqueles; poderiam ser inimigos ou amigos. Entretanto, não valia a pena arriscar. Retornou em pouco tempo à clareira em que os dois companheiros estavam.

Levi parecia ainda pior do que quando Zayan partira. Havia duas olheiras em torno de seus olhos, enquanto Alice jazia bamba em seus braços enfraquecidos.

— O que aconteceu? — murmurou ele para o homem do espaço.

— Encontrei outros ocupantes deste local — disse Zayan. — Não estão muito distantes de nós.

— Podem nos ferir?

— Sim. Mas não sei se o farão. Talvez apenas se os incomodarmos.

— Acho que não fará diferença. O exército de Fenir se aproxima. Ou ficamos aqui e os esperamos para nos matar, ou damos um jeito de sanar esta maldita fome para continuarmos viagem...

O homem do espaço mal parara para responder àquela melancólica, porém verdadeira afirmação, quando uma figura surgiu das sombras. Zayan virou-se a tempo de ver o que era, sufocando um grito rouco.

Um daqueles seres peludos punha-se diante dele, a lança erguida ao alto. Os dentes, afiados e amarelos, arreganhavam-se, sentindo tremendo desejo por morder.

Zayan deu um passo para trás, o machado bem seguro pelos braços fortes. Esperava que o animal atacasse, para assim abatê-lo e restituir a segurança de si e dos amigos. Entretanto, o pensamento mostrou-se falho no momento em que dezenas dos humanoides começaram a brotar para juntar-se ao guerreiro solitário que primeiro se mostrara.

Agora, o estrangeiro e seus dois protegidos encontravam-se cercados de inimigos, que rosnavam de cada canto de galho que lhes cobria as vistas.

ZAYAN DO ESPAÇOWhere stories live. Discover now