A RAINHA SE PREOCUPA

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Alice mal conseguira pegar no sono. Nos poucos minutos em que os sonhos lhe vieram, foram acompanhados por avalanches de pesadelos. Podia escutar os gritos de Zayan, como se ele pudesse chamá-la de onde estava. Por fim, acordou encoberta de suor, empapando a relva em que se deitava. Tomou um pouco de água do alforje que trouxera, e ficou sentada encarando a escuridão, ouvindo as batidas fortes de seu coração angustiado.

Até que a guerreira rastreadora apareceu, uma sombra altiva parada diante dela.

— Rainha, seus súditos retornaram.

— Onde eles estão? — falou, desesperada. — Diga-me!

A guerreira guiou-a pela floresta, até que chegassem diante do grupo de Levi. Estavam todos ofegantes e famintos, marcados por lesões de chicotes e facas.

— Zayan? — disse Alice. — Onde está Zayan?

Levi olhou-a com as pálpebras descidas, cheio de tristeza.

— Ele ficou para que pudéssemos nos salvar, majestade — falou.

— Isso não é possível! Como podem tê-lo abandonado diante daqueles animais?!

— Não tivemos escolha. Eles eram muitos, e estávamos fracos e desnutridos.

— Pois têm escolha agora! Ir comigo para salvá-lo esta noite, ou serem jogados aos tigres, como punição pela covardia!

Todos paralisaram as respirações, completamente assustados com a ira da rainha.

— Dê-me uma arma — disse Levi. — E eu terei o prazer de ir com a senhora, e mostrar-lhe o caminho.

Ninguém mais discutiu. Muitos ali não desejavam ir, mas o medo que tinham de Alice fez com que se mexessem. Logo haviam comido uma refeição parca, mas que serviria para a caminhada, e partiram noite adentro.

Levi ia ao lado de sua rainha, indicando-lhe o trajeto, mas seus pensamentos estavam constantemente em Zayan. Imaginava se o poderoso guerreiro poderia ainda estar vivo, e desejou que fosse melhor que não. Os duendes eram famosos pelas mais terríveis torturas, as quais causariam calafrios em qualquer um.

Prosseguiram em marcha firme até o momento em que os primeiros raios de sol surgiram no céu. Subiram uma alta colina, e descendo por ela, lá estava a vila de duendes.

Alice observou-a com atenção, procurando por sinais de vida. Viu as fogueiras apagadas, alguns corpos de inimigos e muito sangue, tanto vermelho quanto escuro. As armas não estavam à vista, e nem qualquer tipo de ruído.

— Eles partiram — disse ela. — E levaram nosso companheiro com eles.

ZAYAN DO ESPAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora