UNIDOS CONTRA O HOMEM DO ESPAÇO

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Era mais ou menos metade da tarde, e Zayan encontrava-se ao lado de Levi, comendo uma boa sopa preparada pelos Yamumanis. Conversavam em como o treinamento andava, e sobre o condicionamento dos soldados.

Trocavam tais palavras, quando ouviram as trombetas de Fenir. Logo, o homem do espaço arregalou os olhos, ao mesmo tempo em que se enchia de raiva.

— Eles chegaram! — exclamou.

Levi assentiu, munindo-se de uma lança a seu lado. Zayan não esperou mais, e saiu pulando pela vila, gritando a todos que o inimigo estava à porta. Os Yamumanis, por incrível que pareça, não sentiram nenhum medo. Haviam se preparado para aquele momento, e simplesmente colocaram-se em seus postos, munindo-se de armas e escudos.

O chefe deles juntou-se a Zayan. Tinha o corpo e o rosto todos pintados de uma tinta vermelha, o que indicava seu espírito de combate.

— Então — disse ele —, finalmente lutaremos juntos, estrangeiro.

— Será uma honra — falou Zayan, apertando-lhe a mão.

Mas não havia mais tempo para cordialidade. O homem do espaço já podia enxergar os olhos acesos dos esqueletos, movendo-se pelas sombras das árvores. Flechas voaram na direção da vila, caindo em muitos homens, trespassando-lhes os corpos. Zayan manteve-se firme, erguendo um escudo de madeira que havia feito dias atrás. Várias setas fincaram-se a ele, fazendo-o tremer levemente.

Enquanto os malditos monstros invadiam a vila, ocorreu a Zayan que Alice estava só em sua cabana. Precisava protegê-la, e nenhuma palavra disse a Yamumani quando saiu correndo em sua direção. Já ali encontravam-se dezenas de inimigos, vários deles com tochas nas mãos ossudas, prontos para queimar qualquer choupana.

Rugindo feito um leão, o homem do espaço lançou-se a eles, pisando-lhes as cabeças e estocando com a espada. Partia muitos, enquanto tentavam defender-se do poderoso guerreiro. Entretanto, a força do ódio em Zayan era tamanha, que logo exterminara todos eles, reduzindo-os a pó.

Arfando, entrou na cabana para ver a amada, percebendo que se encontrava bem. Apesar de todos os ruídos da batalha, o sono acometera a rainha, ainda vítima de dias passados em fome e desgraça.

Mas mal ele parara para descansar, quando sentiu uma mãos puxar-lhe pelo pescoço. Ele viu apenas um rosto enfurecido e branco, erguendo afiada faca para lhe perfurar o coração. Era Ykan, rosnando como um cão enfurecido. Desejava mais do que tudo fazê-lo sangrar, e nada temia naquele instante.

Zayan logo reagiu, desvencilhando-se do aperto e dando uma escudada na cara do inimigo. Ouviu-se o som de ossos se quebrando, e três dentes voaram da boca da criatura. As gengivas sangravam, deixando-o empapado com o líquido. Ykan disse coisas terríveis, amaldiçoando o homem do espaço, mas este apenas manteve-se focado, e atacou com forte estocada. Esta atravessou o pescoço do bicho, e fê-lo vergar-se ao chão.

O guerreiro então finalizou-o com uma meia lua da espada, deixando-o inerte pelo solo avermelhado.

Enquanto Zayan defendia a amada, Levi lutava ao lado de Yamumani. Ambos encostavam as costas um no outro, para que assim pudessem cuidar da retaguarda.

Diferentemente da situação do homem do espaço, eles estavam sendo cercados por Ykans, tão enfurecidos que não paravam de berrar feito animais.

Yamumani lutava feito um tigre, rugindo e descrevendo golpes perfeitos com a lança. Cada inimigo que punha-se em seu caminho tinha o crânio trespassado, e caía trêmulo diante de seus pés. Levi, por outro lado, lutava de forma mais bruta, girando os dois braços para qualquer direção em que aparecessem malditos. A estratégia era menos sofisticada, mas fazia estragos imensos nas fileiras imundas.

Os defensores da vila que estavam ao redor foram morrendo, mesmo que lutassem bravamente. Entretanto, Levi e Yamumani mantinham-se eretos no combate, feito dois cães de caça. Por mais que dezenas de inimigos caíssem diante deles, os abatiam feito carniça, sem dó. Logo, sozinhos, mataram o grosso do exército de Ykans. Os cadáveres inundavam a vista, num tapete mórbido.

E, durante toda aquela batalha sangrenta, Fenir assistira seus homens tombarem um por um. Ele estava dentre as árvores, e a raiva o fazia pingar saliva da boca fétida. Ergueu o cajado, e uma luz forte e alaranjada irrompeu dele.

Os esqueletos que estavam na reserva partiram ao ataque, cheios de extrema energia. Fenir aumentara suas forças, e deixara-os mais resistentes com a recém conjurada magia.

Os mortos-vivos desceram bem na direção de Zayan, que ainda se encontrava parado diante do corpo do inimigo abatido. Assim que viu o montante de esqueletos vindo para trucidá-lo, como uma tempestade de gafanhotos, pôs-se em suas bases, aguardando.

Finalmente, o homem do espaço e a horda chocaram-se, e grande confusão fez-se na região de contato. Muita poeira foi levantada, enquanto os golpes eram dados de lado a lado. Zayan não parava de girar, e sequer via o que lhe acontecia aos lados. Apenas mexia os braços musculosos, derrubando pedaços de ossos pelo chão. As criaturas o arranhavam, deixando seu peito cheio de marcas. Mesmo assim, o homem não se abalava, pois sabia que se tombasse naquele momento, sua querida Alice cairia nas mãos do feiticeiro.

Foi com extrema resiliência que Zayan batalhou, até não restar mais esqueletos a se mexer. Todos tinham sido reduzidos a pequenos pedaços e crânios inertes. O homem do espaço respirava com dificuldade, a pele marcada por feridas fundas.

Fenir tinha os olhos arregalados. Aquilo não podia ser verdade! Um único guerreiro obliterar todo o seu exército... Como isso era possível? Cheio de medo, mas ao mesmo tempo, tramando planos maquiavélicos, o velho virou-se para a vegetação. Dando um último olhar ao campo de batalha perdido, embrenhou-se na floresta, desaparecendo. Num outro dia voltaria, para vingar-se de Zayan do espaço, e fazê-lo pagar por sua ousadia.

Enquanto isso, a vila inteira saía dos escombros. Os soldados remanescentes encaravam o estrangeiro completamente perplexos. Suas faces estavam encardidas pela sujeira da batalha, mas não tinham precisado usar espadas ou arcos durante aquele momento. Apenas Zayan dera conta do recado.

Levi e Yamumani achegaram-se do homem do espaço, e colocaram as mãos sobre seu peito. Não podiam ter outra coisa para com ele a não ser gratidão.

Mas Zayan não tinha tempo para conversar. Entrou logo na cabana, para ver como estava sua amada. Seus olhos já se haviam aberto, e ela sorria para o guerreiro. Ele então abraçou-a, imaginando tudo estar bem.

Porém, não muito longe dali, Fenir vadiava, a boca cuspindo pragas imundas. Não andara tanto, quando uma alta figura ergueu-se dentre as folhas esverdeadas. O velho olhou para cima, enxergando um duende alto e robusto montando uma cobra gigante. Esta o encarava com as pupilas reptilianas, sibilando.

Atrás do duende forte, dezenas de outros de sua espécie esperavam, os dentes rangendo e as espadas vibrando.

— Quem é você? — disse Fenir, batendo o cajado no chão. Faíscas voaram, mas o duende não se assustou. Invés disso, veio rastejando com a cobra; esta baixou a cabeçorra, permitindo que o montador sussurrasse no ouvido do velho.

— Sou Walros, e vim aqui para matar Zayan do espaço! Una-se a mim e a meus homens, ou morra.

Fenir nem mesmo tremeu. Apenas pensou bem antes de respondê-lo.

— Então, nós temos o mesmo objetivo.

ZAYAN DO ESPAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora