VESTÍGIOS DO NOSSO AMOR ▪︎ Brumar

um: de novo

SETEMBRO, 2019
BRASIL – RIO DE JANEIRO
PONTO DE VISTA DE BRUNA

Minhas pernas tremiam, minha respiração ficando cada vez mais falha, enquanto eu encarava os quatro testes de gravidez na minha frente, aguardando o resultado e, ao mesmo tempo, rezando para que desse negativo.

Suspirei frustrada pela demora e desviei meu olhar para o meu reflexo no espelho.

Estou péssima. Tanto fisicamente, quanto emocionalmente. Estou sem dormir há duas semanas, minhas olheiras profundas deixavam claro o quão exausta eu estava.

Abro a torneira e jogo um pouco de água no rosto e atrás do pescoço. Fecho novamente a torneira e volto a olhar para os testes em cima da pia.

— Ok, vamos lá... — Respiro fundo, tomando coragem para pegar um dos quatro testes.

Positivo.

Ok. Esse pode estar errado.

Tem que estar errado.

Pego o segundo, o terceiro, o quarto e...

Todos deram positivo...

Meu rosto rapidamente é tomado pelo espanto e pelas lágrimas, que começam a escorrer desenfreadamente, enquanto o desespero começa a tomar conta de mim.

Como eu pude dar esse vacilo? Como eu pude ser tão burra?!

— Meu Deus, o que vai ser da minha vida agora? — Choramingo, levando as mãos até a cabeça e puxando alguns fios de cabelo. — Isso não pode estar acontecendo... De novo não...

Como vou lidar com mais essa responsabilidade?

Grávida. Eu, Bruna, estou grávida. De três meses.

Sinto as pernas fraquejarem e me apoio na pia para não cair. Um misto de medo, confusão e angústia toma conta de mim.

O mundo parecia estar desmoronando à minha volta, enquanto o meu coração batia acelerado dentro do meu peito e as lembranças dos últimos anos invadiam a minha mente.

Eu não posso acreditar que estou passando por isso novamente. Eu não quero acreditar.

— Bru? Tá tudo bem aí?  — Ouço batidas do outro lado da porta.

Respiro fundo e enxugo minhas lágrimas, pego as caixinhas dos testes e às jogo na lixeira.

Pego os testes em cima da pia e caminho até a porta, respirando fundo mais uma vez, antes de abrir e ter a visão da Juliana e da Sasha. Ambas me olhavam preocupadas.

— O que tá acontecendo? Você tá pálida. Tá se sentindo mal? Quer ir para o hospital? — Juliana perguntou em disparado.

— Eu estou bem, mas vou acabar ficando tonta com tantas perguntas. — Passei por elas, voltando para o quarto.

Me sento na cama, colocando os testes em cima da mesma e começando a refletir sobre tudo que aconteceu e vem acontecendo nesses últimos anos na minha vida.

Mas, meus pensamentos logo foram interrompidos abruptamente pela Juliana e pela Sasha, entrando no meu quarto.

— Amiga, a... — Juliana entrou tagarelando sobre algo, mas logo se calou ao ver os testes de gravidez em cima da minha cama. Ela veio se aproximando lentamente, com o cenho franzido, apontando para os testes. — Isso são...