VESTÍGIOS DO NOSSO AMOR ▪︎ Brumar

cinco: o confronto

FRANÇA – PARIS
PONTO DE VISTA DE BRUNA

A minha vida está virando um completo caos por causa daquela maldita matéria publicada por aquele infeliz do Leo Dias. Todos só querem saber se eu realmente escondi dois filhos do Neymar. Os jornalistas só me procuram para saber sobre isso, a imprensa invadiu o pouco de privacidade que me restava, cercando a minha família e me seguindo aonde quer que eu vá.

Malmente consigo sair na rua sem ser constantemente bombardeada por perguntas invasivas e olhares julgadores. Minhas redes sociais estão inundadas por mensagens de ódio e ameaças. As pessoas parecem esquecer que eu ainda continuo sendo um ser humano – mesmo sendo uma pessoa pública –, com sentimentos e uma vida que está sendo destruída aos poucos.

É como se as pessoas já tivessem tomado uma decisão sobre a minha culpa sem ao menos me darem uma chance de me defender.

E sim, eu sei que não tenho como me defender de algo que eu realmente fiz. Não vou ser hipócrita, não vou dizer que não mereço isso, esses olhares julgadores, os comentários. Mas, o que mais me deixa irritada e triste, é o fato dessa repercussão toda por causa de algo que eles nem sabem se realmente é verdade. Eu já fiz tantas coisas boas na minha vida e não teve essa mesma repercussão.

O ruim de você ser uma pessoa pública é isso, eles não querem saber se você fez algo bom, suas vitórias, seus acertos, eles só querem saber as coisas ruins, seus erros, suas derrotas...

Mas, por outro lado, o desfile foi um sucesso. Respirei, um pouco aliviada, assim que saí da passarela e voltei para o camarim.

A única coisa que eu quero agora é voltar para o hotel, pegar as minhas coisas e ir para o aeroporto. Pretendo voltar para Miami ainda hoje. Não quero ficar nem mais um minuto aqui em Paris, correndo o risco de encontrar com o Neymar, ou pior, de ele me encontrar.

— Você foi incrível! — Juliana me recebeu com abraços e um sorriso enorme no rosto, assim que entrei no camarim. — Estava linda! Aquele vestido ficou perfeito em você.

— Obrigada, Ju. — Abri um pequeno sorriso e saí do seu abraço aos poucos. — Estou exausta, mas feliz por pelo menos isso ter dado certo.

— Essas flores são pra você. — Ela apontou para a penteadeira, onde havia um enorme buquê de rosas vermelhas.

— São lindas. Quem mandou? — Pergunto, me aproximando e pegando o buquê.

— Não sei. Deve ter alguma cartinha aí dentro.

— Não tem. — Falei, deixando o buquê no lugar e me virei novamente, voltando a olhar para ela. — Você conseguiu comprar minha passagem para Miami ainda hoje? Eu quero voltar logo pra casa, pros meus filhos.

— Consegui, mas tem uma coisa que preciso te contar. O...

— Agora não, Ju. — Interrompi ela. — Agora eu só quero me trocar, voltar pro hotel para pegar as minhas coisas e voltar para os meus filhos. — Suspirei cansada. — Depois você me conta, tá?

Juliana assentiu, entendendo a minha urgência e saiu de dentro do camarim, me deixando sozinha.

Enquanto me trocava rapidamente, pude ouvir a Juliana conversando com alguém do lado de fora.