Capítulo 10

322 49 28
                                    

Todas as vezes em que fecho meus olhos, me lembro do fogo ao meu redor, da brasa destruindo tudo, dos pedaços do teto que caíram em cima de mim, de todo o terror que se apossou do meu corpo paralisado em meio a tanto calor. Ao mesmo tempo, sempre que penso nesses detalhes, lembro-me do modo protetor que Jungkook me segurou e do jeito obstinado em seus olhos ao me tirar lá de dentro.

Agora, enquanto ele dirige em direção a minha casa, ele segue focado em garantir que eu esteja bem, me pergunta a cada poucos segundos se sinto dor e me encara como se não pudesse ouvir meus pensamentos para saber que fisicamente eu estou, sim, muito bem. Emocionalmente nem tanto, quase nada.

Provavelmente minha mente vai me pregar muitas peças com relação a isso ainda.

— Posso te ajudar a descer? — É o que ele pergunta quando estaciona na frente da minha casa.

— Pensei que seus braços já fossem minha carruagem. — Brinco com ele, gostando do sorriso que surge em sua boca.

Ele desce do carro e faz a volta no veículo antes de vir até mim. Eu abro a porta e me seguro nele, apreciando mais que tudo estar em seus braços e ser carregado desse jeito. Minha perna dói, claro, mas o incômodo de estar com o gesso é maior que a dor em si.

Dentro de casa, meus pais são receptivos e arrumam o sofá para que eu possa ficar confortável. Hoseok e Yoongi também estão presentes e me olham afetuosos quando Jungkook repousa meu corpo sobre o estofado. A vontade de chorar com tanto amor vem com força, mas eu me seguro e os agradeço por tanto cuidado e carinho.

Não sei o que faria sem eles em um momento como esse.

— Você foi muito corajoso, Yoon. — Digo ao meu amigo, segurando sua mão quando ele se ajoelha ao meu lado. — Você ajudou a me salvar, muito obrigado.

— Eu faria qualquer coisa por você, Ji. — Ele também sorri, logo depositando um beijo em minha testa.

— Se sente melhor, bebê? — Minha mãe pergunta, sentada no mesmo sofá que eu e com minha perna quebrada sobre as suas.

— Sim, Jungkookie cuidou de mim. — Digo um pouco tímido. — Ele e Yoongi me tiraram da sala que pegava fogo e me levaram para o hospital com o Hobi.

Mais uma vez me agito ao pensar sobre isso, mas os braços da minha mãe são receptivos e me acolhem quando despenco a chorar de novo. As cinco pessoas nessa sala são meu porto-seguro, os cinco me trazem confiança e segurança, então me sinto bem por estar entre eles, mas... eu não estou bem nesse momento.

Meu pai se senta atrás de mim e também me abraça, e eu me encolho nos braços deles e me permito chorar, de novo, como tem sido desde que acordei no hospital, assustado e provavelmente traumatizado pelo que passei ontem.

O restante da manhã se passa na sala, mas meus pais, apesar de preocupados, me dão espaço e me deixam com meus amigos. Eles se juntam para preparar uma refeição para todos nós e me enchem de beijos no rosto e dizem incontáveis vezes que me amam.

— Você quer tomar banho agora? — Jungkook se pronuncia pela primeira vez desde que entramos em minha casa.

— Pode ser um pouco mais tarde?

Mas ele apenas concorda, o que me preocupa. Ele nunca fica em silêncio. E é por meio dos meus pensamentos que decido o questionar o que está havendo, mas ele finge que não houve e hesita em me olhar de volta. Eu fiz alguma coisa de errado?

Outra vez ele não me olha, e eu noto que há preocupação nos olhos de Yoongi, porque ele encara Jungkook de um jeito estranho.

— O que eu fiz que você sequer consegue me olhar? — Acabo dizendo, talvez alto demais, e meus amigos até mesmo se assustam com o meu tom.

Evil In The Night | jjk + pjmWhere stories live. Discover now