Capítulo 24

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Eu odeio dizer isso, mas... Jungkook e eu não estamos em um bom momento. E ele sabe os meus motivos, mas desde que saímos da minha casa, ainda não tocamos no assunto, simplesmente porque o clima entre nós está muito tenso.

Ele sabe que eu ouvi sua conversa com meus amigos. A conversa onde ele pediu a eles que o matassem caso algo acontecesse comigo. E eu compreendi seu lado, e se estivesse em seu lugar teria o mesmo pensamento. Ele me viu morrer nove vezes. Acho que se estivéssemos em uma situação contrária, eu já teria perdido a cabeça e desistido de lutar por um amor assim.

Mas a pior parte não foi essa e sim quando sugeriram que eu também me tornasse um vampiro, onde Jungkook respondeu sem sequer pensar:

— Isso está fora de cogitação.

Eu já sabia sua resposta antes mesmo de ouvir, mas me senti incomodado com ela pela primeira vez. Não porque sinto vontade de deixar de ser humano ou algo assim, mas porque eu me sinto frustrado por não entender claramente o seu motivo de pensar assim e de não querer que eu seja igual a ele. Afinal, qual a razão real?

Quando chegamos na garagem do prédio em que ele mora, o silêncio ainda parece um som ensurdecedor. Jungkook não parece disposto a dizer qualquer coisa que seja e eu tenho medo de falar alguma besteira e brigar com ele.

Ao desligar o carro, ele coloca a mão na minha perna e a desliza até encontrar a minha palma. Quando Jungkook entrelaça nossos dedos, o encaro e sou retribuído.

— Nós vamos nos sentar e conversar sobre tudo isso, Ji. — Me afirma. — Eu só não quero que pense, por nenhum segundo sequer, que prefiro não o ter do que transformá-lo. Vamos conversar com calma. Lembre-se que a sua decisão é a que conta.

— Está sempre nas minhas mãos. — Afirmo o que parece ter virado um lema entre nós. — Está tudo bem, Goo. Vamos conversar e vai ficar tudo bem.

Jungkook leva minha mão até sua boca e deixa um beijo no dorso dela. Eu solto o cinto de segurança e me inclino até beijar sua bochecha com carinho. Eu o amo tanto...

Assim que saímos do carro, Jungkook estica o braço para entrelaçar seus dedos aos meus. Eu o dou um sorriso e não me importo de pedir:

— Posso ganhar um beijo?

O sorriso largo que ele me dá faz meu coração acelerar a ponto de quase doer. Ele me abraça pela cintura e deixa seu corpo grudado ao meu de um jeito delicioso, antes de deslizar a palma gelada até minha nuca e me segurar com cuidado.

— O meu amor pode ter sempre quantos beijos quiser, bebê manhoso. — Ele sorri ainda, mas logo se aproxima e deixa a boca pertinho da minha. — Talvez eu não diga isso o suficiente comparado ao quanto é intenso em meu peito, mas... Eu amo você, Jimin. Eu amo você mais que tudo no universo. Meu coração só bate, literalmente, por você.

Dentro do apartamento de Jungkook, sentados frente a frente sobre a cama dele, eu me sinto melhor. Não sem medo nem nada parecido, porque eu estaria contando uma terrível mentira. Mas, ainda assim, me sinto um pouco mais calmo, preparado para conversar com ele.

— Eu vou ser direto, Ji. — É o que ele me diz, e segura minha mão como se quisesse me passar algum conforto. — Sei que a ideia da imortalidade pode soar incrível, ainda mais quando você sabe que poderia estar o resto da sua vida com um ser tão inigualável quanto eu.

Insuportável. — Resmungo.

— Mas, ao mesmo tempo, eu sei como é toda a carga que vem junto e sei que há mais ônus do que bônus. — Ele murmura. — Ao ser transformado, não é apenas sobre uma pele mais pálida, olhos incrivelmente negros, caninos afiados de tão pontudos. É sobre uma sede inacabável por sangue.

Evil In The Night | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora