Capítulo 13

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JJK.

Não é como se eu tivesse afeto a falar sobre o meu passado. As lembranças sempre seguem frescas em minha memória, para me manter o mais perto da insanidade que elas podem chegar. Não é bom, nunca foi. Todos os dias eu me lembro de como perdi quem eu amava, de como o tive vibrando em alegria em meus braços ou sujo, sangrando ou queimado.

Tudo isso segue em meus pensamentos todos os dias da minha longa existência. E o que me preocupa nessa história toda, é pensar em como Jimin vai se sentir quando souber de tudo. Ele é sentimental, sei que vai chorar e não sei se eu mesmo me sinto pronto para ver isso. Eu odeio quando ele chora. Porque eu não posso sentir se não for intenso, e tudo com Jimin é o extremo da intensidade.

— Mas eu preciso que me prometa uma coisa, Ji. — O peço, acomodando sua perna machucada sobre as minhas para que ele fique mais confortável. — Isso não pode mudar como você se sente sobre mim. É sobre o meu passado, afinal.

Não confio muito quando ele concorda com a cabeça. Jimin exala teimosia, mesmo quando finge que está de acordo com o que eu o digo. Como me deixei levar tão ao fundo por ele? É isso que me pergunto todo santo dia, quando podia muito bem ir embora em busca de um futuro diferente, mas volto até ele sabendo que não consigo fazer nada além disso.

Jimin me tem de um jeito que eu pensava não ser possível.

Por isso, decido o contar toda a minha história, desde antes da minha transformação. Eu decido o contar tudo, sem poupar detalhes.

— Tudo começou a dar errado em 1022, quando eu tinha vinte e cinco anos e ele vinte e sete, mas nós já nos conhecíamos há vinte anos e estávamos juntos há quase dez. Ele tinha um sorriso que quando se abria, iluminava todo o seu rosto, especialmente seus olhos. Eu amava fazer tudo que estivesse em meu alcance e ainda além por aquele sorriso. Eu o amei antes do nosso primeiro beijo, que foi um com o outro. — Um sorriso bobo preenche meus lábios quando me lembro dele. É inevitável.

— Ele era mais velho que você. — Jimin comenta. — E você era muito apaixonado por ele. Acho que ainda é.

— Acontece que ele foi mais que o meu primeiro amor, ele foi o meu melhor amigo, meu cúmplice, meu parceiro. Ele foi tudo para mim. Mas o preconceito sempre esteve presente e foi ele o responsável por tirar de mim a maior felicidade que eu já tive. Toda vez que ele me encarava e me dizia que estava com medo, eu o beijava e prometia que o protegeria, que cuidaria dele e que o manteria longe do caos, mas... Eu falhei. E é por isso que mereço tanto pagar por esse erro por tantos séculos, eu fiz besteira.

— A culpa não deve ter sido sua. — Jimin contrapõe, se aproximando mais até estar sentado em minhas pernas, me confortando com seu contato e sua proximidade.

Mas será que a culpa não foi minha mesmo? Será que eu não poderia ter feito algo para mudar o que aconteceu? O que me aconteceu foi uma desgraça ou uma dádiva? Ele seria feliz se tivéssemos fugido para ficarmos juntos?

— Meus pais nos descobriram em um dia. Nós estávamos juntos há tempos e pretendíamos fugir, porque naquele vilarejo nunca teríamos a nossa paz. — Continuo a contar. — Eu estava o beijando quando nos encontraram no nosso esconderijo de sempre, ainda estávamos sem roupas e um pouco ofegantes e foi uma situação perturbadora demais para que fosse desconfortável pela nudez. Eu o protegi, o mantive atrás de mim e tentei me impor, tentei ir contra meus pais e eles pareceram calmos demais para a situação. O mais pesado nisso é que a tormenta veio após a calmaria, quando supostamente deveria ser ao contrário.

Eu me sinto bem quando Jimin desliza os dedos por meus cabelos conforme tenta me acalmar. Seu coração está acelerado e ele está incomodado por me ouvir falar sobre outra pessoa, mas o meu passado é confuso demais até para mim. Logo, eu entendo como ele se sente.

Evil In The Night | jjk + pjmWo Geschichten leben. Entdecke jetzt