|POUCO A POUCO|

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***

Louis abriu os olhos em um estalo pela manhã. Sua respiração estava ofegante. Acabara de ter um terrível pesadelo. Tateou o travesseiro e só se acalmou quando encontrou seu relógio de bolso.

Quando olhou em volta e viu os lençóis de seda num tom amarelo envelhecido recobrou de uma vez sua consciência. Ainda estava na Índia, e o pior, sem o mínimo sinal de progresso em seu objetivo.

Com algum esforço ele se sentou na cama e olhou em volta. Tudo era o oposto do Chateau de Duingt. Em cada detalhe havia algum tipo de jóia preciosa ou minério de grande valor.

Naquele momento como por telepatia Lohan deu duas batidas na porta e entrou. Louis lançou um olhar irritado em direção à ele.

— Como eu vim parar aqui ontem à noite?— O Duque perguntou mas assim que Lohan abriu a boca para responder ele levantou a mão.— Não. É melhor você continuar calado.

Lohan conteve um sorriso e se aproximou de seu amo com uma agenda na mão.

— Imaginei que sua alteza fosse querer se encontrar com a princesa ainda hoje.— ele começou em seu habitual tom formal.— Fiz algumas perguntas aqui e ali mas ninguém parece saber da rotina dela.

Louis ficou de pé vestiu o robe e caminhou devagar até a sacada do quarto que tinha vista para o jardim. Enquanto olhava para a vasta propriedade que se estendia além das muralhas e do forte ligado ao Palácio ele deu um pequeno sorriso.

Lembrou-se de Janna e da expressão de espanto no rosto dela quando o reconheceu. Ali sentada ao seu lado ela não parecia a mesma pessoa que tinha desmaiado de medo na biblioteca. Parecia enigmática e misteriosa, por essa razão ela o tinha deixado intrigado.

— E sobre a mulher que procuramos, alguma novidade?— Ele perguntou afastando aqueles pensamentos.

— A princesa Janna e ela são muito próximas.

— Petit à petit, l'oiseau fait son nid.— Pouco à pouco o pássaro faz seu ninho. Ele declarou um ditado francês.

Lohan assentiu com a cabeça. Logo depois eles ouviram batidas na porta.

— Deve ser o seu café da manhã.— o secretário foi atender.

Louis bocejou e voltou a olhar pela sacada. Foi quando viu um movimento no pátio externo. Um grupo de serventes vinha carregando potes de barro e flores naturais, logo após delas duas mulheres andavam juntas à passos rápidos.

— Aquela poderia ser...?— ao ver aquilo Lohan se juntou ao Duque na sacada.

Aquelas silhuetas femininas eram muito familiares.

— Prepare tudo.— Louis ordenou.— Vamos ver o motivo de tanta pressa.

Seguindo as duas mulheres eles saíram do Palácio atravessaram um vilarejo e entraram na cidade. No caminho Louis ouviu um sino ressoar com insistência e ritmo.

Olhou para o lado e viu uma construção suntuosa pela qual passavam. O Duque se admirou ao ver que ela se estendia através de uma ampla propriedade.

— É um templo sagrado da religião Shikh.— ao ver seu interesse Lohan informou em voz baixa.— Nesse lugar se fazem orações vinte e quatro horas por dia.

— Quanta dedicação.— Louis respondeu um tanto pensativo.— O que os leva a fazer algo assim?

— Eu não sei.— Lohan estava empenhado na tarefa de não perder as damas de vista.— Talvez seja mesmo a fé.

Com Amor, Eu Creio.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora