|SE CERTAS PALAVRAS PUDESSEM SER DITAS|

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***

— O estado dele é crítico. Eu darei minha permissão contanto que voltem o mais breve possível.— Foram as palavras do doutor Damir Mitrovic enquanto ainda estavam na Eslovênia alguns dias antes.

— O senhor tem a minha palavra.

Lohan lançou um olhar rápido no banco traseiro do carro em que estavam e viu que Louis mantinha os olhos fechados.

Não demorou muito e eles passaram pela entrada principal da cidade de Jaipur. Tudo permanecia o mesmo. O trânsito caótico, o aroma de especiarias, as dezenas de pombas alçando vôo sobre os prédios históricos e as pessoas. Muitas pessoas estavam nas ruas. Envolvidas em um clima festivo e alegre pareciam ter eliminado de suas memórias o massacre vivenciado à pouco. Naquele momento os olhos de Louis ficaram bem abertos e focaram em pontos estratégicos onde a guarda real armada estava posicionada. Tornou a olhar para as pessoas. Se elas apenas soubessem que o chão em que pisavam estava prestes a ruir.

Percebendo que o carro seguia em linha reta o Duque pegou seu bloco de notas e escreveu rapidamente:

" Para o Palácio não. Para o Fort Amer."

Lohan fitou o papel por alguns segundos e repetiu o comando ao motorista. O veículo seguiu a estrada de planície montanhosa e o Duque tornou a fechar os olhos fazendo uma prece silenciosa. Pedia a Deus que seu plano meticuloso tivesse bom resultado.

Ao chegar no Fort foram recebidos por alguns soldados e pelo Primeiro-ministro indiano.

— Capitão Savoie!— o pelotão gritou em uma só voz e bateu continência.

Louis retribuiu o cumprimento e Sajeet o reverenciou.

— Espero que tenham feito boa viagem.— disse e o Duque apenas moveu a mão demonstrando que não estava interessado em trivialidades.— O senhor ficará feliz em saber que tudo corre como o planejado. Essa noite iremos anunciar a determinação da suprema corte que torna a constituição obrigatória em todo o país.

Louis travou o maxilar e uma gota de suor escorreu por sua testa. A cor parecia ter fugido de seu rosto.

— Com licença Senhor Ministro,— Lohan interveio.— se não houver objeções de sua parte eu sugiro uma pausa...

O Duque levantou a mão o interrompendo. Estava determinado a ficar e discutir os detalhes mesmo que aquilo custasse o pouco de vida que lhe restava. Sajeet compreendeu que deveria prosseguir.

Eles subiram um lance de escadas e foram para o terraço da fortaleza onde havia um escritório simples e rústico. O Primeiro-ministro recebeu um mapa detalhado das mãos do Segundo Sargento da guarda.

— Verificamos todas as instalações e colocaremos soldados nessas posições.— Sajeet apontava para alguns pontos marcados em vermelho.

Enquanto falava o Primeiro-ministro esperava um olhar de aprovação do Duque mas ao invés disso percebeu que ele o encarou com uma expressão terrível de fúria e ressentimento.

O olhar vidrado e profundo parecia querer dizer: " Se você me trair farei com que se arrependa de ter nascido. " Sajeet abaixou o olhar e engoliu em seco.

— Achei que depois de todo esse tempo em que trabalhamos juntos o senhor já tivesse percebido a minha sinceridade.

Louis endireitou a postura na cadeira em que estava sentado e puxou o mapa para sí de maneira brusca. Depois de examinar o local com atenção ele circulou alguns pontos e fez anotações. Em seguida colocou um grande "X" sobre os pontos vermelhos.

Sajeet deu um pequeno sorriso e pôs a mão sobre o queixo.

— Será como sua excelência ordenar.— Concordou de pronto.

Louis apenas o encarou em resposta. Suas mãos estavam trêmulas e a visão oscilava ficando turva.

***

Mais tarde ele parecia estar em outra dimensão enquanto assistia o parlamento indiano discutir a decisão da suprema corte. Os gritos e a confusão pareciam estar abafados e se desenrolavam lentamente diante de seus olhos. Quando menos esperava a sessão terminou. Louis continuou sentado enquanto todos se afastavam e o Primeiro-ministro o parabenizou.

— Vamos alegre-se! Enfim conseguimos! Os cidadãos de Jaipur são livres enfim!

Um dos cantos dos lábios de Louis se ergueu em um sorriso sem vida. Sajeet se inclinou e segurou o ombro dele com força.

— Isso está prestes a terminar.— declarou com uma expressão gentil procurando animá-lo.

O Duque moveu a cabeça uma vez e continuou a olhar para a mesa diante dele. Sajeet deu duas batidas no ombro dele, se curvou e saiu em direção à entrada da sala.

Louis se levantou, caminhou até as portas que davam para a sacada e as abriu com um forte ruído. Se sentia sufocado. O que mais o assustava era não estar no controle. Era isso e a possibilidade de não conseguir proteger a mulher que ele amava. Sim, ele a amava muito, qualquer dúvida que antes tivera em relação àqueles sentimentos havia desaparecido completamente. Seu coração doía com o mínimo pensamento de que ela em algum momento poderia estar ferida. Pensava em todas essas coisas com grande preocupação quando uma voz doce chegou aos seus ouvidos fazendo com que ele estremecesse.

— Louis!— Ele fechou os olhos com força. Somente ela o chamaria com tanta emoção.

Louis permaneceu imóvel. Podia ouvir as batidas desesperadas de seu coração.

— Você desapareceu.— A voz dela soou outra vez penetrando o seu interior como espadas agudas.

Por favor vá embora. Pediu tornando a fechar os olhos. Ele estava se segurando para não se virar e declarar-lhe todo o seu amor como quisera tantas vezes.

— Pode ao menos olhar para mim?— A pergunta fez a respiração dele ficar alterada.— Eu gostaria muito de te ver.

Louis apertou as mãos em punho. Estava decidido a não se virar. Ela provavelmente iria se cansar e ir embora. Foi quando ouviu um som que o desarmou por inteiro. Ela estava chorando. Ele não se conteve e se virou. Não estava preparado para a forte emoção que sentiu ao ver aqueles olhos molhados sendo direcionados somente a ele. Abriu o casaco e dele retirou seu lenço. Não podia vê-la chorar e não fazer nada à respeito. Não mais. Se aproximou e estendeu o tecido fino em sua direção.

— Sua excelência...— Lohan surgiu de pé na porta da sala de reuniões do parlamento. Pelo olhar que ele o direcionou tinha conseguido as últimas provas que faltavam.

Louis acenou para ele e quando o secretário saiu de seu campo de visão ele inclinou a cabeça para ela. Janna o olhava como se quisesse se certificar de que ele era real. O Duque segurou a mão dela e colocou o lenço nela. Esperava que ela não reparasse que as suas próprias mãos pareciam estar mais emocionadas do que ele e não paravam de se mover involuntariamente. Focou seu olhar nela. Estava ainda mais linda do que se lembrava.

— Não vai me dizer nada? Mesmo depois de tanto tempo?— Ela perguntou com voz embargada e sorriso triste.

Eu te amo Janna. O pensamento veio mas infelizmente ele não podia expressá-lo.

— Eu estou confusa Louis...— ela tornou a falar rompendo o raciocínio dele.— Será que depois disso tudo ainda restou algo entre nós?

Eu amo você! Eu estou aqui por você! Você não é oque me resta é tudo o que eu tenho de mais precioso! Os olhos dele queimavam e ele travou o maxilar.

Resolveu sair dali antes que sua mente entrasse em colapso. De repente esperar algumas horas para revelar cada detalhe vivido no ano anterior parecia muito difícil para ele. Se perguntou se ela tinha lido a carta que ele mandara. Pela forma como estava magoada achava que não. Ou então talvez ela soubesse de tudo e mesmo assim estivesse resolvida a ficar longe dele. Louis avistou o carro oficial e percebeu o momento em que Lohan o avistou. Resolveu deixar aqueles pensamentos de lado e focar na ação do dia seguinte. Precisava colocar todo o seu empenho naquilo.

***

Boa tarde minhas leitoras favoritas!🥰🥰🥰🥰

Sim eu voltei!🥳🥳🥳

E com a versão do Louis do capítulo anterior... espero que tenham gostado! 😍😍😍

Beijos e até breve!!! 😘😘😘

Com Amor, Eu Creio.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora