|AQUARELAS E FITAS|

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— Quem ele pensa que é! Aquele vampiro francês!— Janna exclamou com os ânimos exaltados.

A jovem princesa atravessou o quarto da irmã mais velha, se jogou sobre a enorme cama com dossel e apertou os dentes soltando um grunhido alto.

— Mas, oque aconteceu exatamente?— Ayra perguntou com sua voz meiga e delicada.

Janna se levantou num salto e se aproximou da irmã se sentando de frente para ela. Ayra limpou o pincel, o depositou na frente da tela que estava diante dela e se virou dando total atenção à irmã.

— Eu estava organizando os livros na biblioteca quando aquele estrangeiro chegou acompanhado de um cavalheiro emproado.— Ayra sorriu levantando as sobrancelhas, ao que tudo indicava seria um longo relato.— Ele tinha uma aparência apagada e estranha como se não tivesse uma única gota de sangue em seu corpo.

Ayra deu uma risadinha. Janna olhou brava para ela.

— Enfim, teve outra discussão na praça com aquele mal amado do senhor Oçivitz e o feirante de que te falei.

— Aquele que queria vender sua mercadoria na calçada da boutique?— Ayra perguntou com um ar ingênuo que irritou a outra.

— O pobre homem não tem outra fonte de renda além de sua fazenda e os alimentos que ela produz!

— Eu entendo. Mas o direito de propriedade é garantido por lei, Janna.

— E quanto a generosidade e ao senso de humanidade?

Ayra cruzou os braços e se limitou a olhá-la.

— O senhor Oçivitz ameaçou levá-lo ao tribunal.

— E oque aconteceu?— Ayra estava ansiosa para saber a continuação do relato.

Janna se levantou e caminhou até a tela que ainda estava em branco contendo apenas o traço do lápis de Ayra. Ela a fitou por um momento reflexiva.

— Ele me chamou para defendê-lo dizendo que eu era sua advogada e amiga.— A voz de Janna soou cheia de pesar.

Ayra se levantou e se aproximou dela devagar parando ao seu lado.

— Mas eu não fui.— Janna deu um suspiro pesado.— Na hora que ele mais precisou de mim eu congelei.

Ela deixou seu corpo cair e se sentou no chão que era todo coberto por uma tapeçaria na cor vinho.

— Não se sinta culpada. Considerando as nossas leis oque você poderia fazer por ele?

— Eu poderia pelo menos ter o defendido. No fim ele quase foi levado para a prisão, se não fosse... por certo cavalheiro.

Ayra se abaixou com uma rápida careta de dor e sentou ao lado dela.

— É onde o vampiro francês entra nessa história toda?

Janna quase sorriu. Lhe ocorreu que talvez tivesse ficado tão irritada com aquele estranho porque a expressão no rosto dele era uma verdade que ela não queria aceitar.

— É. Aquele arrogante e intrometido.

— Pelo oque você disse ele defendeu o seu amigo não foi? Pareceu bem corajoso pra mim.

— Hum.— Janna riu junto com a irmã e depois olhou para a tela.— Coragem é algo que eu invejo.— Ela suspirou.

— E além disso estou muito curiosa para saber quem é esse homem que te fez falar tanto.— Ayra a provocou sorrindo.

— Pode ir parando por aí princesa Ayra.— Janna respondeu rindo mas logo voltou a ficar pensativa.

Se tivesse um pouco da coragem e determinação que aquele homem parecia ter estaria bem longe daqui. Pensou desanimada.

Com Amor, Eu Creio.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora