|BANQUETE NOS ALPES|

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***

A brisa fria da manhã entrava no aposento fazendo com que as imensas cortinas que davam para as portas da sacada flutuassem no ar. Aquele movimento repetitivo provocava um som suave, que mesmo quase imperceptível levou a princesa a despertar.

Assim que ela abriu os olhos percebeu que não estava em seu quarto. Junto com aquela constatação Janna ouviu o barulho dos ponteiros dos relógios do Duque trabalhando.

Ao se virar ela notou sua posição. Estava deitada na cama sobre a manta grossa que envolvia Louis. E ele estava à alguns centímetros do rosto dela, dormindo profundamente.

Foi inevitável para ela não fitá-lo. Seu semblante estava sereno e ela estendeu a mão tocando a testa dele de maneira suave. Com alívio constatou que a febre tinha passado.

A princesa se esgueirou tentando se levantar mas quando já estava quase na beira da cama sentiu uma mão forte a puxando de volta. Louis a trouxe para junto de sí e a envolveu em seus braços.

— Onde pensa que vai?— a voz dele saiu rouca e abafada.

Ela apertou os olhos e sorriu sentindo seu coração palpitando.

— Está na hora do café da manhã.— ela sussurrou.

O Duque a apertou um pouco mais.

— Fique comigo.— ele pediu.

Janna permaneceu imóvel. A forma como ele havia feito aquele pedido fez com que sua mente ficasse em alerta.

— Janna?

— Hum?— Ela emitiu o som sem se mover pois estava com o rosto bem perto do pescoço dele.

— Relaxe.— pediu.— É apenas um abraço.— Ela notou que ele sorria enquanto pronunciava aquelas palavras.— Eu não farei nada.— Ele deu um sorriso cheio de malícia.— A menos que você queira.

Janna soltou uma risada entre apavorada e histérica e suas mãos inquietas repousaram com cuidado nas costas dele de forma que só as pontas dos dedos dela o tocavam. Eles ficaram em silêncio por um momento apenas sentindo um ao outro mas logo Louis suspirou.

— Se, a princípio, nos desencontrarmos, não desanimes.
Se não me achares aqui, procura-me ali; em algum lugar estarei esperando por ti.— Ele recitou em voz baixa.

Janna sentiu seu corpo se acalmando aos poucos nos braços dele, e enquanto sentia as batidas de seu coração suas mãos o tocaram, agora com firmeza.

— Que lindo.— Ela apreciou as palavras proferidas por ele.

— É um poema de Walt Whiteman.— Louis se afastou um pouco dela e tirou seu relógio de bolso de debaixo de seu travesseiro.

Assim que ele virou o objeto Janna observou que nele haviam algumas palavras gravadas em inglês.

— É o que está escrito aqui.— Entregou o relógio nas mãos dela.— É a única coisa que me restou dos meus pais.

— Esse relógio é lindo!— Ela observava cada detalhe encantada. Quando percebeu que os ponteiros estavam parados ela estranhou.

— Eu o trago comigo assim desde que o encontrei. É como um simbolismo. Quando os perdi, para mim foi como se o tempo parasse.

Janna anuiu com a cabeça e continuou a observar a peça de prata. Naquele momento alguém bateu na porta do quarto.

— Acho que é o Lohan.— Louis sussurrou.

— Eu vou para o meu quarto.—Janna sussurrou de volta e se levantou depressa conferindo o armário de cabeceira.

Com Amor, Eu Creio.Where stories live. Discover now