|UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SOZINHA|

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Pode conter gatilhos*

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Na manhã seguinte, o céu estava escuro e carregado de nuvens pesadas. Pelas ruas da capital do Rajastão seguia um imenso cortejo. O que aconteceu na noite anterior parou o reino. De maneira inesperada e misteriosa o rei Amir foi encontrado sem vida em seus próprios aposentos.

Naquele país até o dia de hoje segundo sua religião predominante, acredita-se na reencarnação. Segundo ela depois da morte a alma volta várias vezes à vida até se libertar.

O Duque de Savoie estava na primeira fileira de oficiais, devidamente trajado com roupas brancas como ditava a tradição local. A multidão seguia para o lago Man Sagar onde o monarca seria cremado.

A grave expressão no rosto de Louis demonstrava o intenso conflito em seu interior. Aquele acontecimento mudava tudo. Mas já era de se esperar, pois como se dizia em seu país “Un malheur ne vient jamais seul.” "Uma desgraça nunca vem sozinha."

Louis nem percebeu quando o Primeiro-ministro indiano saiu de sua posição entre os membros do parlamento e veio em sua direção.

Quando chegou ao seu lado Sajeet o reverenciou.

— Estou contente de ter a honra de revê-lo excelência.— Ele disse em tom baixo e cauteloso.— Ainda que as condições sejam as piores possíveis.

O Duque endireitou a postura mas permaneceu calado.

— Achei que gostaria de saber, que aquela questão em que trabalhamos da última vez está quase solucionada.

Aquela notícia sim chamou a atenção de Louis, mas não o bastante para tirá-lo do estado de profunda apatia em que se encontrava.

— O seu rei acaba de morrer de forma questionável e o senhor quer falar de assuntos de estado?— O Duque questionou com ar aborrecido.— Me parece presunçoso de sua parte.

— Oh, não excelência. Eu não quis passar essa impressão.— Sajeet se apressou em dizer.— Mas se me permite, alguém precisa pensar em tais assuntos.

— Vá direto ao ponto. Eu não tenho tempo para seus rodeios!— Louis se irritou.

O Primeiro-ministro pareceu pensar no que diria a seguir.

— Reconheço... que sua alteza é sábio. Por favor me diga o que fazer a seguir.

Louis parou de andar e o encarou com um semblante amargo. Algumas gotas grossas de chuva começaram a cair e logo o cabelo dele ficou encharcado e pingava em seu rosto.

— Eu sei exatamente o que o senhor deseja.— O Duque cuspiu as palavras.— A princesa Herdeira está incapacitada de cumprir suas funções para com o reino e o senhor acha que a princesa Janna deveria assumir. Mas acontece que agora ela é minha esposa!

Sajeet o lançou um olhar alarmado e se agitou. Os dois voltaram a andar visto que precisavam liberar o fluxo de pessoas que vinham atrás deles.

— Excelência, Eu compreendo tudo isso.— Mais que depressa Sajeet afirmou.— Mas também sei que sua alteza é alguém notável e possui um espírito nobre. Sei que se lembra do favor que humildemente te pedi na ocasião de seu casamento com a princesa.

Louis que até então olhava para ele desviou o olhar para o lago que surgia logo mais à frente. Ele não respondeu. Ambos seguiram o cortejo em silêncio até que chegaram às margens do lago onde uma grande fogueira começou a ser feita.

Com ela já pronta, o corpo do rei  envolvido em um lençol branco e todo cercado de flores coloridas foi levado para perto do fogo e em seguida depositado no meio das chamas.

Louis focou seu olhar na fumaça que subia do fogo, enquanto a observava foi como se despertasse de um terrível pesadelo. De repente ele se virou para o Primeiro-ministro.

— Eu te darei um mês.— O Duque encarou Sajeet bem de perto.— Trinta dias para encontrar os culpados e fazer com que paguem por seus crimes. Será supervisionado de perto e depois desse tempo contarei tudo à ela. Saiba que se ela escolher voltar não permitirei isso sem ter a certeza de que ela estará em segurança.

— O senhor tem a minha palavra. Não descansarei enquanto nossos inimigos não forem encontrados e exterminados.

Ao ouvir aquela afirmativa Louis fechou os olhos.

— Quando ela estiver pronta para cumprir sua missão então eu poderei finalmente partir em paz.

***
*
Louis partiu com sua comitiva no dia seguinte. Depois de muito tempo arrazoando sobre oque faria, decidiu que manteria aqueles acontecimentos consigo e pouparia o máximo possível a princesa da tristeza que eles causariam. Aquilo não era de seu feitio e já estava pesando muito em seu peito.

Ao chegar em Annecy o carro oficial quebrou. Com tantas horas de viagem Louis estava se sentindo sufocado e resolveu terminar o percurso de barco. A tranquilidade do rio que os cercava pareceu acalmar seus ânimos por um tempo.

Quando chegaram ao Deck de madeira onde os barcos do Chateau eram ancorados Louis avistou uma figura feminina parada perto da orla. A cada metro que o barco se aproximava da terra o coração do Duque parecia se inquietar mais. Quando teve certeza que era Janna que estava na praia Louis se aproximou do homem que guiava o barco.

— Você poderia ir mais rápido?— perguntou pois sentia uma urgência terrível se apoderar dele.

Quando o barco ancorou ela permaneceu onde estava, com as mãos entrelaçadas na frente do corpo. Ao erguer os olhos ela viu o Duque se aproximando rapidamente. Janna teve vontade de sair correndo.

No que estava pensando quando saiu do castelo para encontrá-lo? Todo o corpo dela tremia. Louis parou em sua frente e a encarou. Janna se encolheu um pouco e como ele ficou em silêncio se arriscou a falar:

— Antes de qualquer coisa, eu...— ela não terminou a frase pois foi surpreendida com um abraço apertado e urgente.

Louis apertou os olhos e a envolveu em seus braços. Pensaria e se culparia depois. Naquele momento ele só queria senti-la e se certificar que ela estava a salvo.

— Foi você que veio até mim.
— Ele murmurou quando a soltou.

Janna conteve um sorriso. Uma brisa suave soprou e bagunçou seus cabelos. Louis se aproximou e com cuidado colocou aqueles fios atrás de suas orelhas observando cada detalhe do rosto dela.

— Eu sei que vou me arrepender.— Ele deu mais um passo para perto dela.— Mas não agora, e não hoje.
— tomou o rosto dela em suas mãos.

Ao ver que ele se aproximava a princesa fechou os olhos. Louis encurtou o espaço entre eles. Ele iria beijá-la. Todo o seu ser almejava por aquilo. Mas ao sentir e ver como as mãos dela tremiam entre as suas ele ficou paralisado.

Ela estava com medo?

Depois de um longo olhar ele entrelaçou suas mãos nas dela e se afastou.

Janna soltou o ar pela boca e procurou acalmar sua respiração.

— Vamos para casa?— Louis convidou com um a sombra de um sorriso.

***

Oi gente lindaaa!!! Como vão?

Achei o título pesado mas não me culpem, culpem os franceses! Kkkk

Enquanto pesquisava por funerais na Índia fiquei chocada com a cultura deles, mas enfim...🤔😲

O que dizer sobre esse capítulo? Eu me perguntei várias vezes se essa era a melhor solução. Infelizmente a resposta foi sim.

Nos vemos na segunda parte... 😍😍😍

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