|EMBOSCADA|

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Estava entardecendo quando o Duque de Savoie e sua comitiva chegaram à Jaipur. Carlota tinha passado a maior parte da viagem concentrada na leitura de alguns livros e artigos, enquanto Louis e seu leal assistente faziam estimativas sobre o ataque e a real magnitude de seus efeitos.

Aquele era o terceiro atentado que o país sofria em apenas um ano. As ruas da cidade estavam desertas. À caminho do Fort Amer Louis e seus soldados se depararam com uma quantidade muito grande de entulhos, em função disso o restante do trajeto teve que ser feito à pé.

— O quão ruim você acha que é?— O Duque perguntou.

Lohan se esgueirou pela cortina de fumaça e desviou de um corpo inanimado que jazia sobre o chão.

— O ataque parece ter as mesmas proporções do último, senhor.— Ele observou.

O Duque olhou para o céu carregado de nuvens e se posicionou para dar uma ordem:

— Vamos varrer esse lugar! A nossa prioridade é encontrar sobreviventes!— Louis fez uma pausa e completou em voz baixa:— Como da última vez, daremos à essas pessoas que perderam suas vidas o mínimo de dignidade.

O comandante das tropas locais se aproximou com um grande número de soldados e bateu continência. Louis devolveu o cumprimento e todos se dispersaram. O comandante acompanhou o Duque.

— Números?— Louis foi direto ao ponto.

— Pelo menos oitocentas vítimas fatais excelência, entre adultos e crianças.

— E a família real?

— Foram vítimas de um bombardeio ontem, enquanto faziam a travessia para o Jal Mahal. Sua majestade foi atingida de raspão por um projétil mas se recupera bem. Já a Princesa Herdeira foi vítima de um afogamento e continua inconsciente.— O comandante relatou em tom estritamente formal.

— O Primeiro Ministro?

— Felizmente ele e sua família não estavam na cidade no momento do ataque.

— Uma boa notícia entre tantas ruins.— Louis foi irônico embora saber que Sajeet estava a salvo tenha lhe causado certo alívio.

— Minhas tropas e eu fomos enviados para escoltá-lo em segurança para o castelo, excelência.— O comandante informou.

Louis apertou os olhos e endireitou a postura.

— Preciso que faça algo por mim comandante. Diga ao Primeiro Ministro que irei encontrá-lo em breve. À menos que ele queira realizar um serviço ao seu país e se juntar à mim e aos nossos homens.

Pela expressão no rosto do comandante Louis soube que ele não transmitiria a última parte do recado.

— Apenas vá.— Ele se irritou.

— Eu temo pela minha vida, senhor! Pois o rei e o Primeiro Ministro me mandaram com ordens estritas de levá-lo comigo.— O comandante se lançou de joelhos na frente do Duque.

— Leve isso com você.— Louis entregou algo na mão dele.— E diga ao rei o seguinte: que tipo de homem eu seria se mandasse meus soldados para os escombros de uma guerra e fosse ficar tranquilo no Palácio?

O comandante saiu dali imediatamente pronto para entregar aquela mensagem. A noite avançava a cada vez mais, trazendo consigo a escuridão, Louis continuou andando sozinho, com uma arma de alto calibre ele se infiltrou em uma viela.

— Alguém aí?— a voz grave e potente dele reverberou pela rua.

O som da água corrente que formava um alagamento na esquina foi a única resposta. Louis seguiu pelos paralelepípedos, enquanto caminhava checava as casas à procura de sobreviventes e seguia o caminho da água a fim de encontrar sua fonte, constatou que ela vinha de uma casa destruída no bombardeio.

Com a arma engatilhada ele entrou. Foi seguindo o som da água e encontrou um cano vazando. Quando se aproximou para conter o vazamento ouviu um forte estrondo. Louis se virou e desviou por um fio de ser alvejado por um homem encapuzado.

Ele correu para a rua escura, olhou para os dois lados e não viu mais ninguém.

Quando abaixou a arma uma bala acertou em cheio seu ombro direito.

Louis apertou os dentes com muita força sentindo a dor dilacerante e se abaixou no mesmo momento em que começou uma série de disparos.

O Duque acertou o atirador na perna mas mesmo mancando ele continuou correndo e conseguiu fugir.

— O senhor está muito ferido!— um dos soldados reparou que o sangue escorria pelo braço e jorrava pelos dedos de Louis.

— Peguem aquele homem, e o tragam vivo até mim!— o Duque se levantou transtornado.

Os soldados intensificaram a perseguição. Como se fossem grãos de areia surgiram muitos homens contra eles todos armados. Tinham caído em uma emboscada.

Naquela rua havia um imenso pote de aço que era usado como decoração na frente de uma loja. Louis o usou como um escudo e detrás dele abateu muitos homens. Seus soldados também o defenderam duas vezes atingindo ferozmente os algozes.

— Estamos em desvantagem!— Louis gritou quando um soldado de alta patente se aproximou dele. Ele comprimiu a ferida em seu braço que não parava de jorrar.

Os soldados começaram a avançar mas Louis ficou para trás.

Carlota surgiu apavorada entre o fogo cruzado sendo escoltada por dois homens. Assim que o alcançou ela juntou as mãos e fez uma prece.

— Deus por favor! Eu não quero morrer!— Gritou quase chorando.

— Cuidado!— Louis a puxou para perto dele bem a tempo de ela se desviar de um disparo.

— Como você pôde ser ferido?— passado o susto ela esbravejou examinando a perfuração. O sangue continuava descendo.— Deve ter atingido a artéria axilar.— Carlota estava desorientada com o som dos projéteis que passavam voando por ela mas se forçou a se manter focada.— Uma hemorragia dessas para alguém com boa saúde é um grande risco, para você é praticamente fatal!

Louis procurava controlar sua respiração.

— Capitão venha conosco!— Um dos soldados retornou.— Se o senhor vier com certeza os venceremos!

Louis afastou a mão da médica que tentava conter a hemorragia e pegou a arma. Atordoado, a única coisa que não deixava seus pensamentos era a promessa que tinha feito à Janna. A promessa de que voltaria vivo.

***

— Será que ele poderia ser ainda mais imprudente?— Sajeet jogou a bala que recebeu da mão do comandante e ela voou pelos ares.

— Eu tentei dissuádi-lo excelência, mas foi em vão.— O chefe das tropas lamentou.

Naquele momento um soldado ensanguentado entrou no castelo e logo foi trazido à presença do Primeiro Ministro.

— Houve uma emboscada! O Duque de Savoie está ferido!

— Guardas! Envie reforço imediatamente!— Sajeet ordenou e os homens obedeceram.— Agora mais do que nunca o futuro de nossa nação depende desse homem.

***

Gente esse capítulo foi pequeno mas foi tenso.

O coração tropeça e quase para nessas cenas!

Voltei a trabalhar hoje então a probabilidade de ter capítulo novo todo dia infelizmente diminuiu.😢

Eu estou escrevendo essa história mas fico ansiosa pela continuação. Esses personagens sempre me surpreendem!

Beijos e até breve!!! 🥰😍😍😍

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