|LÁGRIMAS|

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***

Com um forte ruído a porta principal da prisão se abriu e Janna passou por ela a passos rápidos. Enquanto caminhava avistou as duas primeiras celas, uma estava vazia e outra tinha um homem deitado em um tapete de palha. O local era mal iluminado e tinha um forte odor de mofo.

Melanie se aproximou e passou o braço pelo dela. As duas passaram por mais prisioneiros até que avistaram numa das últimas recâmaras um grupo de pessoas e Janna foi correndo até elas.

— Kali!— Janna reconheceu a companheira de fé.— Graças à Deus!— agradeceu bem baixinho sem conseguir conter suas lágrimas.

Em seguida ela estendeu as mãos pelas grades e a alcançou.

Louis e Lohan ficaram de longe conversando com alguns soldados.

— Janna? Melanie! Oque estão fazendo aqui?— Kali se preocupou muito com elas.— Por que vieram à um lugar como esse? E se eles prenderem vocês também?

Ignorando o apelo desesperado da jovem a princesa olhou em volta e contou exatamente vinte pessoas. Era um tormento mas ao mesmo tempo um alívio saber que nem todos haviam sido presos.

— Vocês estão bem? Por acaso alguém está machucado?— Ela indagou com os olhos atentos.

— Vocês não deveriam ter se arriscado tanto.— Jonh, o missionário britânico que era o líder deles respondeu se aproximando da entrada da cela.— Estamos todos bem.

— Todos menos um.— Kali lamentou olhando para o canto da cela onde uma mulher estava sentada com uma criança em seu colo.— O Raj piorou. Ele já estava à dois dias em estado febril e então nos trouxeram para cá e... agora não sabemos qual será o nosso fim.

— Não pense que eu esqueci que fui eu quem a incentivei.— Janna lamentou olhando para Kali.— Se eu não tivesse dito para você continuar...

— Não se culpe.— Kali a interrompeu com um sorriso triste.— Agora depois que tudo aconteceu eu percebi que nada se compara a servir à Deus.

Janna apertou a mão dela de leve com o coração em pedaços.

— Como conseguiram entrar aqui?— Jonh perguntou desconfiado.— Eu soube que é uma prisão de segurança máxima.

— É por que eu...— Janna ia revelar sua identidade mas Melanie tocou no ombro dela e com um meneio de cabeça pediu que ela não prosseguisse.— Precisamos encontrar um jeito de tirar vocês daqui.— Foi oque ela disse.

— Essas pessoas que estão com o prisioneiro Jonh devem ter feito uma coisa muito grave para terem sido presos em regime fechado, não é mesmo?— Louis perguntou com ar ingênuo.

— Ah, sim! Eles foram pegos prestando culto e com material religioso proibido no nosso país.— O soldado tirou a espada da bainha que estava em sua cintura e com um pedaço de tecido que trazia consigo começou a poli-la.— Um indiano não pode ser um cristão, e nem um cristão um indiano não concorda excelência?— o homem deu um sorriso maléfico mostrando seus poucos dentes.

— As leis anti-conversão. Eu li sobre elas antes de vir para cá.— Louis respondeu com calma.— Não acha algo muito extremista tirar todos os direitos de um cidadão apenas por ele não querer pertencer à uma religião específica?

— Esses cristãos!— O soldado cuspiu no chão demonstrando o asco que sentia. Todos os presos que estavam na mesma cela que Jonh ouviam atônitos ao que ele dizia.— Eles seduzem os hindus e induzem conversões forçadas ameaçando a segurança nacional.

— Nós não fazemos isso!— Kali não se conteve.— Se tiver uma única prova do que nos acusam então ficaremos sem reclamar. Nunca fizemos mal à ninguém, amamos o nosso país e somos leais ao nosso rei. Só queremos servir o nosso Deus em paz!

Com Amor, Eu Creio.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora