Capítulo 04

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Fui surpreendida por um beijo de Rafe, pegando meu corpo e jogando por baixo do seu, me segurando pelas costas. Eu nunca tinha encostado meus lábios aos seus, nunca me passou pela mente cometer esse ato. Como também não imaginaria que Rafa Cameron faria isso, não estava no contrato nenhum tipo de contato. Esse era o famoso contrato de casal famoso de marketing, onde só eram vistos juntos demonstrando afeto físico público e em casa, não se suportavam. A gente era assim. A vontade que eu tinha era de tapear sua cara e seu corpo, me soltar dele, e tudo que esse beijo me causou foi um arrepio por inteiro. Meu corpo inteiro se arrepiou, e eu só queria continuar naquele beijo sentindo sua língua encontrando a minha; ouvindo as pessoas aplaudirem e comemorarem nosso noivado.

Quando imaginei que todos estavam olhando e aplaudindo, me veio ele. Aqueles olhos decepcionados e supresos por nos ver, por me ver. Parei o beijo, vendo os olhos sorridentes de Rafe. Se não fosse encontrar os olhos azuis do Maybank nos olhos azuis do Cameron, eu certamente me perderia ali, novamente. Rafe me levantou e o parei, ignorei todos.

— O que os pogues estão fazendo aqui? -segurei seu braço com certa força. Observei ele procurar com os olhos as pessoas que mencionei.

— Eu não os convidei, devem ser convidados de outras pessoas. Mas não me importo de estarem aqui, é bom me ver triunfar. -seus olhos brilharam.

— Triunfar em que, Cameron? Está falando do que? -perguntei, um tanto quanto confusa.

Rafe simplesmente me ignorou e saiu, sem dar nenhuma satisfação. Começou a conversar com outros convidados e me senti perdida depois de anos.

Ultimamente passo noites em claro me sentindo sozinha, sem ninguém, me sinto traída. E quando Rafe está no mesmo ambiente que eu ou próximo a mim, não me sinto assim. É estranho, bizarro demais só de pensar, mas é saber que tem alguém ao seu lado e tudo o que ele faz é me pedir em noivado, e me deixar olhando todos sem saber o que fazer. Não sei se falo com poucos conhecidos, se vou com ele conversar com as pessoas, se procuro pelos meus pais. Acabo de chegar em um cidade e tudo que eu não posso fazer é não falar com meus únicos amigos. E nem se quer tiver tempo de fazer novos. Rafe já me leva para uma festa de noivado sem ter a chance de me reencontrar no meu local de nascença, ele só pensa nele e em mais ninguém. Rafe é confuso de se entender!

Vejo os pogues reunidos em um canto, mas não vejo o dono dos olhos azuis. Abaixo a cabeça e respiro fundo. Vou para trás do clube, caminhando levemente, com os calcanhares doendo do salto. Lá eu poderia pensar encostada no toldo branco com um ar antigo, para ter coragem de conversar com os pogues e conhecer outros. Era o que eu queria, só precisava de coragem.

Encostei a metade das costas no toldo, que dava para um imenso jardim iluminado, assim como a grande varanda que eu estava, por lâmpadas arandelas fixadas na parede. Tirei os sapatos, me senti aliviada, fechando os olhos e respirando melhor.

— Uma noiva não pode tirar os sapatos em seu próprio noivado. É deselegante!

Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar, até nos meus melhores sonhos. Eu passaria noites acordada ouvindo essa voz, ou dormiria com essa voz como se fosse uma canção de ninar. O cheiro de nicotina era forte e exalava no ambiente, deixando o cheiro de flores morrer com sua chegada. Parecia cantar uma música de fundo quando ouvi sua voz ecoar em meus ouvidos, olhando em seus olhos novamente depois de anos. Meu coração acelerou forte com um frio na barriga. Ansiedade era o nome. Estar aqui sozinha com ele me travou, mas não era ruim. Não imaginei que eu sentiria algo bom se mexendo nos meus sentimentos tão rápido depois de tantos anos, só de olhá-lo. Seu olhar era tão sereno, não demonstrava nada e mesmo assim era lindo.

— Até as princesas mais elegantes tiram seus vestidos no fim do dia. -rimos, mas um riso descontraído. — O que faz aqui? -perguntei, não sabia o que falar para ser exata.

Um casamento&meioOnde histórias criam vida. Descubra agora