Um casamento&meio

Capítulo 07

Já era hora de ir encontrar Sarah e os pogues, eu não sabia direito onde era, então procurei pelo Google Maps do meu celular. Rafe não poderia saber por onde eu andava quando ia encontrar os pogues, não era uma regra nem estava no contrato, mas ele me pediu para não vê-los, então não quero encrencas. Não quer dizer que não vou vê-los, ele só não precisa saber.

Coloquei uma roupa mais fresca juntamente de um chinelo e peguei minha bicicleta. Está bastante calor, um sol para cada um. Um pouco de vento andando de bike seria perfeito, principalmente que eu estava andando na rodovia perto da praia. Aquela brisa gelada e gostosa vindo até mim era a melhor sensação.

Eu cheguei bem mais rápido do que imaginava. Coloquei a bicicleta em um local seguro e entrei na loja deles, era tudo perfeito e era muito a cara deles. Uma vibe praia, pranchas, barcos e tudo o que os pogues mais gostavam em relação ao mar. A decoração era muito perfeita, era feito de madeira a loja. Ao adentrar, percebo todos os pogues lá dentro, menos Kiara. O que quer conversarem comigo, ela não está muito afim.

Sarah percebe minha presença e chama John B, que sai logo atrás do balcão junto com ela. Os outros pogues perceberam a movimentação dos dois e olham para trás, já que os mesmos estavam pendurados com os braços no balcão conversando com o casal. Todos vêm até ao meu encontro enquanto faço o mesmo, e sentam em uma mesa aleatória. Eu fiz a mesma coisa. A tensão não era muito boa. Eles me cumprimentaram e aproveitaram a falta de movimento para conversarmos. O início foi tranquilo, contei algumas coisas que fiz quando estava fora e eles me contaram uma coisa bizarra de tesouro, que no início foi difícil de acreditar mas eles não mentiriam com isso. Todos nessa ilha são obcecados por ouros e tesouros e eu posso provar. Por fim, respirei fundo ao ouvir que o assunto agora seria Rafe. E eu acho que eu não deveria contar do casamento falso e repentino, talvez para Sarah, mas não acho que o melhor momento seja agora.

Meu mundo acabou ao descobrir que Rafe matou a xerife Peterkin e que Ward acobertou o filho. Eu não estava conseguindo processar essa informação, é muita coisa para digerir em tão poucas palavras. Meu coração estava acelerado e uma vontade de vomitar me veio, fui correndo para o banheiro indicado por Sarah. Eu não podia acreditar naquilo, não poderia ser. Eu comecei a chorar, minha ansiedade atacou. Eu estava com medo. Sem contar que ele tentou matar Sarah afogada, a trancafiou em casa para sequestrá-la e se mudar com a família para outra ilha, outro país, no qual o pai mentiu duas vezes sua morte. Meu pai sabia disso? Eu poderia viver com Rafe sabendo disso? Ou melhor, como eu poderia viver?

Tudo que eles pediram era para eu abrir os olhos e tudo que está me rondando é medo. Não posso dizer que isso não vai acontecer comigo, porque pensamos que só porque aconteceu com uma pessoa não vai acontecer com a gente, mas a grande realidade é que pode sim. Ele até tem um traficante amigo no qual pega várias drogas. Eu sabia que Rafe era descontrolado, dono de uma raiva possessiva, mas não sabia que ele está envolvido em crimes. Sentei no chão e deixei as lágrimas rolarem, eu não estava com coragem para voltar lá ou se quer falar com meu pai sobre isso. Porque se meu pai não sabe de nada disso, com certeza não iria acreditar em mim. Sem contar que Rafe com certeza manipularia meu pai para não acreditar em mim. Agora eu já sei meus pressentimentos ruins e o porque Sarah saiu de casa.

Ouvi a porta ser batida e limpei meus olhos, na tentativa de alguém não suspeitar que chorei. Provavelmente era Sarah e não queria que ela e nem ninguém me visse nessa situação. Levantei e abri a porta. Não era a Sarah.

— JJ? -perguntei, ao vê-lo escorado na porta me esperando com um semblante preocupado.

— Você tá bem?

— Tô, tô sim! -sorri forçado, ainda parada na porta.

— Você não tá nada bem, Brey! Você saiu de lá correndo querendo vomitar e agora tá chorando. -abaixei a cabeça. — Você não sabia de nada disso, né? -assenti, dizendo que não sabia. — E o que vai fazer? Não pode se casar com ele.