Um casamento&meio

Capítulo 19

Tudo o que eu me lembrava do dia anterior era eu ter adormecido na rede no peito de Jj, ainda na praia, e ser acordada com o sol invadindo meus olhos e me obrigando a acordar cinco e meio da manhã. E eu sorri, vendo ele dormir com todo esse sol após tanto cansaço, como ter jogado água nele na noite anterior enquanto ele brincava de me dar caldo; ter comido bastante morango com chantilly e pão com geleia; as bebidas que acabaram por ficarem quentes. Não posso esquecer de uma das melhores partes que foi quando nos jogávamos de costas nas ondas enquanto elas quebravam no raso e ríamos juntos.

Rir com ele era uma das melhores coisas, mas aquela risada sincera e que sai do fundo do pulmão enquanto seus olhos ficam com as rugas de tanto fazer essa ação, quando a boca aumenta e os olhos diminuem como se estivesse tentando enxergar algo de longe sem precisar enrugar a testa. E agora observando ele dormir com aqueles machucados me deu a sensação que posso ter o que eu sempre quis desde quando beijei a boca dele pela primeira vez. Viver minha vida livre surfando por todas as ilhas existentes com ele e nadar com tubarões, queimar os peixes em madeiras finas e viver em uma ilha qualquer que dê para nos abrigar.

Não sei se essa vontade ainda faz parte dele, sei que ele falava isso desde criança e despertava uma vontade em mim de viver isso com ele. Claro que John B era contra, assim como era contra todas as ideias loucas de Jj. Éramos crianças, mas queríamos muito aquilo. Ok, talvez isso seja exagero, mas será que vivendo essa vida aos poucos eu consigo ser livre? Mesmo que eu saiba que para fazer tudo isto eu teria que trabalhar toda manhã suportando o mau humor de Rafe.

Levantei devagar e eu estava suando, com a roupa rasgada de ontem e olhando pela câmera do meu celular, a maquiagem estava borrada. Então tirei tudo que ligava o corset e terminei de rasgar. Certeza que Rafe e Rose ficariam furiosos ao saber que estraguei esse vestido caro e de marca, mas que eu não estava nem aí e provavelmente não usaria novamente. Achei um pouco exagerado mesmo que eu tenha ficado bonita nele.

Ficando de short e corsert, com os pequenos seios levantados para cima e o short largo me dando maior conforto, me joguei no mar entre as ondas. Mesmo com o sal, já me acostumando com a quantidade que o mar oferece do mesmo, limpei os borrados da maquiagem tirando tudo o que tinha e molhando meu cabelo. Limpei toda a sujeira que fizemos e coloquei em umas sacolas plásticas para jogar fora onde eu achasse lixo, já que ali quase ninguém ia e não tinha nada que eu pudesse jogar fora.

Quem passasse por ali nunca imaginaria que passamos a noite juntos. Deixei em um perfeito estado como se nunca tivéssemos pisado os pés descalços aqui. O que indicaria isso seria apenas as pegadas. E deitei novamente, mas dessa vez fiz bastante movimento para que ele acordasse. Maybank se remexeu ainda de olhos fechados e passou os braços por baixo da minha cabeça sem dizer nada para que eu deitasse ali novamente e assim fiz.

— Você pode fingir que ainda está de noite e dormir mais um pouco? -sua voz era rouca. Como amo voz rouca ouvida pela manhã.

— Não posso, não. Estou com fome e minha barriga está roncando. -eu disse animada e acabamos por rir, porque minha barriga realmente roncou pela primeira vez naquela manhã.

— Tudo bem, então... -ele se levanta com cuidado. Levanto também, ficamos sentados. — Eu te levo para tomar café da manhã e depois para casa. Ou não quer ir para lá?

— Eu adoraria passar o domingo com você. Consigo? -sorri largo.

— Mas é claro que consegue. -ele aperta minhas bochechas. — Não precisa nem perguntar. -ele me sela. — Só não te beijo ou não me aproximo mais porque acabei de acordar. O meu bafo deve estar horrível.

— Achei que não ia perceber. -brinquei, abanando o vento indicando que havia um fedor. Ele empurra meu ombro de lado e rio.

— Saiba que a senhorita parece que comeu uma leoa para tá com o bafo dela. -ponho a mão no peito após sua fala, mostrando minha falsa indignação.