Capítulo 16

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JJ's POV

Eu não precisei me afastar dos meus amigos como John B disse que eu precisava para perceber de quem eu gostava, mas precisaram passar cinco meses para eu saber o que estava acontecendo com os meus sentimentos. Eu nunca soube lidar com eles, sempre fui muito cabeça dura com isso, admito. Todas as vezes que eu precisava demonstrá-los eu acabava fazendo merda, mas não porque eu queria e sim porque simplesmente acontecia. Acho que por eu viver minha vida toda com meu pai, um homem sem amor para dar e totalmente desorientado, que eu nunca aprendi como lidar com eles. Eu demorei muito para dizer à Kiara o quanto eu gostava dela e a queria por perto, ela precisou insistir para que eu demonstrasse e dissesse o que eu sentia. Fui muito cabeça dura! Para a Aubrey foi mais fácil porque eu disse por meio de cartas e por ter dito uma única vez quando éramos dois pré adolescentes. Acredito eu, que foi a única vez que disse que eu gostava de alguém sem fazer rodeios.

Kiara tinha terminado comigo definitivamente cinco meses atrás quando demorei dar a resposta para ela de quem eu realmente gostava, e eu percebi quem era a pessoa do jeitinho que John B me aconselhou. E eu achei que isso não aconteceria, não teria como e não fazia sentido na minha cabeça, mas acabou acontecendo. Eu estava tentando arrumar a televisão da minha casa depois de surfar, John B estava comigo e tentávamos fazer ela funcionar com vários tapas. Eu e o John B nunca tivemos televisão de tela plana, e um dia, no castelo, a televisão dele deu o mesmo pane e tudo o que foi preciso fazer foi a Aubrey dar um belo de um tapa na parte traseira da televisão. E era isso que estávamos fazendo e viemos fazendo todo esses anos quando a mesma dava um piti. E nessa noite, eu pensei nela, pensei que ela poderia nos ajudar a fazer funcionar com os tapas fortes e a raiva que só ela tinha quando algo dava errado, e aí eu sentei no meu sofá empoeirado.

John B perguntou o porque eu estava sentado com uma cara de bunda, mas para a minha defesa era uma cara bastante triste. Triste não porque eu percebi que eu gostava dela e lembrava de tudo o que passamos com cada detalhe, e sim porque fazia exatos cinco meses que ela não andava com a gente e eu não ouvia sua voz fina e rouca ao mesmo tempo. Eu descobri esse sentimento que eu sabia que tinha mas mesmo assim me deixava na dúvida, há duas semanas atrás e há duas semanas eu tinha medo de contá-la. Se quer tinha coragem de mandar uma carta como fazíamos ou mandar uma mensagem de texto, que com certeza seria eficaz. Sarah que entregou as duas cartas que eu a enviei quando a mesma foi visitar a irmã mais nova e a Aubrey, mas eu não conseguia pensar quais palavras usaria para dizer que eu gostava dela. Não sairia nem as palavras "É de você que eu gosto, Aubrey". Que vergonha!

John B me aconselhou para eu aceitar apenas a amizade dela e eu acidentalmente acabei contando a verdade para ele, que me prometeu que não contaria para ninguém que sabia, nem mesmo para Sarah. Pope e Kiara eram os únicos que não sabiam, e quem deveria contar era Aubrey mesmo. Então eu estava destinado a correr atrás, e eu queria mas não conseguia. Primeiro pensei que eu teria que conversar com Kiara e abrir o jogo, ela também merecia e estava magoada tanto quanto todos nós. Eu amo ela e ela merece a verdade, mas dessa vez tenho certeza que não a amo como antes.

— Você tem certeza que vai acabar tudo com a Kiara? -John B me perguntou pela última vez, parado com a twinkie em frente ao restaurante dos pais dela. Respirei fundo.

— Tenho! -disse convicto.

— Estarei te esperando caso precise de uma força. -ele disse e assenti saindo da kombi.

Com medo, porque seus pais me odeiam, adentrei o restaurante. Imediatamente Kiara virou-se para mim, parece que percebeu que alguém entrou, e seu olhar mudou para tristeza. A feição de deus pais não estavam nada boas, mas a do seu pai estava pior que a da sua mãe com um pano de prato no ombro e seus cabelos ondulados caindo em seus ombros. Mike, seu pai, segura seu braço e a chama quando ela estava vindo em minha direção.

— Você não tinha terminado com esse idiota? -o pai dela disse um pouco baixo, mas deu para ouvir perfeitamente. Visto que ele falava com ela mas olhando para mim.

— Me deixa, pai! -ela se solta e vem até a mim. — Vamos conversar lá fora. -ela disse sem me olhar e a sigo.

Paramos na parte de trás do restaurante, onde precisamos passar pela frente. A vista era o píer e a praia com poucas pessoas. Kiara estava de braços cruzados esperando a minha fala, enquanto eu estava nervoso, para variar.

— Vai falar algo ou não? Porque eu vou entrar. -ela apontou para o restaurante.

— É complicado dizer, mas... -disse assim que ela se pronunciou. Não queria ter vindo aqui à toa e não dizer nada. — Kiara eu gosto muito de você, muito mesmo. E vai ser difícil de te esquecer porque eu não quero virar as costas e fingir que a gente nunca existiu, principalmente nossa amizade. -comecei a dizer sem pensar, porque se eu pensasse eu pararia de falar. — E esse dois anos foram muito importantes para mim, mas antes mesmo da Aubrey chegar a gente vinha brigando por umas coisas tão bestas que meio que desgasta, ? -ela assentiu, ainda de braços cruzados. — Mas eu vim aqui pra te dizer antes mesmo da Aubrey que é ela, é dela que eu gosto mesmo e isso deve te machucar muito e eu te entendo, mas eu sinto que você precisava saber. E eu e ela não vamos ficar juntos porque ela com o Rafe, e eu não posso fazer muito. Mas também não posso ficar com você sabendo que gosto dela.

— E esse tempo todo você gostava dela? Tipo, enquanto estava comigo? -senti sua raiva.

— Não! -ela levanta a sobrancelha. — Não, quer dizer, sim. Mas era um sentimento morto, onde você não percebe que o tem até a pessoa aparecer. Me desculpa, Kiara, você não merecia isso. Eu nem pensava nela quando estávamos juntos, foi cento você.

— Eu acredito, foi realmente muito intenso. É, a gente já se gostava desde sempre, só não sabíamos. Eu ainda gosto muito de você. Na verdade eu ainda te amo, mas vou te respeitar porque é o seu sentimento e eu sei que você está sendo verdadeiro. -as lágrimas dela começaram a descer devagar.

— Você me odeia? -soltei minha cara triste, tinha que admitir que eu também estava machucado.

— Não, mas estou magoada. Mas não posso culpar nenhum de nós envolvidos na história. Só não consigo simpatizar com a Aubrey agora, ainda acho que ela tem culpa na história. Mas o que eu posso fazer? São meus sentimentos em jogo. -ela gesticulou as mãos.

Ignorei sua fala porque queria e precisava abraçá-la, então fiz. Ela chorou no meu ombro e eu deixei algumas lágrimas minhas descerem geladas em meu rosto, enquanto seu abraço era forte. Eu estava machucado porque tudo que vivi com Kiara foi verdadeiro e muito significativo para mim, mas agora eu precisava viver algo maior com o amor da minha vida, mesmo que em segredo. Talvez um dia possamos viver juntos sem esconder. Eu odiava ter que ser escondido, mas não quero ter que morrer por ela, porque isso definitivamente já seria seria exagero. Acho que... Acho não, tenho certeza que a única pessoa que eu morreria por, seria o John B. Meu melhor amigo, minha pessoa favorita, meu irmão. Ele só não poderia saber!

Kiara me soltou e sorriu, sorriu machucada, mas sorriu. Se afastou dizendo que nada irá mudar entre a gente e assenti dizendo que sim. E eu acredito nisso porque quando Kiara se recupera da dor e quando a pessoa é importante para ela, pode ter certeza que no final nada mudará. Kiara é verdadeira e dona de si, ela sempre sabe o que está fazendo. Entrei na kombi e John B já veio falar comigo.

— E aí, deu tudo certo? -ele me olhou do volante.

— Não, mas ela entendeu. Agora só o tempo dirá.

— É até estranho ouvir palavras sábias de você. -ele disse rindo e fiz careta. — E agora? Qual o próximo passo?

— Esperar essa festa kook que a Sarah te chamou e eu ir junto com vocês. -sorri amarelo.

— Eu não vou nessa merda. -John B reclamou.

— Ah, mas você vai, sim. Dessa vez não seremos penetras e sim convidados pela Sarah.

— Mas a Sarah não é a anfitriã, é a convidada também. O pai dela morreu, Jj, agora é o Rafe que manda lá. Tá tudo diferente. -John B disse ligando a kombi. — E a regra é bem clara: Convidado não convida.

— Que seja! Iremos nós três, esse vai ser o único jeito de falar com a Aubrey.

— Manda uma mensagem de texto, cara. É mais fácil. -John B reclama fazendo careta.

— Só segue meu plano, irmão. -disse certo do que eu estava pensando.

— Isso vai dar merda! -John B disse já voltando para casa.

Um casamento&meioWhere stories live. Discover now