Capitulo 3

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 Julguei, julguei por muito tempo quem colocava a sua vida em risco conscientemente, e cá estou eu na garupa de uma estranha.

Ela freia, propositalmente. Olha pra mim e sorri.

— Você já pode me soltar, gatinha. - Diz, sorrindo, com a língua entre os dentes. Reviro os olhos ao ver. — Merda! A livraria está fechada.

Rolo os olhos em negação, completamente furiosa. Ela parece perceber, então acaba se virando um pouco para me olhar.

— Olha só, não foi planejado. Desmancha essa cara feia, pelo amor de Deus! - Sua voz é impaciente, mas ela consegue equilibrar entre a impaciência e a doçura. — Não sei que medo bobo é esse.

Não? Você acha normal ficar numa garupa de desconhecidos? - Ergo as sobrancelhas, julgando-a,

Acho. - Ela dá de ombros. — Enfim. Pelo visto um livro eu não consigo te comprar, mas um lanche sim. Topa? - Seu sorriso de canto parece sincero e tímido.

Já estou em uma cidade diferente onde o meu sonho foi por água abaixo, neste exato momento estou com uma desconhecida. O que mais pode dar errado?

— Pode ser, já que você me fez deixar meu lanche pra trás. É o mínimo. - Rolo os olhos e suspiro impaciente com toda a situação.

Ela faz um percurso um pouco mais rápido desta vez. Solto uma pequena lufada de ar ao ler o nome do local. É uma cafeteria.

Prometi à minha mãe que jamais iria à uma cafeteria sem a sua presença. E cá estou eu, novamente, em uma.

Ela caminha na frente, mas algo a faz parar, me olha por alguns segundos e estende a mão e os nossos dedos se entrelaçam lentamente.

Vem! - Sua boca verbaliza.

Assim que entrei, fiquei imediatamente encantada com os detalhes fascinantes ao meu redor. As paredes de tijolos expostos davam um toque rústico e acolhedor, enquanto as prateleiras repletas de livros e plantas criavam uma atmosfera aconchegante e convidativa.

As mesas de madeira, cuidadosamente arrumadas, eram iluminadas por velas elegantes, espalhando uma luz suave e dourada sobre xícaras de café e chás. O aroma irresistível de café fresco pairava no ar, misturado com notas florais e terrosas que me envolviam.

A trilha sonora suave que preenchia o ambiente me transportava para um mundo de serenidade, enquanto os baristas, com sorrisos calorosos, transformavam cada bebida em uma verdadeira obra de arte, adicionando um toque de magia a cada xícara.

O cardápio oferecia uma seleção impressionante de cafés especiais, desde cappuccinos artesanais até lattes decorados com latte art. Enquanto eu saboreava meu café, observei as pessoas ao meu redor, algumas mergulhadas em leitura. Foi impossível não recordar-se da minha mãe. Ela iria adorar esse lugar, e provavelmente se tornaria o nosso favorito.

Aqui, a beleza e o aconchego se entrelaçam, proporcionando sensações indescritíveis.

Ao sair do transe, percebo que ela me encara como se tentasse descobrir o que estou pensando, afinal, estou quieta. E agora, reparando um pouco nessa desconhecida, percebo que os seus olhos são de um castanho-esverdeado, como duas jóias raras, destacando-se em sua pele morena. Eles parecem refletir a calma de um bosque sereno, transmitindo uma sensação de mistério e profundidade. E a cada piscar de olhos eu percebia que eles são ainda mais bonitos do que jóias.

Seus cabelos são de um castanho mel, caídos em ondas suaves pelos ombros, reluzentes ao sol.

Ela é fascinante.

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