Capítulo 27

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                           Floris.

— Calma, Floris! - Caio segura firmemente os meus dois braços, tentando me fazer respirar. — Você está surtando atoa!

Atoa? - vocifero, cerrando a mandíbula — Atoa porra nenhuma! - Me desvinculo dele, caminhando até a cama. — As duas saíram, foram jantar! Eu vi com os meus próprios olhos!

— E como você viu? Aliás, como você soube? - Ele ergue as sobrancelhas e depois semicerra os olhos. — Eu queria saber como você sabe cada passo dela. Isso é estranhamente perturbador, Floris.

— Perturbador, não. Isso se chama cuidado. Eu não quero que ela sofra mais do que já sofre.

— Como assim? - Caio junta as sobrancelhas, com a expressão confusa — O que está acontecendo que eu não sei?

— Como não? - Olho-o, completamente seria e brava. — O pai dela virou alcoólatra.

— Virou? - Gesticula com a mão — Ele sempre foi! A diferença é que Liya estava afundada demais pra perceber.

Estou inquieta, andando de lá pra cá. Não consigo mensurar o ciúmes que me invade em cheio. Eu não posso ser abusiva, e nem quero ser, mas a ideia de ter outra no meu caminho me aborrece.

Essa Alessa tem me irritado demasiadamente. O soco não foi suficiente. Mas eu também não posso cobrar, ou simplesmente exigir. Talvez seja amizade, ou talvez Liya seja ingênua o suficiente para não perceber as investidas dela.

— Mas agora ela percebeu e isso tem machucado ela.

— Tio Martins é realmente complicado. E por mais que ele esteja envolvido, a ausência de Lianna ainda é presente.

— Lianna? - Não imaginava que o nome das duas fosse tão parecido. Também não me recordo dela ter me falado o nome da sua mãe. — O nome das duas são parecidos. Quer dizer, um pouco.

— Lianna e Liya? Sim, porque não sei de onde ela tirou Maliya. Mas eu gosto do nome de Lili. - O sorriso que surge em seus lábios após a sua fala, me encanta.

Sei da amizade dos dois, e sei muito bem que, por mais que Caio esteja mais próximo de mim do que dela, Liya sempre será a sua protegida. Não há como não vê-la assim; como um bebê que necessita de atenção redobrada.

Liya é inefável.

— Eu só sei que me incomoda pra caralho a ideia delas estarem próximas. Eu não sei quais são as intenções daquela vagabunda.

— Você realmente está surtando.

— Talvez um pouco - Massageio minha têmpora, inalando todo o ar. — Mas eu vou tentar não maliciar.

— É pouco provável que a Liya esteja interessada nela. Ela nunca foi de ficar com ninguém, ainda mais agora.

— Como assim “ainda mais agora”? - Estreito os olhos, com uma das sobrancelhas um pouco erguida.

— Que está ficando com você, porra. Larga de ser lerda.

— Ah, tá! - Rio sem exibir meus dentes, ainda inquieta sobre tudo isso — Confio na Maliya, nela, não.

— Então você não confia - Ele dá de ombros — Se uma não quer, duas não fazem. É simples, Floris.

— Na prática, não. Te garanto que não.

                               ~*~

Liya me mandou mensagem, afirmando que o seu pai me convidou para um jantar. Ainda estou furiosa com o que vi, mas não posso demonstrar ciúmes, não agora. Quero vê-la, saber se está bem e depois enchê-la de beijos. Mas o medo de alguém já ter feito isso, me corrói.

Quase Confidencial - ROMANCE SÁFICO Where stories live. Discover now