Capítulo 29

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                         Floris.

        1 mês e duas semanas depois…

Cuidado, Liya! - exclamo, vendo-a pular de pedra em pedra. Às vezes ela esquece que quebrou o pé há um mês atrás.

Maliya! - O pai dela exclama logo em seguida.

Liya consegue preocupar todo mundo. A sua rebeldia me estressa.

— Já, já ela cai, ai ela toma jeito - sussurro para ele, que me olha e evita rir. — Não é praguejando, mas ela é muito teimosa.

— Eu tenho uma ótima audição, sabia?

Inexplicavelmente Liya está na nossa frente, com o cenho franzido em deboche.

— Engraçado que, quando estávamos pedindo para você tomar cuidado, você não nos ouviu. - Rolo os olhos, apoiando-me na pedra para sair da água. — Teimosa!

— Para de ser chata, eu só estava me divertindo! - Liya bufa em irritação. — Chata!

Pipipopopo - Irritá-la é a minha terapia — Só estava preocupada. Vem, vamos comer!

— Eu nunca comi camarão, será que posso comer? E se eu for alérgica? - Liya dispara perguntas uma atrás da outra. Pego um deles e coloco em sua boca. Ela mastiga lentamente, saboreando o gosto, me olha e sorri. — Que delícia! Quero mais! - Ela salta, caminha até o seu pai e pega um pedaço de limão.  — Sempre vejo as pessoas fazendo isso - ela diz, enquanto espreme o limão sobre os camarões. — Quer provar?

— Não, eu sou alérgica.

Liya parece não acreditar no que falo, ela vira-se lentamente para mim e me encara.

Sério? - Faço que sim com a cabeça — Que triste deve ser! É uma delícia! - diz, lambendo os dedos.

— Você acabou de provar, amor! - rio, com a mão sobre o rosto. — Acontece! - dou de ombros — Como você está se sentindo hoje? - Sento-me na cadeira, pegando um dos pratos disponíveis e colocando um pouco da farofa. Alcanço um copo e despejo um pouco de uísque. — Não invente de beber, viu? Você ainda está tomando antibióticos!

— Nem queria mesmo - disse Liya, com a voz triste — Quando você vai me apresentar a sua família?

Pigarreio, sentindo a comida entalar em minha garganta. Liya me olha assustada e me oferece um copo de água. Como explicar para ela que não será possível? Pelo menos não agora.

— Minha mãe viajou, e o meu pai vive ocupado, amor - Torço para que ela não insista. — Mas irei apresentá-los em breve pra você, tá bem? - Alcanço sua boca e deslizo meu dedo em seu lábio inferior, carinhosamente. — Prometo!

— Sei bem como é. - A entonação dela me faz acreditar que realmente não está chateada. — Deve ser difícil ter pais tão ocupados. Não há pressa, amor! Às vezes, a curiosidade para conhecê-los sobressai. Mas eu não quero te apressar, não. Aliás, poderíamos sair hoje?

— Pra onde você quer ir? - termino de mastigar, alcanço o copo e bebo um pouco.

— Jantar.

— Ótima ideia! Não estava a fim de cozinhar hoje.

— Você mal cozinha - Ela ergue uma das sobrancelhas, constatando a sua indignação com a minha fala — Vive de fast-food!

— É pra isso que serve o dinheiro.

Eu realmente não ligo em gastar com comida. Não vejo necessidade em fazer marmita e congelá-las. Não é o mesmo sabor, e eu também não tenho a minha mãe o tempo todo comigo. Prefiro comprá-las e saborear novos sabores. Mas eu também sou bastante chata com isso, até porque eu não sei quem realizou a minha comida. Costumo pedir, maioria das vezes, o mesmo prato de sempre.

Quase Confidencial - ROMANCE SÁFICO Where stories live. Discover now