Capítulo 31

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                            Liya.

Ontem, ao vê-lo, percebi que estava bastante… esquisito. Procuramos-o no quarto, mas não encontramos. Liguei não só uma, mas inúmeras vezes para ele. Não nos falávamos há dias, desde quando ele viajou. Misteriosamente ele sumiu. Não nos respondeu, sequer visualizou as minhas mensagens. Acreditei que ainda estava viajando.

Recebi uma mensagem de um número desconhecido com algumas fotos do Caio todo machucado e algumas mensagens ameaçadoras. Não pensei, apenas reagi imediatamente. Sai à sua procura, desesperadamente.

Ao entrar naquele lugar abandonado, o cheiro de mofo e o som do vento sussurrando pelos corredores vazios eram quase sufocantes. Meu coração acelerou ao avistar uma figura desfocada à distância. Corri, e ao me aproximar, meu estômago se retorceu. Caio, que eu acreditava que estava com sua avó esse tempo, estava ali, desacordado, jogado como uma marionete descartada.

Minhas mãos tremiam enquanto eu ajoelhava ao lado dele, tocando seu rosto pálido. Seu pulso era fraco, mas ainda pulsava, uma batida frágil que ecoava o desespero. Os olhos cerrados pareciam esconder segredos sombrios. Engoli em seco, tentando entender como ele tinha parado ali, nesta sinistra encruzilhada do abandono. Ontem, ele estava bem.

O desespero se misturou com um raio de esperança ao perceber que ele ainda respirava. Com delicadeza, chamei seu nome, implorando que acordasse. O silêncio era ensurdecedor, interrompido apenas pelos ruídos distantes de algo desconhecido.

Cada segundo arrastava uma agonia insuportável, enquanto eu tentava absorver a realidade deste acontecimento inesperado. A luz fraca que penetrava pelas janelas quebradas pintava sombras sombrias sobre nós. Aproximei-me, tentando protegê-lo daquela atmosfera hostil, questionando o que o tinha levado a este lugar abandonado.

— Caio! - chamei-o, a voz trêmula e carregada de medo — Caio!

Meus olhos vagueavam pelo lugar, eu temia que mais alguém estivesse aqui. Mas ao mesmo tempo eu não me importava. O meu único foco era ele.

Liya... - Sua voz emergiu fraca, como um sussurro perdido no eco do lugar abandonado. Ao ouvir meu nome escapando dos lábios dele, um misto de alívio e preocupação inundou meu ser. Seus olhos, ainda sem foco, abriram-se lentamente, revelando um lampejo de reconhecimento.

— Eu-eu não entendo… - Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto segurava as suas mãos geladas. — Precisamos sair daqui, vou te ajudar! - A fragilidade em sua expressão denunciava a angústia que ele enfrentava.

Envolvendo o braço de Caio ao redor dos meus ombros, tentei conduzi-lo para fora do lugar abandonado. Ao alcançarmos a entrada, uma voz conhecida cortou o silêncio tenso, me assustando.

— O que aconteceu?

Me pergunto o mesmo, Alessa. Eu não sei o que aconteceu. Até ontem ele estava bem.

— Eu não sei - estou soluçando, completamente inundada pelo medo. — Me ajuda a levá-lo, por favor, Alessa - Olho para Caio, que permanece apoiado em mim. Seus olhos quase fechando-se novamente. — Por favor! - vocifero.

Acomodamos-o no banco traseiro do carro de Alessa. O veículo, em um misto de alívio e ansiedade, começou a se mover depressa, afastando-nos daquele local sinistro. Durante o trajeto, Alessa olhou para mim com uma expressão que questionava o que havia acontecido.

— Depois eu te explico.

Eu não conseguiria explicar, na verdade não há o que falar.

                                ~*~

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