9 | Berlim

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Estou fodidamente atraído por Jimin Park.

A confirmação da sentença chegou cedo no dia seguinte, após a despedida naquele fim de tarde claustrofóbico. A ressaca emocional persistia, durando mais do que qualquer ressaca física. Enquanto eu dormia, percebi que Jimin não só tinha tomado meu espaço naquele armário, mas também se apossou sorrateiramente dos meus sonhos. Parece que até o sossego da minha mente não escapou ileso do furto impiedoso do destino.

Com um metro e setenta e três, cabelo de anjo, olhos amendoados, bochechas rosadas e porte escultural, Jimin Park personificou cada detalhe do meu sonho. Ele invadiu meu devaneio com um estilo impecável, vestindo um sobretudo bege, suéter de gola alta e calças justas. Estávamos em seu quarto, onde o suave som do jazz ecoava na vitrola vermelha.

Eu estava em sua cama, por algum motivo, descalço e sem camisa.

— Está com calor, Jungkookie?

Jimin se aproximava devagar, se livrando do sobretudo que deslizava de seus ombros com uma casualidade irresistível. Seu olhar, felino e levemente ingênuo, carregava um calor inegável. Um calor notável.

— Eu também estou com calor.

Engoli um seco, começando a me afastar. 

Ele se aproximava sorrateiramente, como uma sombra traiçoeira deslizando pelo breu, um espectro faminto à caça de sua presa indefesa. Naquele pesadelo, forcei meu corpo pela cama até minhas costas se chocarem contra a fria parede, o terror pulsando em minhas veias, prestes a desencadear um grito sufocado. Jimin avançava na minha direção, engatinhando pela cama com um sorriso malicioso nos lábios, destilando intenções obscuras como um veneno letal.

— Por que está fugindo, Jungkookie?

ACORDA!

— O-O que vai fazer comigo? — Indaguei, apavorado.

Jimin se aproximou o suficiente para sentar no meu colo.

Suas coxas exuberantes repousavam harmoniosamente em meu quadril, um convite tentador à luxúria. Meus dedos se fecharam ao redor de sua cintura, explorando a suavidade da curva que se formava entre eles. Uma onda de calor pulsante percorreu minha virilha, o sangue fluiu como mágica, se concentrando intensamente no meu pau.

— Eu que te pergunto — ele respondeu, com um tom malicioso e melódico que arrepiou minha espinha. Um suspiro escapou dos meus lábios quando ele se aproximou da minha orelha, sussurrando suavemente: — O que você quer fazer comigo, Jungkookie?

Acordei.

Abruptamente, meus olhos se abriram; enquanto pequenas gotas de suor se acumulavam em poças na minha testa. Minha respiração estava tão acelerada que parecia ter enfrentado uma maratona. Joguei os lençóis encharcados para longe e me deparei com uma ereção que desafiava a altura do Everest.

Mas que porra acabou de acontecer?!

Incredulidade e perplexidade me dominaram, apressadamente, fui em direção ao banheiro. Logo na saída, dei de cara com meu pai escovando os dentes. Seu semblante surpreso se desenhou em uma expressão boquiaberta ao me avistar.

— Você vai para a guerra?

— Pai! 

Suspirei, frustrado.

— Cuidado para não escorregar no próprio...

Bati a porta do banheiro.

Eu deveria estar radiante por ter vivenciado um sonho tão envolvente que me fez ter um orgasmo dormindo, seria melhor se eu não tivesse despertado e percebido que o protagonista desse enredo erótico era o filho do casal de milionários. Ele era, tecnicamente, meu ex-patrão e, ao mesmo tempo, meu parceiro em uma noite de cinema com Tim Burton. Uma noite que está prestes a acontecer no dia de hoje!

REFLEXOS • jikook (1988)Where stories live. Discover now