21 | Presente

480 64 148
                                    

Jungkook

1

Acho que eu e Jimin estávamos levando uma vida de recém-casados.

Naquela noite, quando o céu desabou sobre nós, acolhê-lo em minha casa de braços abertos me trouxe a convicção de que queria passar o resto da minha vida ao seu lado. Durante aquela noite fria, chorei em segredo por vê-lo tão abatido com toda aquela situação e por não achar que transbordar ainda mais tristeza do que já estava cheio pudesse melhorar algo; ele não merecia ser abandonado pelo próprio pai por gostar de alguém. Lágrimas inundaram como aquela chuva porque sua tristeza era minha tristeza também, mas, sobretudo, porque eu o amava.

Com isso reforçando uma das certezas que eu tinha sobre Jimin Park, o homem do tempo, deixei um beijo suave em sua testa enquanto ele dormia e segui em direção ao Jin's Jin's, meu local de renda fixa. Lá, ocasionalmente, questionei ao meu patrão como ele havia conseguido se casar com seu atual marido e meu grande ídolo.

— Conseguimos nos casar em Laguna, na Califórnia — ele explicou, brincando com um rato nas mãos. Por que as pessoas usavam aquela coisa como pet?

— Só é possível se casar lá?

Ele sorriu quando o ratinho começou a se remexer, sacudindo a mini-atadura enfaixada no seu mini-braço.

— Se o Jonnie ganhar, conseguirá legalizar o casamento em mais estados — ele falou — na verdade, conheço uma amiga que se casou com sua mulher em São Francisco.

Assenti, demonstrando compreender. Havia muitos protestos e movimentos LGBT naquela cidade, por isso não me surpreendi.

— Você está pensando em se casar? — Ele questionou, finalmente tirando os olhos daquele rato para me olhar.

Assenti de novo, me lembrando que meses atrás Charlie me dizia que estava na hora de me casar. Olha aonde chegamos, Charlie.

— Quero me casar com Jimin — falei, sentindo o sabor daquela palavra.

De que ele poderia ser meu marido, como eu seria o dele.

Mais tarde, depois de apertar um baseado com Charlie a espera de, até então, meu namorado que havia sumido sem deixar recado, percebi o quão ansioso me senti sem sua presença.

— Para debaixo do viaduto? — Jimin tinha me respondido ácido após confessar que tive medo dele ter ido embora.

Charlie começou a gargalhar, muito chapado. Tudo bem, talvez meu namorado estivesse um pouco rabugento. Eu não o culpava. Nada de muito bom vinha acontecendo para que ele não se sentisse estressado.

Tive medo de que ele tivesse retornado à sua antiga casa onde não era mais bem-vindo, o que me fez perceber que precisávamos de um lar para chamar de nosso. Algo que me desse a certeza de que ele sempre voltaria para mim no final do dia, com um sorriso no rosto e indagações sobre jantarmos em casa ou fora. Poderíamos tentar conseguir uma hipoteca para um imóvel; afinal, todo o meu suor estava guardado na conta poupança do banco. Apenas a espera de uma vida ao seu lado até morrermos.

— FELIZ ANIVERSÁRIO!

Quando voltei do Pet Shop fedendo a mijo de cachorro, fui surpreendido por uma explosão de confete na minha cara e uma vuvuzela no meu ouvido que, por sorte, era o ouvido surdo. Todos usavam chapéus de aniversário na cabeça, um arco de balões coloridos na sala chamava a atenção para o bolo de cereja escrito "Feliz 21, Jay Jay" o que, por pouco, quase me fez chorar. Era assim que meu pai costumava me chamar quando criança.

— Que a partir de hoje você tome jeito — tio Ben me recebeu com um tabefe na cabeça, depois um abraço muito apertado. Ele usava seu uniforme de policial, me fazendo supor que ele havia usado seu horário de almoço para estar ali.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Mar 16 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

REFLEXOS • jikook (1988)Where stories live. Discover now